Mariana, Diego e um céu infinito a ser explorado. Mariana, com um câncer terminal, e Diego, com uma vida saudável, se encontraram por um acaso que parecia predestinado. Apaixonada pelas estrelas desde a infância, Mariana sempre sonhou em ser astrôno...
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A noite foi longa, e sequer consegui dormir, com a mente fervilhando em pensamentos.
Acordei com o som irritante do celular vibrando na mesa ao lado. A luz da manhã já invadia o quarto, e o toque insistente me trouxe de volta à realidade. Peguei o celular com dificuldade, sentindo o peso da cirurgia recente no meu corpo. Na tela piscava o nome de Alex.
Suspirei antes de atender, tentando reunir forças.
- Mariana? Onde você está? O que aconteceu? Por que você não foi trabalhar? - A voz dele soava preocupada, quase apressada.
Fechei os olhos por um segundo, tentando manter a calma. Meu corpo ainda estava dolorido da cirurgia de emergência. Não queria explicar, mas não podia simplesmente ignorá-lo.
- Alex... Desculpa. Eu tive que fazer uma cirurgia de emergência ontem. Não deu tempo de avisar ninguém. - Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava.
Do outro lado da linha, houve uma pausa. Ele respirou fundo, provavelmente processando o que eu tinha acabado de dizer.
- Uma cirurgia? O que... O que houve? Você está bem? - A preocupação tomou conta de sua voz, agora sem qualquer sinal de impaciência.
Olhei para o teto do quarto hospitalar, sentindo a dor constante, mas suportável, no corpo. Lembranças da noite anterior me assombravam - os médicos, as luzes fortes da sala de cirurgia, a incerteza de como tudo acabaria. Ainda assim, estava aqui, viva.
- Eu estou bem, considerando as circunstâncias. Os médicos disseram que a cirurgia foi um sucesso. - Tentei parecer otimista, mas o cansaço transparecia nas minhas palavras.
Alex ficou em silêncio por um momento.
- Eu nem sei o que dizer. Por que não me avisou antes? Eu teria ido ao hospital.
- Foi tudo muito rápido. Nem eu tive tempo de processar direito. Mas está tudo bem agora. Minha mãe está aqui comigo. - Queria tranquilizá-lo, mas a verdade era que eu mesma ainda estava tentando acreditar que tudo estava bem.
- Você precisa descansar então. Vou falar com o pessoal no planetário, eles vão entender. - Ele hesitou antes de continuar. - Se precisar de qualquer coisa, me avisa, ok? Eu posso passar aí mais tarde.
- Obrigada, Alex. Eu aviso, sim.
Desliguei o telefone e coloquei-o de volta na mesa, olhando para o teto por um instante. O alívio de ter saído da cirurgia com sucesso era real, mas um peso ainda pairava sobre mim. Algo mais profundo, mais escuro, que eu não conseguia afastar. E o pior: eu sentia que isso estava longe de acabar.
Não muito tempo depois, uma mulher com um sorriso simpático adentra o quarto, segurando duas bandeiras de café da manhã.
- Bom dia Mariana, vim trazer um lanchinho para você e sua mãe - A mulher diz em um sorriso.
