꧁•⊹٭𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 05٭⊹•꧂

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Não faço a mínima ideia de por quanto tempo permaneci em meio aquela bagunça imensa, meus sentidos já se confundiam devido ao odor extremo que fui exposta por um período indeterminado, mas longo.

Em momento algum aquele homem voltou.

Meu pescoço doía e travava, ficar em uma mesma posição por tanto tempo era torturante, mas era isso ou arriscar vomitar outra vez olhando para os destroços do homem serrado a poucos metros de mim.

O cheiro forte de sangue me fazia ter uma curiosidade instintiva de olhar, o que eu estava pensando? Não havia como aquele cadáver ter sumido dali.

Esperei e esperei, a beira da loucura, mas eu estava presa e trancada ali, o que mais poderia fazer?

Eu só desejava morrer logo, de maneira rápida, e nunca mais ter que ver novamente tal cena, antes que eu perdesse qualquer sanidade que me restara.

Seria pedir demais?

Meu corpo estava pesado, mas por algum motivo eu não sentia vontade alguma de dormir, sabia o que me aguardaria em meus sonhos. E eu não estava segura ali, não sabia o que me esperava quando abrisse os olhos outra vez, se abrisse.

Dormir era tenebroso, e ficar acordada podia até mesmo ser pior. Naquela sala silenciosa, ouvi meu estômago protestar de fome.

Mas mesmo que me fosse servido algo, duvido que desceria por minha garganta.

A porta estalou.

Meu corpo acordou de transe mas não ousei mover um único músculo.

Outro estalo, seguido de mais outro antes de um ranger de metal revelar que havia alguém entrando.

Passos pesados surgiram, e o som de um sapato pisando em todo aquele sangue me fez comprimir o rosto em uma tentativa de não gritar para que parasse ou algo do tipo.

Sabia quem estava ali, não era necessário olhar.

Mas que fedor — o homem de voz grave disse.

Isso porque não foi você quem passou as próximas horas trancado nessa sala completamente fechada, seu babaca.

Os passos agora se aproximavam de mim.

Fechei os olhos. Não que quisesse fingir estar dormindo, apenas não queria encarar aquele mundo. Aquele homem.

As amarras se afrouxaram e logo soltaram, uma por uma ele desamarrou.

Isso poderia ser um teste.

E mesmo que não fosse, eu não me arriscaria em correr, não sabia o que me esperava lá fora, não sabia nem se a porta permanecia aberta.

E vendo o que ele fez a este homem e sabendo que meu corpo está fraco...

Uma pessoa normal correria, não?

Mas eu não gastaria meu fôlego nessa, talvez seja útil em outro momento.

E então, outra silhueta atravessou a porta.

Mas que merda é essa, irmão — xingou o homem em voz alta.

Ele saltava os destroços daquele corpo, sua roupa elegante não combinava com o cenário.

A roupa dos dois não combinavam com aquilo.

Mas o que me assustou não foi suas roupas, mas a maneira como aquele homem achou normal a situação. Ele nem sequer fez uma cara de nojo.

Espera.

Irmão?

Quem eram essas pessoas?

Ah meu Deus — o homem disse.

𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora