Capítulo 18

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Miranda:— Mãe... — olho para ela, que me encara com a testa franzida, aguardando que eu continue. — Não, não é nada — suspiro, desistindo.

Queria falar sobre algo com ela, mas talvez seja melhor deixar isso para amanhã.

Roberta:— Você ainda não tocou na comida — sua voz soa neutra, quase distante. — Precisa comer, Miranda.

Miranda: — Sim — murmuro, começando a mexer no prato enquanto solto um suspiro baixo.

Terminamos o jantar em silêncio. Depois de arrumarmos tudo, ela subiu diretamente para o quarto, passando por mim sem uma palavra. Sentei-me no sofá, deixando a TV preencher o vazio da sala, mas, depois, decidi ir dormirtambém. No meu quarto, vesti um pijama confortável e me deitei, encarando o teto, perdida nos pensamentos.

Fico imaginando como seria se a relação com minha mãe fosse diferente. Se conversássemos mais, se tivéssemos mais proximidade... será que um dia isso será possível?

(...)

Na manhã seguinte, acordo com o som insistente do despertador. Vou até o banheiro, e ao descer, encontro minha mãe já sentada à mesa, tomando seu café como sempre.

Miranda: — Bom dia, mãe.

Roberta: — Bom dia, Miranda — ela responde sem erguer os olhos.

Após algum tempo de silêncio, finalmente reúno a coragem para falar sobre o que estava guardado desde ontem.

Miranda:— Mãe... — chamo, olhando para ela.

Roberta — Sim? — ela segura a xícara de café e a leva aos lábios, esperando.

Miranda: — Acho que tenho um novo amigo — digo, notando que sua expressão muda, ela me analisa por alguns segundos.

Roberta:— Como ele se chama? — sua sobrancelha arqueia levemente.

Miranda:— Leonardo... Leonardo Ribeiro.

Roberta:— Ribeiro? — uma expressão estranha cruza seu rosto enquanto parece pensar sobre o nome.

Miranda: — Sim — confirmo, sentindo que minha mãe tá estranha. — Algum problema? A senhora parece incomodada.

Roberta: — Não — sua voz soa firme, mas a expressão não muda. — Vocês são colegas de turma?

Miranda:— Sim, ele parece ser uma boa pessoa.

Roberta: — Claro — ela afirma, distraída.

Miranda:— Está tudo bem? — pergunto, estranhando seu comportamento.

Roberta: — Sim, sim... só me lembrei que você precisa se apressar — ela olha para o celular ao lado.

Subo as escadas para escovar os dentes e pegar minha mochila, pensando sobre o quão estranha foi aquela conversa. Minha mãe sempre foi rigorosa com esse tipo de assunto, fazia questão de saber detalhes de cada novo amigo. Mas dessa vez, quase não perguntou nada... Se soubesse que seria tão fácil, não teria hesitado tanto para falar sobre o Leonardo.

(...)

Flâvia: — Não concordas?

Miranda:— O quê? — digo, meio perdida.

Flâvia: — Mi, o que foi? Estás tão distraída — ela me olha com preocupação. — Mais que o normal.

Miranda:— Hoje eu... — começo a responder, mas paro ao ver Artur se aproximando.

Artur: — Meninas! — ele diz, animado.

Miranda:— Oi, Artur — aceno para ele.

Flâvia:— Oi, tudo bem?

Vivendo além do MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora