Save me, Hatake - Kakashi Hatake

16 - Instinto

"O que é um rei para um Deus? O que é um Deus para quem não crê em nada?" — JAY-Z, Kanye West, Frank Ocean — No Church in the Wild

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Yasu Kato - Passado
2 dias atrás

O AR DO ESCONDERIJO DE OROCHIMARU estava saturado com um cheiro metálico e úmido. Cada respiração era como engolir ferrugem, um lembrete constante da opressão daquele lugar. Meus pulsos estavam inchados e doloridos, marcados pelas amarras que me mantinham presa há meses. O silêncio pesado e abafado era quase insuportável, como se eu estivesse mergulhada em um pesadelo do qual não sabia como acordar.

A porta rangeu lentamente ao se abrir, e antes mesmo de vê-lo senti sua presença.

Orochimaru entrou com passos lentos, o som de seus calçados ecoando pela sala. Ele caminhava com uma calma perturbadora com sua silhueta esguia se aproximando.

Seus olhos penetrantes encontraram os meus, frios, calculistas, como se eu fosse apenas mais um de seus experimentos ou um enigma a ser decifrado.

— Yasu... — Sua voz deslizou pelo ar, gélida, carregada de expectativa. — Quando vai ceder? — Ele inclinou a cabeça, um sorriso perverso se formando em seus lábios. — Você sabe que não pode resistir para sempre. Se entregar é a única saída.

Ele apertou mais as amarras em meus pulsos, seus movimentos metódicos enquanto minha mente calculava.

Katsuo e Kabuto não estavam ali. O cômodo estava vazio além de nós dois, e isso significava que talvez eu tivesse uma chance.

— Não tente provar que é forte — Ele continuou, sua mão descendo até meu tornozelo. — Já está tão fraca... Não tem mais por que lutar. Deixe-se ir.

A dor em meus membros, o frio da sala, e o brilho cruel dos instrumentos de tortura sobre a mesa de metal eram como facas no meu corpo. Meu coração batia rápido não só por medo, mas pela urgência de fazer algo.

Eu precisava escapar, e para isso precisaria de alguma daquelas ferramentas.

— Você já sabe minha resposta. — Minha voz saiu firme, mesmo que por dentro eu sentisse a tensão crescente.

Orochimaru riu de forma ameaçadora, a língua deslizando pelos lábios como a de uma serpente ao mesmo tempo em que me observava.

— Então podemos começar. — Ele pegou uma seringa de sua mesa, preenchendo-a com um líquido verde que borbulhava. Cada movimento dele era um jogo de poder, cada segundo parecia uma tortura psicológica.

Ele se aproximou de mim, seus olhos avaliando meu corpo como se conseguisse ver o chakra enfraquecido fluindo. Eu sabia que o momento de agir estava próximo, mas o medo tentava se infiltrar em minha mente, algo que temia que acontecesse.

— Kuzunoha já está fraca... — Orochimaru murmurou, enquanto cutucava a seringa. — E você também, assim como sua amiga.

Minha mente congelou por um instante, me fazendo arquear levemente as sobrancelhas.

Amiga? Quem ele queria dizer?

A dúvida ameaçou me consumir, mas rapidamente abafei o pânico. Precisava me manter focada.

— Quem...Quem era ela? — Perguntei, minha voz saindo mais firme do que eu esperava, mas cheia de incerteza.

Ele sorriu satisfeito com a minha reação. Mas antes que pudesse responder, um som ecoou afastado de onde estávamos, algo no esconderijo o distraiu e seu corpo parou por um breve momento junto de seus olhos que estreitaram-se olhando em direção ao barulho.