Perdi a conta dos dias em que fiquei ali.
Esta conta se resumia as vezes em que Carl aparecia ali, pelo visto, ele me visitava diariamente.
No dia anterior, ele enchera a sala com um tipo de gás que me deixou zonza e ordenou que eu repetisse uma série de calúnias contra mim mesma.
Ainda o sinto um pouco em meu organismo.
A comida vem em quantidades pequenas, e sempre com algum tipo de bicho dentro.
Hoje, viera com uma infestação de moscas.
É comer ou comer.
Nos primeiros dias, tive repulsa, neguei. Então Carl pôs um tipo de tubo em mim para fazer toda aquela comida entrar.
Foi a coisa mais agonizante que já senti, aquela merda entrando em meu corpo e depois, Carl puxando-a para fora.
Há dias em que a comida vem tão nojenta que mal acabo de comer e já estou vomitando.
Há pequenas cicatrizes em algumas partes do meu corpo, as linhas são aquelas feitas com uma faca amolada, as irregulares, com uma faca de serra, e os pontinhos, são marcas de agulhas.
Certo dia, Carl me perguntara:
— Deseja se parecer mais com o panaca que te trouxe aqui? — ele disse isso enquanto encostava a lâmina da faca no meu olho.
A única coisa que o impedira de fazer tal ato, fora Geoberto dizer que não queria se lembrar do "filha da puta" até quando olhasse para minha cara "imunda".
Havia dias em que eu odiava Kael com todo o meu ser, por acabar sendo a pessoa responsável pelo meu sofrimento, tanto em sua casa de campo, quanto aqui.
Mas havia momentos, que eu me lembrava de ocasiões raras que tivemos. E eu sentia pena.
Pena.
Ele não me matara e acabara morto. Ele escolheu o lado bom, mas a sorte não o escolheu.
Por mas que o lado bom dele fosse feito da maneira errada.
Mas uma coisa era certa.
Por mas que odiasse ele... uma parte de mim conseguia ser indiferente a esse ódio.
A cada dia que se passava, Carl mostrava como a sua imaginação e histórico de ferramentas era vasto.
Acho que nunca perdi tanto sangue em tão pouco tempo...
Conforme os dias se passavam, ele trazia coisas mais brutais, ideias mais macabras, ferramentas mais exóticas. Meu corpo mudava, de alguma maneira, isso só o fazia intensificar as coisas.
Um novo péssimo dia começava todas as vezes que Carl abria a porta, quando ele entrava, eu me sentia no inferno, e quando ele saia, deixava a lembrança de que não era a última vez.
Eu não sabia o que era pior, quando ele estava aqui atormentando-me, ou quando ele saia e a ansiedade corroía minha alma por saber que ele ia voltar.
A porta se abre.
Carl está de volta.
Ele sempre aparece após a retirada de meu prato, e isso só é feito quando eu como tudo, caso contrário, ele já entra com uma sonda.
— Oláa, pequena ratazana. — ele passa para trás, para deixar sua maleta na mesa de sempre. — Sabe o que um passarinho me contou?
— Que você é um poema quando calado.
Ele ri com desgosto.
Está diante de mim quando cruza os braços.
— Que você é virgem. — ele sorri. Um sorriso macabro.
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𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧
RomanceEsse criminoso promete ser a catástrofe de sua vida, um serial killer contratado para tirar a vida de Emily Carson. Maldito seja Kael Antonella.