| 23 - Bem vindos ao Brasil |

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MELLO ENTROU NO PRÉDIO e logo avistou Íris em sua mesa, entretida em uma conversa que parecia absorvê-la mais do que o esperado. Dois agentes americanos, visivelmente à vontade, acompanhavam cada palavra dela. Ele endireitou a postura, tentando retomar o ar de responsabilidade ao qual não fizera jus ao deixá-la sozinha com os visitantes.

Conforme se aproximava, pôde ouvir Javier, com sua voz despreocupada e olhar astuto:

— Quantos anos você tem mesmo, cariño? — perguntou, acomodando-se casualmente em cima da mesa dela, enquanto Íris organizava alguns papéis com paciência calculada.

— Tenho vinte e cinco — respondeu, entregando um documento a ele. — E agora, pode tirar seu corpo de cima da mesa, querido? Obrigada.

Javier sorriu, um brilho de provocação nos olhos, mas se levantou, dando uma volta descontraída antes de notar a presença do delegado.

— Vejo que já se integraram — Mello forçou um sorriso amigável, embora tentasse ler a situação. — Íris cuidou bem de vocês?

Os três o encararam, e Íris soltou um suspiro discreto, finalmente relaxando ao encostar-se na cadeira. Murphy, mais formal, foi o primeiro a responder, apertando a mão do delegado.

— Sua agente é bem educada e prestativa. Nos deu uma recepção excelente.

— Não tenho dúvidas — Mello apertou a mão de ambos, observando a energia oposta entre o agente sério e o mais descontraído. Embora a impressão não fosse exatamente a que esperara, não tinha motivos para reclamar. A DEA estava ali para apoiar uma operação delicada e perigosa, e ele precisava manter a diplomacia.

— Se quiserem me acompanhar até minha sala, gostaria de passar algumas informações essenciais sobre as operações previstas — sugeriu, adotando um tom mais sério. — Íris, seria importante que você também acompanhasse, já que ficará responsável por ajustá-los ao nosso sistema.

Ela assentiu, levantando-se. Javier lançou-lhe um olhar atento e, finalmente, em um tom mais formal, disse:

— Espero que possamos trabalhar juntos da melhor forma.

Íris observou a mudança de postura, curiosa com o tom subitamente sério.

— Eu só vou buscar um café ali na salinha — disse, levantando uma sobrancelha sugestiva. — Vocês querem?

Javier sorriu ao ouvir a oferta, deixando transparecer um ar ligeiramente provocador, como se já soubesse que não resistiria a mais alguns minutos de interação com ela.

— Aceito, cariño. Mas espero que o café brasileiro faça jus à fama — brincou, os olhos escuros ainda a observando de perto.

Murphy balançou a cabeça, aceitando também, mas com uma expressão mais neutra. Parecia mais interessado em começar logo a reunião, especialmente com o tom sério de Mello sobre a operação.

— Ótimo, então volto em um instante — Íris deu um pequeno sorriso de canto, girando nos calcanhares para ir até a sala de café, sentindo o olhar de Javier acompanhando seus movimentos.

Enquanto se afastava, Murphy aproveitou a oportunidade para falar com Mello em um tom mais direto:

— Estamos prontos para entrar nos detalhes, delegado. Precisamos entender como estão organizando as operações no local, especialmente no que diz respeito ao que a DEA vai cobrir.

Mello assentiu e abriu a porta de sua sala, convidando-os a entrar. Sabia que o tom informal inicial dos agentes mascarava uma seriedade de propósitos, e, embora Javier demonstrasse mais confiança ao interagir com Íris, ele era conhecido pelo olhar atento aos detalhes.

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