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𝐋𝐢𝐳
𝚂ã𝚘 𝙿𝚊𝚞𝚕𝚘 • 𝚂𝙿
"Completamente rendido"

Estamos deitados em uma toalha que estendemos na grama do Parque do Ibirapuera, em frente ao lago repleto de luzes

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Estamos deitados em uma toalha que estendemos na grama do Parque do Ibirapuera, em frente ao lago repleto de luzes.

Raphael decidiu fazer um piquenique noturno, que consiste em uma caixa daquelas famosas esfirras abertas, um suco de uva integral - para remeter ao vinho -, alguns morangos bem frescos e uma caixa de bombons.

Confesso que valeu a pena ter desistido de ir dormir cedo. Muito melhor estar curtindo a presença dele, em um rolê aleatório e perto da natureza.

Ainda temos algumas horas até o parque fechar. Então, depois de comer, deitamos sobre a grama e observamos os pontos brilhantes no céu.

— Eu tava pensando aqui... – Veiga quebra o silêncio. – Você sabe de onde meus pais tiraram meu nome, mas eu não sei a história da escolha do seu nome.

— Coincidentemente, a história é parecida com a sua. A minha avó paterna se chama Elis, meus pais se inspiraram no nome dela. Como eu sou a neta mais velha, ela fica toda orgulhosa contando essa história.

— Quando eu conhecer a dona Elis, vou fazer questão de perguntar sobre isso.

— Para conhecer ela, você vai ter que ir para o Rio. A vovó não viaja de avião e diz que fica muito cansada quando vai de carro.

— Eu vou. Aproveito e conheço meu sogrão também. – Ele solta uma risada gostosa de ouvir.

— Quero ver se você vai ficar rindo desse jeitinho quando ver a cara de bravo do meu pai.

— Relaxa, eu sei lidar com esse tipo de situação. – Novamente ele ri e eu acompanho.

— Estou brincando contigo. Meu pai é o cara mais tranquilo do mundo. Ele é bem sério quando precisa ser, mas não perde uma piadinha. 

— Ah, já me identifico com o sogrão, hein? – Ouço novamente seu riso, que logo cessa e se perde em um silêncio confortável.

O fato dele se interessar em como meus pais escolheram meu nome e querer conhecer as pessoas mais importantes da minha vida, mesmo que pareça algo bobo, me deixa feliz.

Raphael se importa, ao contrário de muitas pessoas que passaram por minha vida. E foi tão difícil entender isso, que ele me quer bem porque se importa, verdadeiramente, sem joguinhos.

Fito o céu estrelado. Enquanto vejo os pontinhos brilhantes ocupando a imensidão, sinto que o mundo todo parou para apreciar o momento que estamos juntos. E eu gosto dessa sensação, de entrar em uma realidade totalmente nossa, mesmo com a metrópole completamente frenética ao nosso redor.

— Li, acho que a gente tem muita coisa para conversar. Acabamos nem falando muito sobre aquele dia, que você me contou que as pessoas te odiavam. – Ele volta a falar, com um tom sério, mas também carregado de cautela.

𝐂𝐨𝐫 𝐝𝐞 𝐌𝐚𝐫𝐭𝐞 | Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora