capítulo dezessete ~ Jonathan

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Tive vontade de perguntar porque ela negou ver o filme daquele jeito, mas conclui que era melhor responder sua pergunta sem enrolar.

Da última vez fiz assim, e acho que o resultado foi positivo.

Respirei fundo, e em silêncio levantei do sofá.

Logo voltei, trazendo comigo a garrafa de vinho. Servi o pouco que ainda tinha nas taças, me sentei próximo dela novamente, e me cobri.

Mesmo no fundo eu não querendo mais falar desse assunto, contei sobre o boato da Micaela estar se envolvendo com alguém, e ela perguntou qual era o problema disso, sendo que eu mesmo havia lhe contado que também estava, de certa forma, seguindo a vida.

E ela está certíssima.

Expliquei o mesmo que refleti ontem, que se realmente for verdade, deve já existir algum sentimento, diferente de mim, que fazia por fazer, e pra tentar esquece-la.

A Giovanna me olhava atentamente, e disse ser óbvio que eu ainda amo minha ex.

E eu fui sincero em dizer que não sabia se o sentimento permanecia igual, mas que de fato aquela noticia me atingiu forte.

Em seguida eu tentei encerrar o assunto, dizendo que ontem tinha sido o dia para o sofrimento.

Mas antes dele de fato morrer, ela me aconselhou de que ter fotos da minha ex pela casa não ajudaria na superação. E eu entendi que ela se referia a foto no meu quarto.

Acabei abrindo que aquela foto estava comigo numa crise recente, e que me esqueci de guardá-la, comentei que no móvel aqui dessa sala também deveria ter alguma perdida, e que depois olharia com calma.

Me aproximei mais dela, e aproveitei esse assunto para perguntar sobre sua família, alegando que não tinha visto nenhuma foto na sua casa.

Ela me disse que não era muito ligada a eles. Me contou que é filha única, que seu pai faleceu quando ainda era criança, que sua mãe mora em outro estado, e que os avós mais próximos também já morreram.

Depois ela disse sobre ser acostumada e gostar de viver sozinha.

Lembrei dos meus pensamentos de mais cedo, e nisso somos completos opostos. Eu sofro muito de solidão.

Respondi pra ela sobre isso, que sou completamente apegado com minha familia, e que sempre que possível tento estar com eles, ainda que por pouco tempo.

E já emendei perguntando se todos seus familiares também eram São Paulinos.

Me surpreendi com a sua resposta, ela disse rindo que cada parte torcia para um time rival.

E eu contei que na minha casa todos torcemos para o All Boys, devido a proximidade do clube com o bairro em que nasci, e por um histórico familiar.

Terminei de beber o vinho, e pra me aproximar mais, fiz questão de colocar a taça no móvel que estava ao seu lado.

Encarei seus olhos, e perguntei se, assim como eu, ela já tinha vivido um relacionamento por tanto tempo. 

Ela me respondeu negando com um pequeno sorriso. Disse também que só havia namorado uma única vez, por pouco mais de um ano, que tinha sido há muito tempo, e que segundo ela não nasceu para relacionamentos.

E essa resposta me atiçou, e quando dei por mim já tinha perguntado se foi com um jogador de futebol.

Pelo silencio que se instalou, brevemente me arrependi da pergunta.

Mas após uns segundos, ela terminou de beber o que ainda tinha na sua taça, perguntou se eu teria mais daquele vinho, e disse que beber mais dele poderia encoraja-la a contar.

la mejor compañia ~ Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora