capítulo cinco ~ Jonathan

116 7 35
                                    

Hoje volto pra rotina de treinos e jogos, e agradeço porque será uma distração pra minha mente.

Quero me esforçar pra focar ainda mais no lado profissional, assim eu evito de pensar no que vivi no meu passado, e o futuro que dificilmente terei.

Levanto, tomo um banho com calma, e visto a primeira roupa que pego no meu closet.

Desço até a cozinha, e enquanto a cafeteira faz seu trabalho, separo a ração e água do Jokic, que ainda dorme no meu quarto.

Engulo o café e vou comendo uma maça até chegar no carro. 

Da minha casa até o CT de treinamento é relativamente longe, mas não é dos trajetos com mais trânsito na cidade, e após pouco mais de 30 minutos, eu chego e ainda estou adiantado.

Cumprimento quem já está por lá. Depois vou vestir a roupa de treino, calçar a chuteira e esperar quem falta.

Me sento no banco na frente do campo principal e fico olhando pro nada. Até que escuto um barulho. Vejo alguns homens com câmeras se posicionando perto do portão de saída do campo, e entendo que hoje o dia ainda será de entrevistas para a imprensa.

Ontem alguns jogadores já participaram de programas esportivos por live. Como não fui protagonista no jogo de quinta, acredito e torço muito pra não ser lembrado hoje também.

A única coisa que eu teria pra falar é sobre o legítimo gol que o juiz me tirou.

Escuto alguém me chamar e reconheço que é um dos jornalistas mais experientes e que mais conhece o São Paulo. Ele vem ao meu encontro e pede para gravar uma entrevista. Em consideração a ele, e por conhecê-lo desde a minha primeira passagem, acabo concordando, mas peço pra ser breve. Ele aceita a minha condição, gravamos rapidamente, e logo me despeço.

É o tempo exato de todos os jogadores chegaram, e a comissão técnica iniciar com os aquecimentos.

Depois de um tempo intenso de treinamento, olho pro banco e vejo o Gabriel sentado sozinho lá.

Me aproximo pra pegar uma água, e ele me explica que ficará afastado por um tempo dos treinos em grupo, para tratar de uma lesão que sentiu nas costas, no último jogo.

Aproveito que estamos a sós para me resolver logo com ele.

- Desde quando você é mais amigo da Patrícia do que meu? - pergunto diretamente e sério.

- Como, hermano? No, claro que sou mais seu amigo. Por que acha isso? - ele me pergunta assustado. 

- Então por que diabos você foi me procurar a pedido dela? E também por que incentivou a ideia dela de ir pra minha casa? Me parece que você não está do meu lado nessa história. - pergunto enquanto cruzo os braços. 

- Ah, Joni. Sobre te procurar, ela literalmente implorou, e diferente do Galoppo que a ignorou, eu fiquei com vergonha de recusar ajuda. Agora sobre o apoio na saída, sei lá, geralmente ela acaba indo pra sua casa, então eu entendi que era algo natural. - ele responde com a expressão de estar sem graça e complementa: - Mas estou vendo que errei feio. Perdón, não irá se repetir. - ele finaliza e me encara.

- Todo bien, Gabi. Mas que não se repita mesmo. - falo, sorrio pra ele e continuo: - Nada mudou na minha relação com ela. Continua sendo só uma, como dizem aqui, válvula de escape. - encerro e olho pro gramado. 

- Te entendo, amigo. Você ainda pensa na Micaela, né? - ele pergunta e eu engulo em seco. 

- É óbvio hermano, foram muitos anos juntos. - respondo brevemente e suspiro. 

la mejor compañia ~ Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora