UM MÊS HAVIA SE PASSADO desde que Katherine havia resolvido ir embora. Nós mal tínhamos tempo para conversar, trocávamos algumas palavras durante o dia por mensagens, basicamente para saber se tudo estava bem por lá.
Mesmo que estivesse preocupado, havia muito trabalho que me prendia ali. O que piorou fora Ethan ter ganhado sua promoção e ser necessário que eu contratasse outra pessoa para por em seu lugar.
Embora muitos currículos houvessem chegado quando anunciamos que a vaga estava disponível, apenas um fora qualificado o suficiente contendo todos os requisitos que buscávamos.
Emma Brown. Dois anos mais nova que eu, mas com um currículo impecável de cursos de qualificações. Por sorte, fora um mês tranquilo sem muitas reuniões, o que amenizou minhas dores de cabeça em passar todas as informações necessárias para que ela estivesse por dentro de tudo.
Aproveitei-me do fato dela falar outras três línguas para iniciar a organização de novos projetos que ainda estavam apenas em arquivos dentro dos meus laptops.
— Seu pai planejou aquela pequena comemoração no salão principal para comemorarmos o alcance da meta deste mês, devo lembra-lo que deve comparecer às oito. — Avisou analisando o tablet em suas mãos.
— Você irá levar alguém? — Perguntei lembrando que papai permitiu que cada funcionário levasse um acompanhante.
— Não tenho quem levar. — Respondeu meio a um breve sorriso.
— Gostaria de ir comigo? Posso passar busca-la. — Convidei.
— Eu adoraria. — Respondeu envergonhada, fazendo com que suas bochechas assumissem um tom avermelhado.
Sempre fiz questão de deixar claro que havia alguém em minha vida, no caso, Katherine. Precisava tornar tudo real e fazê-la também acreditar em nosso casamento.
Então, era óbvio que estava a convidando profissionalmente sem nenhum outro motivo. Ela também tem se mostrado muito respeitosa e nunca a vi me olhar de qualquer outra forma que não fosse como seu chefe.
Não gostava muito de eventos assim, mesmo sabendo que era necessário. Papai costumava dar seus discursos motivacionais, além de ser uma ótima maneira de divulgar nossos triunfos diante também da imprensa que estaria presente e alguns investidores.
Enquanto vovó endireitava a minha gravata, era possível notar seu olhar duvidoso e ao mesmo tempo cabisbaixo.
— Me dói vê-los tão distantes. — Falou por fim após enrolar por longos minutos em silêncio.
— Quem? — Perguntei sem perceber que ela se referia ao meu casamento.
— Katherine e você. — Respondeu chateada. — Não é justo que tenham que ficar longe um do outro. Nessa altura do casamento, eu e seu avô não queríamos nos desgrudar nem por um segundo.
Respirei fundo.
— Você entende que é necessário por conta dos negócios. — Justifiquei.
Ela deu um longo suspiro como se estivesse cansada das desculpas esfarrapadas que já não queria mais ouvir.
— Feche seus olhos e imagine uma vida sem ela. — Pediu.
Eu não o fechei, continuei encarando seus olhos vidrados em mim.
— Feche os olhos agora. — Ordenou num tom autoritário.
