CAP | 13

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O LUGAR QUE DEVERIA ESTAR ocupado por Katherine na mesa estava desocupado. A comida preenchia todo o centro vazio, e todos nos olhávamos em dúvida, se deveríamos ou não iniciar o jantar sem ela.

O relógio em meu pulso mostrava que já estava atrasada bons minutos, fazendo-me ficar preocupado, principalmente pelas mensagens não ter sido respondidas, nem mesmo as ligações atendidas.

— Querido, onde está sua esposa? — Vovó perguntou atenciosa.

— Ela ficou na clínica fazendo alguns exames de rotina. — Expliquei.

— Não acha ela está levando tempo demais para isso? — Mamãe perguntou preocupada.

— A essa altura não ha mais clínicas abertas. — Amber comentou ao checar a tela de seu celular.

Elas estavam certas, mas o que eu poderia fazer? Já havia ligado inúmeras vezes para o seu celular e dava caixa postal.

Papai ordenou que déssemos início ao jantar e assim fizemos, todos em silêncio, como se algo de muito ruim estivesse acontecendo.

O ronco da moto de Katherine me tranquilizou e não demorou muito para que minha esposa adentrasse a sala de jantar, abatida e com cara de choro.

— Não estou me sentindo muito bem, se importam se eu for direto para o quarto? — Sua voz estava baixa, era nítido que algo havia acontecido.

No mesmo instante empurrei o prato para o centro da mesa e me juntei a ela, seguindo seus passos até o andar de cima.

— Você está doente? — Perguntei preocupado. — Eu sabia que algo estava errado, Kate suas dores, febres, enjoos, não era normal...

— Estou grávida. — Katherine despejou a notícia rapidamente, sem dar espaço para que me preparasse para a informação.

Sentei em minha cama, ainda tentando absorver a informação. Quase dois meses de casamento e agora ela estava grávida? Não havíamos nos cuidado suficiente em Paris?

Ainda não estava nos meus planos ser pai, pelo menos não nesse momento.

— Não sei o que dizer. — Confessei nervoso. — Não estava preparado para isso.

— Você não é o pai. — Por mais que não estivesse preparado para ser pai, suas palavras vieram contra mim como um choque. Mesmo que houvesse medo e insegurança, jamais imaginaria iniciar um casamento, uma vida ao seu lado, enquanto estivesse esperando o filho de outro homem.

Não consegui dizer nada. Não consegui nem sequer respirar direito.

— Como assim? — Perguntei.

— O ultrassom mostrou que engravidei no dia que retornei do Canadá, logo que Oliver me buscou no aeroporto, nós ficamos juntos. — Explicou.

Passei os dedos pelo cabelo, frustrado com a notícia.

— Liam, sei que não esperávamos isso quando você me propôs esse casamento falso, mas Oliver não pode saber que estou esperando um filho dele. — Suplicou. — Isso seria terrível para os negócios também, saberiam que mentimos durante todo esse tempo.

— Eu vou pensar em alguma coisa. — Concordei. — Essa criança não tem culpa de nada, nós podemos dar um jeito.

Silêncio. Um silêncio perturbador. Duas respirações aceleradas.

— Vou voltar para o Canadá. — Falou por fim ao se sentar ao meu lado e tocar minha mão.

— Como assim? — Perguntei confuso.

Mesmo com toda essa história de gravidez, não poderia simplesmente ignorar meus sentimentos por ela.

— Me afastar agora é necessário. — Afirmou. — Muitas mudanças acontecerão de agora em diante, preciso aprender a lidar com o fato de que agora serei mãe. Meu psicológico precisa estar bom, em ordem. E não será possível ficando aqui.

— Mas e nós? Nosso casamento? — Perguntei tentando entender em que nível de relacionamento estávamos.

— Liam, sua vida está corrida demais para uma mulher grávida agora. — Respondeu com um sorriso triste. — Não é justo que você tenha que abrir mão de tanta coisa por mim.

O que fazer? O que deveria dizer neste momento? Seria justo com ela pedir para ficar? Será que Katherine estava esperando uma posição minha sobre aquele assunto ou já estava decidida?

— Nosso contrato é fazer esse casamento durar por pelo menos um ano. Garantir que todos achem que estamos juntos de verdade. — Comentou. — Eles vão entender a minha volta ao Canadá para focar na empresa da minha família.

Pensar em ficar longe dela me parecia frustrante. Apenas ouvindo de sua boca sobre sua ausência, sentia o meu corpo gelar, como se a chama que o mantém aquecida estivesse se afastando aos poucos.

Suas palavras deixavam claro que não estava tão envolvida como eu estava. Quem sabe havíamos confundindo nossos sentimentos, como meu melhor amigo havia dito diversas vezes que faríamos.

Ele estava certo, por mais que detestasse concordar. Agora pensando e vendo tudo que estava acontecendo e prestes a acontecer, conseguia analisar a situação melhor e entender que não deveria ter me aproximado tanto.

Me apegar foi o meu erro. Ter dormido com ela em Paris fora o meu maior erro.

— Você pode me levar no aeroporto amanhã? — Perguntou com os olhos marejados, não esperava que fosse tão rápida para partir.

— Mas já? — Perguntei tentando manter minha voz firme. — Quer mesmo que eu vá?

— Quero que vá comigo. — Insistiu. — Quero um último abraço. Quero olhar seus olhos uma última vez. Quero sentir seus lábios antes de partir.

Ela gostava de mim.

E se ela precisava de um tempo para por sua cabeça no lugar, eu estava disposto a aguardar as coisas se resolverem.

Limpei suas lágrimas e abracei cautelosamente.

— Tudo ficará bem. — Afirmei perto do seu ouvido.

Ainda na mesma noite enquanto ela preparava suas malas, decidi explicar para a minha família sua ausência durante alguns meses.

Eles estavam confusos porque havíamos acabado de nos casar, mas entendiam bem sobre como nos preocupávamos com os negócios de nossas família e como éramos responsáveis com as empresas.

Ficaram em dúvida sobre o real motivo das lágrimas de minha esposa, principalmente minha irmã que insistiu diversas vezes no fato de eu estar contando uma mentira.

Amber me conhecia como ninguém. Mas este segredo infelizmente precisava deixar guardado até mesmo dela. Mesmo sabendo que jamais contaria a ninguém.

Eu havia prometido a Ethan.

Case-se comigo!Onde histórias criam vida. Descubra agora