11 - Delírio

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"Eu só quero viver em paz, e ser tratado de igual para igual. Pois em troca do meu carinho e do meu amor, eu quero ser compreendido e considerado. E se for possível, amado" Jorge Ben Jor, Charles Jr.

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Yasu Kato
Passado - 3 meses atrás


                O CHÃO EM QUE ESTAVA SENTADA PARECIA MAIS GELADO AGORA, enquanto roía as unhas desesperadamente tentando me manter acordada. Eu me machucava, arrancando pelinhas que sangravam levemente meus dedos para sentir algo além do medo. O som alto das correntes se batendo me assustava vez ou outra, me ajudando a permanecer alerta.

Eu não podia fechar os olhos; as vozes estavam por toda parte, mesmo acordada. Precisava me distrair de alguma forma.

Já não sei mais quando Kuzunoha fala comigo ou quando alucino e sonho com outras coisas... Parece que a qualquer momento posso explodir, e isso faz parte do plano de Orochimaru. Ele está conseguindo.

Mas o que exatamente? Que eu fique completamente louca falando sozinha? Não. Com certeza há mais por trás disso, porém, nesse estado, não vou conseguir descobrir nada.

Suspirei, tombando o corpo para frente e para trás, enquanto minha mente viajava em diversas possibilidades e teorias que poderiam acontecer ou não. Às vezes, sentia que realmente estava louca por tantas coisas que já vieram à minha cabeça, mas não posso deixar de imaginar que todas elas podem ser, de fato, reais.

Gemi baixo ao arrancar mais uma pelinha de meu dedo e encarei o machucado recém-feito, observando o sangue escarlate escorrer lentamente, refletindo um brilho sutil.

Fuja, você precisa fugir! — A voz de Kin ecoou pela minha mente novamente junto de flashes diferentes do que já tinha visto. — Não fique parada, faça algo!

O sangue continuava escorrendo pelo meu dedo e, quando pisquei, vi a imagem de duas raposas se encarando, mas foi tudo tão rápido que mal consegui reconhecer, nem mesmo cerrando os olhos para tentar enxergar melhor.

Você está em chamas.— Sua voz soou mais doce agora, como se tentasse me acolher, ao mesmo tempo em que a imagem mudava e eu me via em frente a um espelho.

Ao meu redor havia fogo, muito fogo. Meu reflexo chorava enquanto se debatia contra o vidro, que parecia estar começando a se partir e quebrar a cada soco que eu dava.

— Queime, Yasu. — Arregalei os olhos reconhecendo essa voz. Era de meu avô. — Coloque o mundo em chamas.

Observava o homem na minha frente e, de repente, toda a sala escura, fria e vazia desapareceu, substituída por um lugar acolhedor. Era um campo repleto de flores: margaridas, lírios, petúnias. Havia uma pequena fogueira no chão, onde o mais velho estava sentado.

Meus olhos lacrimejaram instantaneamente ao notar sua presença e tentei me levantar, sentindo as pernas fraquejarem por conta da fraqueza e nervosismo juntos. Mas consegui, ao mesmo tempo em que lágrimas escorriam pelas minhas bochechas.

Ojichan? — Questionei, dando passos lentos em sua direção. — É você mesmo? — Ainda era difícil de acreditar; minhas mãos tremiam junto de minha respiração acelerada.

— Você continua curiosa. — Respondeu com um sorriso em seu rosto, seus olhos se fechando por um breve momento antes de me olhar novamente.

Era real, era ele, eu sabia disso.

Podia sentir a brisa suave em meu rosto junto da grama batendo em minhas pernas e mãos. O cheiro da madeira queimando se misturava pelo ar, mas não era incômodo.

Save me, Hatake - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora