Capítulo 1: Estrelas a serem descobertas

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Meu nome é Mariana Garnier, tenho 26 anos, e minha vida está marcada por uma batalha silenciosa contra um câncer terminal. Esta não é a história de uma vida comum; é a crônica de uma jornada inesperada e repleta de reviravoltas.

Antes do acidente que mudou minha trajetória, eu era uma estudante de astronomia com um futuro brilhante pela frente. Havia completado dois anos do curso e estava imersa em um projeto que prometia ser um marco: uma apresentação em 3D das constelações, recriando a beleza do cosmos com a precisão de uma artista estelar. Tudo parecia perfeito, até que um simples café, colocado descuidadamente ao meu lado, causou um desastre. O café derramou no projeto, e o choque elétrico resultante me deixou com queimaduras de 2º e 3º grau. A última coisa que vi antes de desmaiar foram as estrelas do meu projeto tomando conta da sala, uma visão que eu nunca esquecerei.

Fiquei em coma por mais de um ano. Muitos duvidaram da minha recuperação e os médicos cogitaram desligar os aparelhos, mas, contra todas as probabilidades, eu acordei. Agora, minha vida é uma série de visitas ao hospital e um constante ciclo de medicamentos. O câncer melanoma, um tipo agressivo que se desenvolve a partir dos melanócitos, tornou-se uma consequência inesperada desse acidente trágico. Embora os médicos tentem explicar, a ciência falha em oferecer uma resposta satisfatória para o porquê meu corpo tenha se revoltado dessa maneira. Fazem três anos desde que minha vida mudou para sempre.

Minha paixão por estrelas não diminuiu, apesar do que muitos possam pensar. A crença de que minha dedicação ao cosmos foi a causa de minha tragédia é um fardo que carrego. No entanto, essa paixão incandescente continua a queimar dentro de mim. Talvez o destino esteja me pregando uma peça, ou talvez seja apenas a vida mostrando que não há apenas coisas boas ou ruins. De uma coisa eu sei: não abandonarei meu amor pelas estrelas. Tenho fé que um dia, me tornarei parte delas.

Embora o câncer traga dores e desconfortos, e eu enfrente olhares de pena e compaixão, há algo positivo nessa situação. Ganhei a oportunidade de concluir minha graduação sem custos adicionais, uma compensação que veio de um erro que, na verdade, foi meu. Minha mãe tentou processar a faculdade, mas eu sabia que a responsabilidade era minha. Esses anos "gratuitos" vieram com um preço alto, mas também com um presente inestimável: minha formatura, um evento que celebrou minhas conquistas, apesar de eu ter desmaiado ao receber meu diploma.

Atualmente, moro em um pequeno apartamento no centro de São Paulo, uma cidade que amo. As ruas e prédios à noite são fascinantes, mas o que eu realmente desejo é viver em um lugar onde a poluição não obscureça o brilho das estrelas. Trabalhar em um planetário na cidade me permite continuar minhas pesquisas, mas o salário é modesto. Antes que minha história chegue ao fim, espero conquistar algo que sinta ser digno do meu legado.

Trabalhar no planetário era uma das poucas coisas que ainda me davam alegria. A equipe era pequena, mas o ambiente sempre me fez sentir em casa. Meu salário não era muito, mas era o suficiente para cobrir as despesas e me manter próxima ao meu verdadeiro amor: o cosmos.

O trabalho estava o mesmo de sempre, até que me deparo com um homem. Ele aparenta ter 28 anos e exala uma aura de mistério e intensidade. Seus cabelos escuros, quase negros, caem desordenadamente sobre a testa, acentuando a profundidade de seus olhos cor de mel que parecem guardar segredos insondáveis. Sua pele morena contrasta com o brilho enigmático de seu olhar, criando uma presença que é ao mesmo tempo atraente e inquietante. Ele é alto e tem um corpo forte e esculpido, mas há algo de sombrio em sua postura, como se estivesse sempre à beira de um pensamento profundo ou um desejo oculto.

- O que uma moça bonita como você faz aqui? - ele pergunta, com um olhar curioso e um tom de voz amigável.

Eu estava distraída ajustando os controles e, por um momento, não soube o que dizer. Finalmente, me recuperei e respondi:

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