| 31 - Do outro lado do medo |

148 32 96
                                    

Não bateram a meta suas raparigas veias, tô de mal com vocês. Então esse capítulo vai ser triste também, bjs. 👍
_______________________________________

UM DISPARO CORTOU O AR, rasgando o silêncio. Não era um tiro festivo, disparado para o alto por algum traficante – vinha de longe, calculado, com um alvo específico em mira: o Cobra, o homem que conversava com Íris. Mas o tiro não foi preciso. Em vez disso, a bala atravessou o espaço e atingiu a garota. Em segundos, o traficante foi arrastado pelos comparsas, desaparecendo na multidão.

Íris contorceu o rosto, uma dor aguda queimando no canto da barriga. Tentou levar as mãos ao ferimento, mas suas pernas fraquejaram, e antes que caísse, Javier já havia cruzado o pequeno espaço do bar até ali.

A garota arfava, a respiração entrecortada enquanto a dor parecia se espalhar como fogo. Seus dedos tremiam ao tentarem alcançar o ferimento, mas a força lhe escapava, e as pálpebras pesavam. Ela tentava focar em algo além da dor, mas o mundo à sua volta se tornava um borrão, então ela caiu de joelhos.

Javier ajoelhou-se ao lado dela, o rosto tenso, os olhos escuros e fixos nela, como se estivesse avaliando a gravidade da situação com aquele olhar analítico e, ao mesmo tempo, desesperado, típico dele.

Ei, ei... olha pra mim, garota. Não fecha esses olhos — ele murmurou, a voz carregada de urgência, mas ainda rouca e baixa.

Ela abriu a boca, tentando falar, mas apenas conseguiu balbuciar algo incompreensível, a dor pontiaguda rasgando cada tentativa de formar uma frase. Javier estreitou os olhos, aproximando-se mais, seu rosto a poucos centímetros do dela, os lábios apertados num misto de preocupação e raiva controlada.

Carajo, Íris, você vai ficar bem, mas precisa focar. Escuta a minha voz. — As palavras saíam graves, quase um sussurro ríspido, enquanto ele pressionava o ferimento com uma mão firme.

Ela piscou devagar, os olhos se encheram de lágrimas involuntárias. Tentou falar, a voz arranhada.

Javi... doi... muito — murmurou, o rosto pálido.

Ele manteve-se imóvel por um instante, quase imóvel, mas era perceptível o tremor leve em sua mandíbula. Ele respirou fundo, controlando a raiva e o desespero.

— Eu sei, garota, eu sei.

Com cuidado, ele passou o braço por baixo dela, ajustando a posição para erguê-la do chão sem perder a pressão no ferimento. Seus movimentos eram meticulosos, como se cada gesto tivesse sido milimetricamente calculado, e seus olhos não deixaram os dela por um instante.

O agente se afastou rapidamente, buscando um ponto seguro em meio ao caos crescente ao seu redor. Observou alguns homens fardados em volta, mas percebeu, com estranheza, que nenhum deles era do BOPE ou da Polícia Federal, o que aumentou sua desconfiança. Voltando o olhar para a garota encostada agora em uma parede com o rosto ainda se contorcendo de dor, ele puxou o rádio preso ao bolso da calça e apertou o botão, fazendo ecoar a voz desesperada de Morello na escuta.

— Merda, Javier, você tá ouvindo?! — a voz de Morello soou urgente e abafada na escuta. — Me responde, porra!

Javier lançou um olhar preocupado para Íris, que ainda pressionava a mão contra a ferida na barriga, sua respiração pesada e irregular. Um rastro de suor brilhava em sua testa, e seus olhos, embaçados pela dor, tentavam focar nele.

— Íris tá ferida! — murmurou Peña na escuta, o tom grave e impaciente.

Do outro lado, a voz de Morello voltou ainda mais aflita.

— Quanto grave, Peña? O que tá acontecendo aí?

Peña lançou um olhar rápido para Íris, vendo o sangue se acumular sob sua mão que ainda pressionava o ferimento, o rosto pálido. Ela não estava com medo, Íris não sentia medo a muito tempo, então ela só tentava se manter consciente e acordada enquanto seus sentimentos aflitos lutavam dentro de si. Por outro lado Javier estava desesperado internamente, mas ele precisava se manter profissional para não atrapalhar.

| Tropa De Elite - Bela Dama |Onde histórias criam vida. Descubra agora