Capítulo 19

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┆︎ Souya Pov. . . ┆︎

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Eu estava errado sobre o Ryota. Eu...estava errado...Não, eu nunca estou. Então o porquê me sinto o impostor da organização? O quebra cabeça que não se encaixa com ninguém? Em qual momento tudo começou a desandar? Minhas perguntas não têm respostas, mesmo que eu tente respondê-las.

Ryota é muito habilidoso. Eu subestimei ele, e agora, estou surpreso com o talento desse cara. Odeio admitir isso...Além disso, Ryota consegue ser uma pessoa carismática. Os membros, em menos de horas, já estavam familiarizados com ele, ao contrário de mim, quase houve matança no dia.

Eu me mantinha distante, observando de longe enquanto todos pareciam aceitar Ryota com uma facilidade que me irritava profundamente. Ele sorria, interagia, fazia tudo parecer tão simples. E ali estava eu, Angry, sempre em conflito com as minhas próprias emoções e, agora, com essa sensação de inadequação que crescia a cada segundo.

...E mesmo assim, algo me incomoda. Há algo em Ryota que não consigo entender, como se ele estivesse sempre um passo à frente, observando, planejando. É como se ele estivesse jogando um jogo e eu fosse uma peça que ele já sabia como mover. Talvez seja paranoia, talvez seja o ressentimento por ter que lidar com ele desde o início. Mas não posso negar: ele se integrou à Bonten com uma facilidade irritante.

Os dias têm sido uma sequência de missões, planos e... interação forçada com Ryota. Trabalhar com ele se tornou algo inevitável, e mesmo que eu odeie admitir, ele é eficiente. Quase perfeito. Mas perfeição demais me dá calafrios. Não existe ninguém tão bom assim, sem nenhum deslize, sem nenhuma falha. Tem que haver algo errado. Ninguém é perfeito.

A forma como ele falava, como se já soubesse tudo sobre a Bonten, me incomodava profundamente. Era como se ele estivesse planejando algo que eu não conseguia ver, mas estava ali, bem na minha frente.

E Rindou… Ah, ele adorava me provocar sobre isso.

─── Parece que o novato já te superou, Angry. ─ ele dizia, com aquele sorriso de canto que me fazia querer socá-lo.

Eu ignorava, mas a verdade é que aquelas palavras ficaram na minha mente mais do que eu gostaria. Não era só uma questão de orgulho, era algo mais profundo.

Eu estava mudando, e não gostava do que estava vendo.

Naquela noite, depois de mais uma missão bem-sucedida, mas que não parecia ter fim, me encontrei vagando sozinho pelas ruas, novamente. O frio era cortante, mas combinava com a confusão dentro de mim. Passei por um parque, o mesmo onde havia me sentado antes. Meus passos me levaram até o banco onde me sentei naquele dia, quando ainda estava tentando entender tudo.

Agora, eu não sabia mais nem por onde começar.

Sentei-me, o som do vento nas árvores era o único ruído que me acompanhava. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando, pela primeira vez em dias, encontrar um momento de paz.

Mas, como sempre, as coisas não são tão simples assim.

─── Pensativo, Angry? ─ a voz familiar ecoou do nada.

Abri os olhos e vi Ryota se aproximando, as mãos nos bolsos do casaco, aquele sorriso discreto no rosto.

─── Não estou com paciência para conversas, Ryota. ─ digo, em um tom seco.

Ele se sentou ao meu lado, sem pedir permissão, e por um segundo, ambos ficamos em silêncio, apenas ouvindo o som do vento ao redor.

─── Sabe, eu nunca pensei que você seria tão difícil de ler. Mas você é. ─ ele disse, sem olhar para mim, o tom calmo, mas intrigante.

Eu franzi a testa, mas continuei em silêncio. Não tinha ideia de onde ele queria chegar, mas algo em mim dizia que seria melhor não morder a isca.

─── Porém, você pode ser mais fraco do que pensa. Uma peça frágil que pode ser quebrada com facilidade...Um garoto assustado e chorão, querendo voltar para o colinho da mamãe. ─ ele virou-se para mim, seus olhos me encarando com uma intensidade que me deixou arrepiado.

Aquilo me irritou profundamente. Eu, fraco? Esse moleque pensa que é quem para me chamar de fraco? Ainda com a audácia de me chamar de garoto chorão? Mas, antes que eu pudesse rebater, ele se levantou.

─── Só pense nisso. E cuidado, você pode estar na palma da mão de Manjiro. ─ e, com essas palavras, ele desapareceu na noite, me deixando com ainda mais perguntas do que respostas.

Fiquei sentado, imóvel, tentando digerir as palavras de Ryota. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e isso me incomodava mais do que eu queria admitir.

Fraco? Eu, uma peça frágil? Quem ele pensa que é? Mas a verdade é que uma parte de mim temia que ele estivesse certo. Algo estava mudando dentro de mim, e eu não conseguia controlar. A organização estava se tornando um labirinto de intenções e segredos, e, pela primeira vez, senti que estava perdendo o controle.

Mas, a última frase foi o que mais me inquietou. Na palma da mão de Manjiro?

Eu sempre confiei no Manjiro, sempre segui suas ordens sem questionar. Ele é o líder, afinal. Mas a insinuação de Ryota me fez hesitar. O que ele sabe que eu não sei? Será apenas um blefe para me deixar mais em dúvida? Também existe a possibilidade dele estar mentindo sobre isso.

Estou cansado...Eu queria voltar a viver como eu vivia antes...Quero voltar para casa, para o meu lar de conforto…

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Continua. . . 🥀

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Espero que tenham gostado! Perdoem qualquer erro ortográfico.

𝐀𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐨 𝐃𝐞 𝐀𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥 (𝑹𝒊𝒏𝒔𝒐𝒖)Onde histórias criam vida. Descubra agora