𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧

꧁•⊹٭𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 16٭⊹•꧂

O dia amanheceu e eu não dormi nada.

Fiquei observando aquele homem a noite inteira, a mão colada ao seu peito, e frequentemente verificando se seu estado não estava pior.

Kael só foi acordar horas depois do amanhecer.

Ele acordou, olhou ao redor, olhou para mim, parou um pouco, e tentou se levantar bruscamente, levando uma pontada de dor em consequência. Então me encara.

— Você dormiu? — pergunta.

— Sim — minto.

— Aqui?

Ele vê minha mão em seu peito, reflete, como tentando se lembrar, e então a solta.

Recolho a mão para o colo.

— Sou boa para dormir, encostei na ponta da cama e dormi feito uma princesa. — prossigo.

Lentamente, para evitar dor desnecessária, ele se senta.

— Emily. — meu nome sai como um rugido, sua voz rouca desperta cada centímetro do meu corpo. — Você sabe que não é uma boa mentir para mim.

Travo.

— Que?

— Você não dormiu.

Ele saber disso me deixa curiosa ao mesmo tempo que me deixa perplexa.

— Você estava literalmente apagado, não pode dizer o que fiz nesse meio tempo.

— Se sabe disso é porque estava acordada.

Abro a boca para responder diversas vezes, mas fecho novamente.

Filho da puta.

— Bom, acordei durante a noite e vi que você não dava nem sinal de vida. — respondo depois de um tempo.

— Está mentindo.

— Não, não estou.

Ele se aproxima do meu rosto, seus dedos envolvem meu queixo o ergue até seus olhos.

— Você está. Querendo ou não, você não sabe mentir, ratinha.

Me desvencilho de seu toque.

— Você devia receber o prêmio de piores apelidos do ano.

Kael pende a cabeça, como se me avaliasse, com um sútil sorriso de canto.

Preciso de algo para minhas mãos.

Me levanto, será que devo trocar as gaze? Estão encharcadas de sangue.

— Como estão suas feridas? — troco de assunto.

Ele olha para as faixas em seu peito.

— Melhores do que o comum. — e me encara. — O que fez?

— Melhores que o comum?? Isso é COMUM?! — Pergunto perplexa.

Não. Impossível.

Impossível isso ser algo comum.

Kael me encara com os olhos indecifráveis, como se perguntasse a si mesmo se vale a pena conversar comigo. Me contar algo. Se não estou querendo usar coisas contra si mesmo.

— Por quê? — ele indaga.

— Como conseguiu esses ferimentos?? — rebato.

— Não vai querer saber.