PELA MANHÃ, Íris acordou sentindo-se um pouco melhor. Nascimento já havia partido na noite anterior — não podia se dar ao luxo de faltar mais um dia de trabalho. A casa estava silenciosa, e a garota, apesar de saber se virar sozinha, logo percebeu que o tempo ocioso poderia ser um desafio.
Sentada no balcão da cozinha, com uma xícara de café nas mãos, Íris folheava um livro. Fazia tempo que não se permitia esse tipo de distração, mas, confinada em casa, precisava de algo para preencher as horas.
O som de batidas na porta interrompeu sua leitura. Ela deixou a xícara de lado, deslizou descalça pelo chão frio e foi até a entrada. Ainda vestia o pijama listrado, simples, confortável, e ajeitou o tecido antes de se levantar na ponta dos pés para espiar pelo olho mágico.
Do outro lado, encostados na parede, estavam Javier e Murphy. A expressão dela endureceu por um instante; os lábios formaram uma linha reta antes de ela abrir a porta com um sorriso educado.
— Foram escalados para serem minhas babás também? — ela brincou, cruzando os braços enquanto os encarava.
Os dois homens sorriram de forma tímida. Não eram exatamente do tipo carinhoso, mas havia algo na postura deles que denunciava a preocupação. Íris sabia disso — e, embora não dissesse em voz alta, até apreciava o gesto.
Murphy tentou conter um sorriso, mas falhou miseravelmente.
— Digamos que foi uma sugestão firme do Mello.
— Mello? — Íris arqueou a sobrancelha, interessada.
— Ele praticamente nos jogou no carro e disse: "Cuidem dela, não quero receber uma ligação dizendo que ela decidiu ser suicida." — Javier bufou, balançando a cabeça.
Íris revirou os olhos, mas não conseguiu conter uma risada curta.
— Isso parece bem coisa dele.
— Ele também disse que você provavelmente tentaria expulsar a gente, então já deixamos claro: estamos aqui por ordens superiores. — Murphy se aproximou, apoiando-se no batente da porta, o sorriso mais relaxado agora.
— Bem, vocês têm coragem. De qualquer forma, entrem. — Ela se afastou da porta para deixá-los passar.
Eles entraram, visivelmente mais à vontade, e Murphy olhou em volta antes de comentar:
— Isso aqui é bem mais arrumado do que eu esperava.
— O Peña não contou como era? — Íris perguntou, lançando um olhar de soslaio para o agente, que já estava de olho na garrafa de café. — Achei que ele tivesse mencionado algo depois de usar minha casa como “hotel”. — Ela sorriu de canto e voltou para seu livro e sua xícara.
Os dois se entreolharam, um instante de silêncio pairando entre eles. Não sabiam se deviam rir da provocação ou inventar uma desculpa qualquer. Peña apenas deu de ombros, como se fosse inocente da acusação, e deu alguns passos até o balcão. Curioso como sempre, inclinou-se para folhear o livro que ela tentava ler, roubando-lhe a atenção sem o menor remorso.
— Vocês não têm que trabalhar? — Íris perguntou, franzindo levemente o cenho enquanto lançava um olhar para Murphy, que parecia inspecionar o apartamento.
— Temos, mas não agora. — Murphy respondeu, despreocupado, ainda observando o ambiente como se avaliasse um cenário de crime.
— Hm... — Íris resmungou, desconfiada, antes de mudar de assunto. — Alguma novidade?
— Você é quem tem que nos dizer. — Peña finalmente parou de mexer no livro e ergueu os olhos para encará-la, com a testa levemente franzida. — Como você está se sentindo?
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| Tropa De Elite - Bela Dama |
FanficNessa adaptação de "Tropa de Elite", Íris, uma jovem cheia de sonhos e ambições, viu seu futuro promissor desmoronar após a trágica morte de sua melhor amiga. Tentando reconstruir sua vida em meio à dor, ela se torna escrivã na polícia, onde se depa...