Capítulo 19

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As aulas finalmente acabaram, e enquanto eu saía da escola, por um momento, ouvi alguém chamando meu nome. Quando estava prestes a virar para ver quem era, avistei o carro do meu tio e apressei-me a chegar até  ele.

Ben:— Leonardo — ele me chama, abrindo a porta com um sorriso no rosto. — Entra aí.

Leonardo: — Oi, tio, tudo bem? — pergunto, enquanto coloco o cinto de segurança.

Ben:— Tô ótimo — responde, dando partida no carro. — Faz um tempo que não conversamos, então resolvi te dar uma carona — diz, com aquele sorriso que sempre ele sempre tem no seu rosto.

Leonardo: — Obrigado, tio.

Depois de alguns instantes em silêncio, ele me lança um olhar curioso.

Ben: — Quem era aquela menina que estava te chamando?

Leonardo: — Me chamando? Quem? — pergunto, confuso.

Ben: — Uma menina ruiva. Ela estava correndo atrás de você com uma expressão nada amigável.

Leonardo: — Ah, ruiva... Deve ser a Fernanda — respondo. — Amanhã falo com ela.

Depois de alguns minutos em silêncio olhando para a estrada decido perguntar uma coisa.

Leonardo:— Tio, lembra daquela vez que falei sobre querer ser amigo de uma pessoa?

Ben:— Lembro sim — ele responde, parecendo recordar do assunto. — Era uma menina... Miranda, certo?

Leonardo:— Sim — confirmo com um sorriso discreto. — Você tem boa memória, tio — dou uma leve risada. — Posso dizer que agora somos amigos.

Ben:— Isso é ótimo, Leo. Fico feliz por você. Se essa menina te faz bem, então com certeza ela deve ser uma pessoa incrível — seu sorriso é genuíno, mas logo vai desaparecendo ao tocar em outro assunto. — E sua mãe? E o... R-Rodrigo?

Seu semblante muda e percebo a preocupação em seu tom.

Leonardo:— Minha mãe está bem. Sabe como ela é, sempre forte — dou um sorriso. — Já o meu "pai"... continua o mesmo, quase sempre chegando tarde, envolvido com os negócios dele.

Ben:— Eu queria poder ajudar o meu irmão — suspira, olhando pela janela como se procurasse uma resposta — Mas sei que ele nunca vai permitir. Ele nem me deixa chegar perto... — sua voz vacila, carregada de frustração. — Ainda assim, tenho esperança de que, um dia, as coisas possam mudar.

Leonardo: — Sim... — coloco a mão em seu ombro, mostrando apoio, mesmo sabendo que, no fundo, eu não acredito muito nisso. Meu pai dificilmente mudará, mas não quero desanimar meu tio.

Ben: — Sabes que não posso te deixar na porta. O Rodrigo não pode desconfiar.

Só agora percebo que já paramos há algum tempo.

Leonardo:— Eu sei. Obrigado, tio — digo, pegando minha mochila e dando um abraço nele antes de sair do carro.

Ben: — Se cuida, Leonardo. Qualquer coisa, é só ligar pra mim — ele faz um toque comigo e com um aceno, o vejo partir.

Caminho até minha casa e vou entrando, ao aproximar da sala escuto aquelas vozes tão familiares.

Douglas: — Leonardão! Fala, parceiro — ele acena, animado, assim que me vê.

Falcão: — Oi — murmura com sua postura séria, os braços cruzados, como sempre.

Leonardo:— Boa tarde — respondo, passando direto por eles e indo até a cozinha. Minutos depois, meu pai aparece.

Vivendo além do MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora