Conforme dirijo pelas ruas desertas, o silêncio entre nós começa a pesar. Mariana ainda parece abalada, e eu, apesar de tentar manter a calma, sinto o desespero por Daniel crescendo a cada minuto. Minha mente vagueia, pensando em onde ele poderia estar, no que poderia ter acontecido com ele. Mas tenho que manter o foco — primeiro, preciso garantir que Mariana esteja segura.
O celular vibra de novo. Espero que seja alguma notícia sobre Daniel, mas é outra mensagem de Gabriel.
"Diego, qualquer coisa que eu possa fazer à distância, me avise. Estou de plantão hoje, mas amanhã de manhã posso falar com você com calma."
A oferta de ajuda de Gabriel é reconfortante, mas não alivia a sensação de que o tempo está se esgotando. Respondo rapidamente:
"Obrigado, Gabriel. Qualquer orientação que puder me dar agora, será útil. O estado emocional do meu irmão está cada vez mais instável."
Envio a mensagem e volto minha atenção para Mariana. Ela olha para fora da janela, o reflexo das luzes da rua passando em seu rosto, o que a faz parecer ainda mais frágil do que eu imaginava.
— Mariana — começo, tentando encontrar as palavras certas. — Eu sei que isso é muita coisa para você processar agora, mas preciso que você se lembre... alguém fez alguma ameaça a você recentemente? Alguma coisa que possa explicar o que aconteceu hoje?
Ela leva um tempo para responder, como se estivesse organizando os pensamentos.
— Não, Diego. Nada assim. Eu... Eu não consigo entender por que alguém faria isso comigo. — Seus olhos estão fixos na estrada à frente, e ela parece perdida em seus próprios pensamentos.
Chegamos ao hotel. É um lugar modesto, mas discreto, o suficiente para mantê-la segura por algumas horas. Estaciono o carro e a ajudo a sair. Mariana ainda está tremendo, mas tenta disfarçar. No momento em que entramos, ela me puxa pelo braço.
— Diego, você acha que isso tem a ver com Daniel? — Sua pergunta me pega de surpresa.
— Não sei... Pode ser uma coincidência horrível, mas não consigo descartar essa possibilidade ainda — respondo, lutando para manter a calma. — Tudo está muito confuso.
Subimos até o quarto, e enquanto Mariana se instala, recebo outra ligação. Dessa vez, é meu pai.
— Diego, encontramos uma pista. Um dos colegas da equipe achou a bicicleta do Daniel perto do parque.
Meu coração dispara. O parque... é o lugar que eu tinha em mente mais cedo, onde costumávamos brincar quando éramos crianças.
— Estou indo para lá agora! — respondo sem hesitar.
Desligo o telefone e olho para Mariana.
— Preciso ir, encontraram uma pista de Daniel. Você vai ficar bem aqui por um tempo? — pergunto, preocupado em deixá-la sozinha, mesmo que por pouco tempo.
Ela assente, embora seus olhos ainda carreguem o medo.
— Vai, Diego. Vá encontrar seu irmão. Eu fico aqui.
Saio do quarto com pressa, minha mente dividida entre a preocupação por Mariana e o medo pelo meu irmão. As ruas estão ainda mais escuras agora, quase como se a cidade estivesse se fechando ao nosso redor. Dirijo em direção ao parque, tentando acalmar minha respiração e me concentrar no que preciso fazer.
Quando chego ao parque, vejo dois carros da polícia estacionados perto de um dos portões laterais. Meu pai está lá, conversando com um dos agentes. Corro em sua direção.
— O que encontraram? — pergunto, mal conseguindo esconder minha ansiedade.
— A bicicleta dele estava caída ali, perto do lago — ele responde, apontando para uma área mais afastada, onde a escuridão parece ainda mais densa.
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O Universo entre nós
RomanceMariana, Diego e um céu infinito a ser explorado. Mariana, com um câncer terminal, e Diego, com uma vida saudável, se encontraram por um acaso que parecia predestinado. Apaixonada pelas estrelas desde a infância, Mariana sempre sonhou em ser astrôno...