Quando tudo começou

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Estou sentado no quarto da Eva, olhando para o teto.

Nunca pensei que um dia teria que escolher entre meu amigo e meu trabalho, mas no final eu cheguei a uma decisão.

Nick cometeu um erro e eu tenho certeza de que ele conhecia as consequências de suas ações, além de que esse não é o primeiro erro dele.

Ele é meu amigo, mas não é minha responsabilidade. Amanhã de manhã, eu vou ligar para o Dmitry, mas eu só estou com medo de uma coisa.

Que eu vou ter que deixá-la ir.

Ainda há tempo, a reunião é daqui a um mês, Dmitry pode esperar, certo? Mas essa é a decisão da Eva, eu vou perguntar a ela o que ela quer fazer.

É escolha dela.

Eu estou esperando por ela há uma hora. Ela está com a Emma no quarto dela, o Niko a está levando para sair esta noite, e ela disse que precisa ter uma conversa de garotas, como se fosse a primeira vez que vai sair com ele.

Coisa estúpida. Eu estava um pouco cansado, então deitei na cama dela.

O travesseiro dela cheira exatamente como ela.

Fechei os olhos apenas para descansar um minuto e, antes que eu percebesse, adormeci.

Acordei na manhã seguinte com um corpo pequeno e quente em cima de mim, a cabeça dela estava enterrada no meu pescoço e os braços dela estavam ao redor das minhas costas.

Beijei a têmpora dela enquanto tentava me levantar, mas ela não me deixou. 

— Muñeca, você me surpreende. 

— Cala a boca e volta a dormir. Estou confortável demais para levantar — ela disse com a voz abafada.

Peguei meu celular na mesa de cabeceira; eram sete da manhã.

Comecei a brincar com o cabelo macio da Eva, esperando minha pequena bela adormecida acordar, e finalmente, depois de duas horas inteiras, ela retirou a cabeça do meu pescoço e se levantou de cima de mim.

— Você sabe que precisamos conversar, certo? — eu disse, colocando minhas mãos na parte de trás do pescoço dela. Ela acenou com a cabeça.

— Posso ir ao banheiro primeiro? 

— Claro, eu estarei te esperando no meu quarto. 

— Ok. 

Fui para o meu quarto para fazer o que precisava no banheiro, coloquei meu uniforme e me sentei na cama esperando por ela.

Ela está demorando tanto. Finalmente, depois de dez minutos, ouvi uma batida na porta.

Abri e encontrei Eva na minha frente, vestindo uma camiseta branca com calças pretas e um par de chinelos vermelhos, fofa.

Ela entrou e eu fechei a porta atrás dela. Sentei na cama e gesticulei para ela se sentar entre minhas pernas.

Coloquei minhas mãos no cabelo dela e perguntei: 
— Eva, quantos anos você tem? 

Ela soltou uma risada suave; droga, a risada dela é como música para meus ouvidos.

— É isso que precisamos conversar? 

— Fique quieta e responda. 

Separei o cabelo dela em três partes e comecei a trançar. 

— Dezenove, e você? 

— Vinte e quatro. Você faz faculdade? 

— Não, meu pai não deixou. Ele disse que eu já aprendi o suficiente e que minha educação não é tão importante na minha situação.

Droga, você chama isso de pai? Mas isso acabou sendo vantajoso para mim.

— Ok, última pergunta: você quer voltar para a Rússia? 

Ela virou a cabeça para me olhar. 

— Eu não sabia que você ficou entediado de mim tão rápido. 

Que diabos, desci para o chão, sentando ao lado dela.

Segurei o rosto dela entre minhas mãos. 

— Eu nunca vou me entediar de você, bruxa. Eu só ia ligar para seu pai hoje para falar sobre o Nick, mas se eu contar a ele, acho que você vai ter que voltar para ele, e eu não quero que isso aconteça.

— Eu... não quero voltar para ele, Armando. Sim, ele é meu pai, mas ele nunca me mostrou nenhum afeto. Mas... se voltar para lá ajudar no seu plano, então acho que vou ter que ir arrumar minhas malas.

— Não, Eva, você nunca vai deixar esse maldito lugar... eu vou encontrar uma solução, ok? Não pense nisso, muñeca. 

Lágrimas começaram a cair dos olhos lindos dela, e eu a abracei com força.

Eu nunca vou deixá-la ir. Eu vou cuidar dela.

Prometi a ela que encontraria uma solução, e eu vou. Ela nunca vai deixar este lugar contra sua vontade.