Capítulo 15

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- O que vão pedir, crianças? - Sfiha perguntou.

- Eu vou ter que pagar? Porque tô meio sem dinheiro.

- Lyra! Mas que modos são esses? - minha tia disse, indignada.

- Ah, tia, o Sfiha já tá acostumado mesmo, né não?

- Não se preocupe Lyra, eu que vou pagar tudo - ele disse.

- Então tá beleza. Garçom! Olá. Olha, de entrada eu vou querer essa salada estranha aqui, aí depois esse risoto bonito aqui da foto, aí depois eu quero um cordeiro ao ponto, e pra terminar esse sorvete de frutas vermelhas. Ai moço, eu amo sorvete, sabia?

- Lyra, ele não quer saber.

- Ah, cala a boca, David. Eu estou conversando com o garçom. Então... é que assim, eu estou aqui, nesse jantar, obrigada. Eu não estou por vontade própria. Me obrigaram a vir aqui. Então é bom que essa comida esteja boa, ok? Obrigada.

Nós comemos e eu pedi pro cara fazer uma marmita pra mim, com mais um pouco do risoto. Ah, eu não sou de ficar com fome não. Eu queria comer lá, mas minha tia queria ir embora! Pedi a marmita, ué.

- Aiminhanossasenhora - Sfiha disse, ao olhar a conta. - Eu posso parcelar isso em quantas vezes no cartão?

- Nós não estamos aceitando cartão no momento, senhor. A máquina está com problema.

- Fodeu - ele disse, baixinho. O Sfiha começou a mexer na carteira. - Arham, é... aceita cheque?

- Não. No momento, apenas dinheiro.

- Pois é, só que isso aí eu não tenho.

- Ai, eu tenho. Toma aqui ó. - A tia Josie colocou o dinheiro na mesa. - Tem gorjeta aí pra você, moço. Vamos, crianças.

Nos levantamos e seguimos para o jipe do Sfiha. Sim, a gente tinha vindo para um restaurante chique de jipe. Minha tia achou alguém mais louco (louco no sentido de... sem noção mesmo) que ela.

- Por que você pagou? Eu disse que iria pagar!

- Mas a gente não pode pagar quando não tem dinheiro, Sfiha - o lembrei.

- Fica quietinha, Lyra. Essa conversa é entre adultos!

- Você não manda a minha sobrinha ficar quieta! Só eu tenho esse direito! - minha toa me defendeu.

- É! - falei.

- Lyra, cala a boca. Eu e o Zaffir estamos tendo uma conversa.

Querem me ignorar? Tá bom. Beleza. Eu nem queria vir mesmo. Olhei pela janela e encontrei a cafeteria da vó do Greg a dois quarteirões. Uh, tive uma ideia! Coloquei meu corpo até a cintura para fora da janela, me segurei no teto do jipe, passei a perna esquerda e depois a direita e... Pronto! Saí desse inferno! Mandei um tchauzinho pro David, que estava tentando fazer o mesmo. Mas como eu sei que ele é muito travado e vai acabar chamando a atenção da tia Josie e do Sfiha, eu larguei ele lá sozinho. Entrei na cafeteria e quem estava lá? Chris! Achei que ele só trabalhava de manhã, mas ok. Vou ter que vê-lo! Eu não sei nem porque essa cafeteria tá aberta!

- Oi - falei e peguei o cardápio.

- Oi. É... O que vai querer?

- Waffles com sorvete.

- Não tem isso no cardápio.

- Mas tem waffles e tem sorvete. Você poderia juntá-los pra mim?

- Se você me responder o porquê de ter fugido do nosso encontro. E não adianta dizer que é travesti, porque eu sei que é mentira.

- É só que... suas ideias não bateram com as minhas.

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