15 - Marés

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"Você vai morrer e não vai pro céu, é bom aprender, a vida é cruel" — Titãs, Homem Primata


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Yasu Kato - Passado
3 dias atras


            A LUZ OFUSCANTE ME ENVOLVEU completamente, e ao abrir os olhos, percebi que não estava mais na cela escura onde Orochimaru me mantinha prisioneira. Ao invés disso, me vi cercada por uma floresta densa.

As árvores altas balançavam suavemente com a brisa noturna, e a lua cheia iluminava o caminho à minha frente. O silêncio só era interrompido pelo farfalhar das folhas que caíam ao redor, como se me convidassem a seguir em frente.

Eu sentia o chão de terra úmido sob meus pés descalços e, a cada passo, um leve murmúrio preenchia o ar, como uma canção antiga, sussurrada pelas árvores. A melodia era suave e quase angelical que me atraía como se tivesse sido composta apenas para mim.

Eu seguia o caminho das folhas instintivamente, como se já soubesse para onde me conduzir.

No fundo, algo me dizia que aquilo não era um sonho, mas sim uma conexão, algo profundo e íntimo. E então, à medida que o caminho se alargava, eu a vi.

Ela estava parada ali, no meio de uma clareira iluminada apenas pela luz das estrelas, sentada na beirada de um riacho enquanto seus dedos brincavam na agua.

Sua pele era tão branca quanto a própria lua que nos observava de cima, contrastando com seus olhos escuros e afiados como lâminas, além de seu cabelo curto e negro, que dançava ao ritmo da brisa.

Os labios vermelhos e carnudos estavam enrugados enquanto ela ditava a melodia que eu ouvia antes.

Eu reconhecia ela de algum lugar.

— Quem é você? — Perguntei, me aproximando lentamente e vendo que o murmuro parou, apenas para ser substituído por uma risada fraca.

— Não me reconhece? — Ela questionou ainda de costas, sua voz soando doce e então eu percebi, arqueando as sobrancelhas surpresa.

Kuzunoha.

Ela não precisava dizer mais nenhuma palavra. Eu sabia quem ela era, a presença dela sempre esteve comigo mesmo nos momentos mais silenciosos e dolorosos. Mas agora, vê-la diante de mim na sua verdadeira forma, era ao mesmo tempo fascinante e aterrorizante.

— Kuzunoha... — Murmurei, sem conseguir esconder o tremor na minha voz ao mesmo tempo em que me aproximava mais de onde estava.

Ela virou-se e me olhou por cima do ombro com uma mistura de tristeza e angústia. Sua presença era tão poderosa quanto frágil, como se a qualquer momento pudesse se dissipar. Ela deu um passo à frente levantando-se rapidamente, sua voz suave, porém pesada com o cansaço.

— Yasu...— Sorriu, segurando minhas mãos com firmeza e então percebi o quão geladas elas estavam. — Eu estou muito fraca, não se assuste. — Ela falou, sua voz ecoando como um sussurro no vento e dando de ombros lentamente. — Estou usando o que resta para falar com você desta forma.

Meu coração apertou ao ouvir suas palavras, uma sensação de perda iminente tomou conta de mim.

— E por que...Assim? — A olhei de cima para baixo notando o kimono antigo que ela usava.

— Não gostou? — Brincou, me fazendo sorrir e concordar com a cabeça. — Desculpe por ter ficado tanto tempo em silêncio. Te deixei sozinha... — Ela continuou, seus olhos caindo brevemente, como se sentisse o peso da culpa. — Eu pensei que, ao me calar, guardaria força suficiente para o momento certo. Mas eu estava errada...

Save me, Hatake - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora