TEMPO REI

Capítulo XX - Legitimidade

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A viagem para o Espírito Santo foi tranquila, sossegada. Decidimos ir de carro para que eu pudesse trazer algumas coisas logo.

Fui recebida por minha assistente, que ficou em minha casa na minha ausência cuidando de tudo.

— Ah que saudade da minha casinha! — cumprimentei Andreza com um abraço carinhoso. — Como está Andreza? — Inocêncio e João me acompanharam até a entrada.

— Ah Aurora, como você faz falta. — retribuindo o carinho. — Tudo em ordem, como você deixou. Parece que tem meses que você viajou. Não fique mais tanto tempo longe. — lisonjeira. — Oi João! Só vindo mesmo com sua mãe para você vir nos visitar, rapaz!

João cumprimentou Andreza e eu peguei a mão de Inocêncio.

— Este é Inocêncio, o pai de João. — falei para Andreza, que estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Meu marido. — olhei para Inocêncio toda orgulhosa. Ele apertou minha mão em forma de carinho.

— Muito prazer, Andreza. — gentil. — E eu já vou logo me desculpando, porque eu sinto muito, mas Aurora vai ficar longe de vez agora. — sorrindo, espirituoso.

Ergui as sobrancelhas e sorri. Depois da breve conversa na porta de casa, entramos todos.

— Bom, eu imagino que depois de horas viajando vocês não queiram falar de negócios, mas o Hugo veio aqui ontem para me dizer que a venda da fazenda já está praticamente certa, só estão esperando encontrar o comprador pessoalmente.

— Sim, na Bahia. — Inocêncio respondeu.

— É, daqui há... dois dias? — olhei para Inocêncio, que confirmou minha pergunta. — Realmente... estou muito cansada da viagem. Podemos jantar logo? Quero descansar. Preciso.

— Claro que sim, já deixei tudo pronto, vamos? — Andreza nos levou até a sala de jantar.

Enquanto jantávamos, ela ia me contando tudo o que aconteceu enquanto eu estava fora. Sempre cuidei muito bem de minhas coisas, e saber que tinha gente boa me ajudando era maravilhoso. Eu estava feliz em estar de volta, com Inocêncio  junto comigo dessa vez, naquela casa onde o tempo me curou e onde João cresceu.

Andreza nos serviu uma taça de vinho depois da comida, ainda na mesa, em forma de comemoração pela minha volta. Inocêncio, João e ela beberam, eu não.

— Não quer vinho, Aurora? Eu posso pegar alguma outra coisa pra você. — ofereceu-se.

— Mainha está grávida.

— João!!!!!!

Andreza olhou para mim espantada. Os olhos, a boca e o corpo em estado de surpresa. Foi impossível não rir. Inocêncio já sorria naturalmente bobo cada vez que minha gravidez era mencionada.

— Vocês dois estão dando a notícia primeiro que eu pra todo mundo!!! Eu não pude contar a ninguém ainda porque vocês não seguram a língua dentro da boca. — e a risada foi completa.

— Desculpe, minha mãe, é que a emoção é muito grande.

Andreza levantou da mesa e deu a volta até onde eu estava. Me levantei e recebi todo o carinho e as palavras de amor que ela me emitiu.