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   𝐴s memórias do passado eram como nuvens escuras que pairavam sobre mim, uma presença constante que nunca se afastava. Eu caminhava pelo caminho de pedras que levava ao palácio, cada passo acompanhado pelo peso das obrigações e das lembranças antigas que, como sombras, me seguiam. O palácio, com suas altas torres e paredes de pedra fria, era um símbolo de poder e tradição, mas também um lembrete das cicatrizes que eu carregava. Governar Baekje ao lado de Changbin era uma honra imensa, um legado deixado por nosso avô em suas últimas palavras escritas num pergaminho amarelado pelo tempo. No entanto, essa trajetória não fora simples, repleta de feridas invisíveis que ainda ardiam em algumas noites silenciosas, quando a solidão se tornava insuportável.

Meu pai, Dooshik, era uma figura que eu ansiava esquecer, mas cuja influência nunca se dissipava. Ele não era apenas um tirano; era um homem cuja crueldade se manifestava em cada ação, em cada palavra. Sua sede por poder e controle transbordava em todas as áreas de sua vida, como um veneno que contaminava tudo ao seu redor. Minha mãe, uma mulher de graça e força, havia sido uma vítima de sua brutalidade. A lembrança dela, sempre tão vibrante e cheia de vida, agora era ofuscada pela dor de sua ausência. Ele a levou de nós, deixando um vazio que nunca poderia ser preenchido, um abismo emocional que eu lutava constantemente para não cair.

E mesmo a mãe de Changbin, uma serva na época, havia sobrevivido apenas por causa da intervenção de nosso avô. Ele era um homem que tentava corrigir os erros que Dooshik cometera, buscando redimir-se através de nós, seus netos. A história de nossa família estava entrelaçada com traições e sacrifícios, e eu me perguntava se conseguiria romper essa corrente.

Crescer sob a tirania de Dooshik era como viver em meio a uma tempestade interminável. Por mais que tentássemos agradá-lo, ele sempre encontrava uma maneira de nos desmerecer. Changbin, embora mais velho e teoricamente mais preparado para lidar com a situação, também sofreu profundamente. Para ele, era como se fosse um filho ilegítimo, um constante lembrete do "erro" que nosso pai sempre mencionava. Mas, para mim, ele era meu irmão, meu confidente, alguém que compreendia a dor que dividíamos. Lembro-me de nossas conversas à noite, quando partilhávamos nossos medos e sonhos, tentando encontrar um pouco de esperança em meio a tanto desespero. Ele frequentemente se sentia culpado e insuficiente diante de mim e de Dooshik, assim como sua mãe. Ela foi forte por aguentar as maldades cometidas pelo homem. Ela sofreu das piores formas possíveis, mas não desistiu de seu filho, e também não desistiu de mim. Ela é um refúgio para nós dois. Mas agora ela está no Japão, vivendo muito melhor e se sentindo mais viva. Eu tenho orgulho e me inspiro na coragem dela.

Em algumas noites silenciosas, eu me questionava se algum dia conseguiria romper as correntes invisíveis que Dooshik havia colocado ao meu redor. O receio de me tornar como ele, de herdar sua crueldade, sempre me acompanhava, um sussurro sombrio nas profundezas da minha mente. Esse temor guiava muitas de minhas decisões, levando-me a ser um rei mais compassivo, um líder que priorizava a justiça e a bondade. Eu queria ser diferente, queria ser um farol de esperança para meu povo, mas a dúvida sempre estava ali, como uma sombra persistente. Certamente sabendo que nunca seria como meu avô foi. Ele gerenciou três reinos, todos em uma só vida, ele praticamente mudou a vida de muitos coreanos por aqui. Ele era invejado, bonito, sábio, simplesmente o melhor. Eu gostava de ter sido um dos escolhidos para carregar seu gigante legado.

Entretanto, ser rei também significava carregar o peso das expectativas de nosso avô. Ele havia depositado sua fé em nós, acreditando que poderíamos restaurar o que Dooshik havia arruinado. Essa responsabilidade era imensa. Havia dias em que a pressão se tornava opressiva, quando eu me perguntava se estava à altura do desafio, se conseguiria honrar seu legado. O que aconteceria se eu falhasse? O que aconteceria com Baekje se eu não conseguisse proteger meu povo?

HANABI ▪ HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora