| 05 - Intimos em uma noite |

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ELES PASSARAM A NOITE toda conversando, e a cada segundo, pareciam se tornar mais íntimos, embora nada explícito tivesse acontecido. A atmosfera do lugar, com luzes difusas, música suave e murmúrios ao redor, criava uma sensação agradável. Apesar de não estar nos planos de Íris, ela estava adorando conhecer melhor o capitão, e, a essa altura, Nascimento também parecia apreciá-la. Léo, por sua vez, se divertia com uma mulher, longe dali, sempre foi um cara de papo bom.

Íris sentia uma crescente tensão no ar, uma energia quase palpável entre ela e Nascimento. O jeito como ele a olhava, com aquele olhar penetrante, parecia ir além da superfície, desarmando qualquer resistência, como se estivesse lendo seus pensamentos mais íntimos.

Ligeiramente envergonhada, ela tentava se concentrar na conversa, mas a proximidade física e o tom grave da voz de Nascimento a deixavam desconfortavelmente confortável.

— Roberto, então, né? — Íris perguntou, apoiando-se no balcão.

— Pode me chamar de Beto, se quiser. — Ele sugeriu, com um sorriso de canto que provocou um frio na barriga de Íris.

— Parece íntimo... — ela disse, — Ainda sinto um impulso em te chamar de capitão. 

— Olha, não me parece uma má ideia. Soa bem quando você fala. — Ele sorriu de novo, agora com um toque de malícia.

Ela ergueu as sobrancelhas, desviando o olhar, incapaz de manter o contato visual. Nascimento, percebendo, decidiu mudar de assunto para recapturar sua atenção.

— Me desculpe, eu nem perguntei... — ele continuou. — E você e aquele policial, como ficaram? Vocês se saíram mal depois da operação?

Por um instante, uma pequena chave acendeu em sua mente. Como pôde esquecer de Mikhael? Um suspiro de frustração escapou de seus lábios ao perceber quão insensível havia sido. Acreditava ser responsável pelas mortes na UPP e pelo ferimento do antigo colega. Ela ainda estava se recuperando, lentamente.

— Eu estou bem... — começou, a voz hesitante. — Mas não sei sobre ele. Deveria ter procurado saber.

A expressão de Nascimento endureceu um pouco, a preocupação transparecendo em seu olhar. Ele não era de deixar as coisas de lado facilmente.

— Olha, não se culpa por isso. Tem guerra todo dia, a responsabilidade não é sua.

— Não, é sim. Eu deveria imaginar que não era uma boa ideia subir lá. 

 Um cansaço repentino tomou conta dela, e puxou o celular para conferir a hora.

— Bom, foi muito maneiro conversar contigo, capitão. — levantou-se. — Mas tô precisando descansar.

— Já? — ele questionou, surpreso.

— Sim, além do mais, acho que o Léo nem vai voltar. Deve estar se divertindo com a nova amiga.

— Eu imagino. Aquele cara é bom de papo. — Ambos riram enquanto ela ajeitava a bolsa. — Mas e aí, tem carro? Como vai pra casa?

— Vou pedir um Uber. — respondeu, a ideia de enfrentar a cidade sozinha àquela hora fazendo seu estômago se revirar.

— Uber? — ele arqueou a sobrancelha, preocupado. — Pô, isso é arriscado pra uma mulher como você.

— Como eu? — ela ficou confusa.

— Bom, bonita, o Rio é perigoso. Tô falando sério. Melhor eu te dar uma carona.

Ela analisou a proposta por um tempo, não parecia uma má ideia já que ele insistia. Afinal ela não parecia um tipo de homem perigoso.

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