Diego.
Vou até a sala da minha chefe, Carol, médica diretora do hospital, para perguntar se posso sair mais cedo e cobrir as horas depois. Dou duas batidas suaves na porta e espero. Ouço um "entre" e abro a porta devagar. Carol está sentada atrás de sua mesa, cheia de papéis espalhados, com uma caneca de café ao lado, revisando alguns documentos sob a luz fraca de um abajur.
— Oi, Carol, você tem um minuto? — pergunto, hesitante, tentando não parecer muito nervoso.
Ela levanta o olhar dos papéis, seus olhos demonstrando uma mistura de cansaço e curiosidade.
— Claro, o que foi? — responde, colocando os papéis de lado e se recostando na cadeira de couro.
— Eu queria saber se há alguma possibilidade de sair um pouco mais cedo hoje. Eu me comprometo a compensar as horas depois, talvez no final de semana ou em outro plantão — explico, tentando parecer o mais convincente possível enquanto mantenho meu tom de voz calmo.
Carol me observa por um momento, medindo minhas palavras. Ela é justa, mas rigorosa com horários e responsabilidades. Meu pedido não é comum, e sinto meu coração acelerar enquanto espero por sua resposta. O silêncio entre nós parece durar uma eternidade.
— Está tudo bem com você? — ela pergunta, seu tom mais suave, revelando um toque de preocupação.
— Sim, sim. É só que surgiu um compromisso pessoal urgente... — respondo, mantendo um sorriso calmo, mesmo sentindo a tensão em meus ombros.
Carol suspira, olhando para o relógio em seu pulso.
Ela considera por alguns segundos antes de finalmente responder:
— Ok, posso te liberar, mas quero que você compense essas horas até o final da semana, entendeu? E se surgir qualquer emergência, vou precisar que você volte imediatamente.
— Obrigada, Carol! Prometo que vou compensar tudo — digo, sentindo um alívio imediato, enquanto uma onda de gratidão me invade.
Saio de sua sala com um sorriso de gratidão no rosto, já planejando como ajustar minha agenda para cobrir as horas prometidas. Caminho rapidamente pelos corredores, o cheiro de desinfetante do hospital me lembrando da seriedade do ambiente.
Agora, com esse tempo extra, posso finalmente cuidar do meu irmão. Ao passar pela sala de oncologia, vejo Mariana conversando com uma enfermeira. Ela parece abatida, sua expressão pálida e cansada. Me aproximo devagar.
— Está tudo bem, Jabuticaba? — pergunto gentilmente, tentando não assustá-la.
Ela sorri timidamente ao me ver, mas seu sorriso não chega aos olhos.
— Eu só... sinto que a quimioterapia não tem dado certo — ela diz, seu olhar distante. — Vou precisar operar de novo. Sinto um aperto no peito, mas mantenho meu tom encorajador.
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O Universo entre nós
RomanceMariana, Diego e um céu infinito a ser explorado. Mariana, com um câncer terminal, e Diego, com uma vida saudável, se encontraram por um acaso que parecia predestinado. Apaixonada pelas estrelas desde a infância, Mariana sempre sonhou em ser astrôno...