capítulo dez ~ Jonathan

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Enquanto não decidia qual tática usar, tentei enrolar o máximo que pude.

Mas ela me encurralou, e após ameaçar me mandar embora, me aproximei e deixei o mais explicito possível que havia me interessado por ela, e não por sua amiga.

Quando percebi sua expressão confusa, conclui que seria o momento ideal de colocar a minha outra opção em prática.

Hora de juntar o falar com o fazer.

Com uma mão fazia carinho em seu rosto e com a outra, que estava em sua cintura por debaixo da coberta, consegui intensificar a nossa aproximação, e trazer seu corpo pra ainda mais perto do meu.

Numa ficção, esse seria o tão esperado momento do beijo.

Tentei beijar ela, mas diferente do mundo do final feliz, novamente não aconteceu.

Dessa vez ela me empurrou levemente com as mãos.

Abaixei a cabeça e respirei fundo.

Notei ela se levantar, e no momento em que ergui meu rosto, percebi que ela iria cair, dei um passo rápido, a segurei e a sentei novamente no sofá.

Olhei pra ela e seu rosto estava branco.

Acendi a luz e fui imediatamente até a cozinha pegar um copo com água.

- Bebe tudo. - disse enquanto assoprava seu rosto sem parar.

Ela terminou de beber a água, e eu deixei o copo numa mesinha de canto, em que também estava sua taça.

Percebi que sua cor voltou, e ela disse que seu mal-estar deve ter ocorrido por causa das bebidas diferentes, além do fato de ter tomado remédio mais cedo.

Questionei se estava realmente melhor ou se queria alguma outra coisa, e quando ela respondeu negativamente, eu voltei ao assunto de antes.

Ela foi bem direta no não que me deu e explicou seus motivos.

Apesar de tentar reverter de algumas maneiras, entendi seu lado, e fez sentido com o que o Ferraresi havia me dito no dia que a conheci.

Agora sei que ela não se relaciona com jogadores por causa de sua profissão, por medo de que isso a prejudique de alguma maneira.

Até o argumento de que ninguém precisaria saber e que sou discreto eu usei, mas ela me respondeu com um ótimo ponto: ela não me conhecia o suficiente pra confiar em mim.

Isso é bem feito pra mim. Eu não queria encontrar alguém que soubesse conversar? Pronto, está aqui na minha frente, rebatendo com maestria todas as minhas tentativas.

Qualquer outra teria pulado no meu pescoço no primeiro dia.

Lá no fundo eu levei como uma esperança, e me coloquei a disposição para ganhar sua confiança, mas com muita educação e alguns elogios, ela cortou qualquer tipo de chance.

Depois de apelar e implorar por pelo menos um beijo, o que obviamente também foi recusado, finalmente aceitei que eu não seria uma exceção pra ela, e fui sincero em contar que esse foi meu primeiro fora na vida.

Estava me sentindo bem envergonhado, e antes de ir embora, pedi pra ir ao banheiro.

Ela me orientou o caminho e quando entrei, fechei a porta e me encostei nela.

Se tivesse como, certamente eu me teletransportaria dali.

Onde eu estava com a cabeça em achar que logo eu conseguiria algo que outros não conseguiriam?

De onde eu tirei tamanha autoestima pra isso?

E pior, como eu tive coragem pra insistir tanto?

la mejor compañia ~ Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora