Capítulo 18: O dia do acidente

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O Stalker

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A

essa altura, a tensão no apartamento deles deve estar palpável. Imagino a discussão acalorada que acontece agora, enquanto debatem a imagem borrada que capturaram nas câmeras de segurança. Foi um pequeno deslize, eu sei. Mas a máscara preta que usei fez o trabalho, preservando minha identidade. Não podem saber quem eu sou. Não ainda. A mistura de desespero e determinação deve preencher o ar, enquanto tentam entender como alguém conseguiu chegar tão perto sem ser notado. Eles não têm ideia de quão perto eu realmente estou, de quão longe estou disposto a ir para garantir que Mariana volte a ser minha.

Ela não se lembra, claro. Como poderia? O acidente apagou tudo, incluindo nós. Mas estivemos juntos na faculdade, nossas ambições unidas como um só corpo, um só espírito. O projeto que ela tanto almejava, aquele que definiria o auge de sua carreira, era algo que construímos juntos. Éramos inseparáveis. Ou, pelo menos, era o que eu acreditava. Eu a admirava como se ela fosse a estrela mais brilhante no firmamento da minha vida, aquela que eu jamais conseguiria alcançar, mas que nunca deixaria de perseguir.

O acidente mudou tudo. Mariana não se lembra, mas eu nunca esqueci. Em minha mente, revivo aquele dia repetidamente, cada detalhe gravado como uma cicatriz em minha memória. No laboratório, quando o calor da explosão invadiu a sala e as chamas começaram a lamber as paredes, eu estava lá. Esperei por uma oportunidade, uma chance de salvá-la, de ser o herói que ela jamais reconheceu. Mas algo dentro de mim quebrou quando percebi que, mesmo naquele caos, ela se virava para outro.

A química entre nós era real, inegável. Eu dedicava horas e mais horas ao seu projeto, alimentando sua visão, sua paixão, como se aquilo também fosse meu. E era. Mas Mariana, cegada pelo sucesso iminente, nunca viu além da superfície. Nunca me viu de verdade. E então, o descuido fatal: um copo de café, deixado ao lado do equipamento sensível. Não foi um acidente. Planejei cada detalhe, cada movimento. A ideia era simples - um pequeno incidente, algo que me daria a oportunidade de intervir e ganhar sua atenção. Mas as coisas fugiram do controle. As faíscas que saltaram do painel elétrico foram apenas o começo. Quando o fogo começou a consumir tudo ao redor, incluindo sua pele, algo dentro de mim se manteve frio, inerte. Eu não movi um músculo. Não quis. Ela precisava de mim, e eu precisava que ela soubesse disso.

Agora, Mariana está começando a juntar as peças, mas ainda não consegue enxergar o quadro completo. O gato morto que deixei na sua porta? Apenas uma mensagem. Um lembrete de que o passado nunca desaparece, e que o futuro dela sempre esteve, e sempre estará, nas minhas mãos.

E Diego... ah, o patético Diego. Acha que pode protegê-la, que pode ser o herói em sua história. Não faz ideia da verdade. Ele pensa que o sequestro de Daniel foi uma coincidência, um ato de violência aleatória. Mas Daniel foi cuidadosamente escolhido. Eu sabia que sua vulnerabilidade a atingiria diretamente. Ver Daniel em perigo foi um golpe calculado, desenhado para quebrar Mariana pouco a pouco, para fazê-la sentir o peso da culpa. Cada lágrima, cada momento de desespero dela alimenta meu propósito.

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