Capítulo 10: O gato

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Eu me sentia impotente de ajudar meu irmão, queria poder fazer mais, queria que a situação fosse diferente, mas eu simplesmente não sei o que fazer.

Então me lembro de um antigo amigo, um psiquiatra do hospital em Milão, Gabriel Antonelli. Eu acompanhei o trabalho dele algumas vezes, com pacientes em estado de depressão severa devido ao câncer. Trabalhamos juntos algumas vezes, decido enviar uma mensagem a ele. Pego o telefone, e procuro na caixa de mensagens seu contato.

" Fala meu amigo, há quanto tempo não nos vemos! Eu precisava de um favor seu, está disponível?"

Envio a mensagem e aguardo seu retorno.

Volto para o quarto de Daniel, e para minha surpresa, ele não estava mais lá. A janela estava aberta e as cortinas balançavam com o vento da rua.

- Mãe! - Grito em desespero.

Ouço seus passos pesados se aproximando do quarto e sua expressão se enrijece.

- Por que você está gritando Diego? O que foi?

Logo ela entende, Daniel havia fugido.

Desço as escadas em um rompante e saio pela porta da frente, quase tropeçando nos degraus. A rua está deserta, e o silêncio da noite é interrompido apenas pelo som distante de um carro passando. Começo a andar rapidamente, os olhos vasculhando cada canto, cada sombra, esperando encontrar Daniel. Minhas mãos estão tremendo, e a preocupação cresce dentro de mim como um nó apertado no estômago. Tento pensar como ele - para onde ele iria? O que ele está sentindo?

Caminho algumas quadras, meus passos se tornando cada vez mais apressados, mas não vejo sinal algum dele. O pânico começa a crescer dentro de mim. Eu o chamo, minha voz ecoando pelas ruas vazias.

- Daniel! Daniel, onde você está?

Mas a única resposta que recebo é o som abafado do vento e o ocasional latido distante de um cachorro. O frio da noite parece se intensificar ao meu redor, cada segundo sem encontrar meu irmão é um peso esmagador em meu peito. Tento não pensar no pior, mas é impossível afastar os pensamentos sombrios que me invadem. E se algo aconteceu com ele? E se ele está perdido, assustado, sem saber o que fazer?

Dou a volta em outra esquina, entrando em uma rua mais escura. Meus olhos estão começando a se acostumar com a escuridão, e continuo chamando por ele, minha voz cada vez mais desesperada.

- Daniel! Por favor, me responde!

Minha mente corre com possibilidades, tentando lembrar os lugares favoritos de Daniel, os locais para onde ele poderia ter fugido para ficar sozinho. Lembro-me do parque próximo de casa, onde costumávamos ir quando éramos mais jovens. Talvez ele tenha ido para lá? Mas e se não? E se ele tiver ido para algum lugar que não consigo imaginar?

Meu telefone vibra no bolso, me tirando dos meus pensamentos. Tiro o aparelho rapidamente, esperando que seja alguma notícia sobre Daniel. É uma mensagem de Gabriel Antonelli.

"Oi, Diego. Claro que estou disponível para ajudar. Conte-me o que está acontecendo."

A resposta de Gabriel me traz um misto de alívio e frustração. Tenho ajuda, sim, mas ainda não encontrei Daniel. Com dedos trêmulos, respondo rapidamente:

"Gabriel, meu irmão está em uma situação complicada. Fugiu de casa e estou tentando encontrá-lo. Ele está muito mal, estou com medo do que possa fazer."

Envio a mensagem e continuo caminhando, cada vez mais frenético, meus olhos percorrendo cada sombra, cada canto da rua. Cada minuto que passa sem encontrar Daniel aumenta meu desespero. O pensamento de que ele está lá fora, sozinho, me consome, e a culpa pesa como uma âncora em meu peito. Eu deveria ter percebido que ele estava piorando, que precisava de mais ajuda do que estávamos dando.

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