CAP | 14

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NÃO IMAGINEI QUE SERIA TÃO difícil carregar suas malas pelo aeroporto até o seu portão de embarque onde seria feito o despachamento. Aos poucos a ficha de que ela estaria indo embora em um momento tão delicado de sua vida, me fazia duvidar do quão homem eu era. Como poderia deixá-la em um momento assim?

Mesmo que a obrigação não fosse minha em criar aquele bebê, quando lhe dei a opção de se casar comigo para o bem dos negócios e de nossas famílias, prometi que a manteria segura e bem.

Que tipo de homem eu era deixando-a ir sozinha para outro país?

Que auxilio ela teria tão distante de todos os seus amigos e de sua família?

Será que Katherine havia compartilhado essa notícia com mais alguém? Não era possível que fosse esconder de todos.

Respirei fundo quando anunciaram o embarque do seu voo. Katherine que até então estava virada de costas para mim em silêncio, virou em seus calcanhares e me encarou com os olhos cheios de lágrimas.

— Você sabe que não precisa fazer isso sozinha. — Afirmei ao passar os braços em volta da sua cintura.

A auxiliei a limpar as lágrimas que persistiram em cair.

— Eu preciso desse tempo. — Insistiu mais uma vez o que já havia afirmado na conversa que tivemos na noite anterior.

Kate passou seus braços pelo meu corpo e me apertou com força contra o seu peito. Assim fiz, a envolvi em um abraço apertado e de fato não estava pronto para soltá-la.

Segurei seu rosto com cuidado e selei nossos lábios em um beijo lento e suave, como se tudo estivesse parando a nossa volta.

Éramos somente eu e ela naquele momento.

— Obrigada por tanto. — Agradeceu ao dar dois passos para trás. — Eu jamais vou esquecer o que fez por mim.

— Isso não é um adeus, não fale como se nunca mais fôssemos nos ver. — Pedi sentindo as palavras desaparecerem, eu estava quase que rouco. — Logo você voltará para casa, talvez a nossa casa já esteja pronta quando voltar.

Ela sorriu entre as lágrimas, principalmente quando falei sobre a minha casa que agora também era dela. Por pelo menos mais alguns meses, caso ela não desejasse permanecer.

E ela se foi sem nem olhar para trás.

E eu fiquei ali, com os pés cravados atrás do vidro olhando para seu avião lá fora que agora era manobrado pronto para voar.

Senti uma mão tocar meu ombro e ao olhar para o lado dei de cara com Brandon. Seus olhos estavam tristes, não tanto como os meus. Talvez era possível enxergar sinais de compaixão ou seria pena?

— Vamos cara, você tem uma reunião em quarenta minutos. — Lembrou-me de um grande compromisso que nem lembrava mais.

Respirei fundo, como se não conseguisse sentir minhas pernas mais e não fosse possível me mover para a saída. Mais uma vez a mão de meu amigo me incentivou a partir.

Encarei o tablet ao meu lado e revisei todas as estratégias que seriam necessárias para uma abordagem mais certeira. Precisávamos fechar contrato com a grande indústria de estofamentos que iria visitar.

Ensaiei a apresentação para Brandon que me auxiliou em alguns pontos que estava pecando com a falta de algumas informações.

— Ela ficará bem, tente tirá-la um pouco da cabeça. — Aconselhou.

— Ela está grávida. — Desabafei, como se um peso estivesse saindo dos meus ombros.

Brandon ficou em choque. Sua boca estava aberta, e embora trocássemos olhares pelo retrovisor, virou bruscamente para me encarar.

— Fala sério, está brincando comigo. — Falou nervoso entre um riso forçado. — Você vai ser pai?

— É. — Menti.

Era uma mentira necessária, mas em partes era real, ou não? Eu não teria que ser um pai para esse bebê já que Oliver não poderia saber da sua existência?

Não seria somente a vida de Katherine que mudaria de agora em diante. As minhas responsabilidades se multiplicariam também.

Infelizmente Ethan nao pôde comparecer nesta reunião porque estava ocupado com outro compromisso importante que me avisou de última hora. Esses imprevistos não costumavam acontecer, geralmente meu melhor amigo não faltava de suas obrigações.

Felizmente a reunião fora um sucesso e um contrato bem elaborado fora assinado no fim dela. Papai com certeza ficaria bastante feliz com meu desempenho nas últimas reuniões, havia conseguido fechar grandes contratos.

— Mais um contrato assinado. — Afirmei ao despejar o papel em cima da minha mesa em meu escritório.

Ethan parecia com receio, andava de um lado para o outro com suas mãos unidas para trás. Claramente estava desconfortável.

— Fala logo. — Exigi. — O que está acontecendo?

— Seu pai me promoveu. — Respondeu com medo.

Sempre considerei que Ethan estivesse crescendo profissionalmente, mas nunca quis elevar seu cargo porque sabia que poderiam pensar que estava o beneficiando por ser meu amigo.

— Isso é incrível! — Falei animado indo ao seu encontro e o abraçando. — Sempre falei sobre a sua capacidade.

— Não está chateado? — Perguntou confuso.

— Por que estaria? — Perguntei como se fosse óbvio. — Por mim você já estaria em outra função, mas não queria passar por cima do meu pai e dos outros diretores. Não queria que achassem que estou lhe dando cargos melhores pela nossa amizade.

Os olhos de Ethan se encheram de lágrimas e agora fora sua vez de me abraçar, chegando até a tirar os meus pés do chão.

— Tudo que sei foi graças a você. — Afirmou. — Você me fez crescer muito profissionalmente.

E ele estava certo. Mas com a sua ajuda eu também havia crescido muito. Em muitos momentos fora ele quem me socorreu, esclarecendo minhas dúvidas.

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