Sentimento errado na hora errada

2 1 0
                                    

Capítulo trinta e um

____________________🖤___________________

      A virada do ano trouxe mais do que fogos de artifício e promessas vazias. Trouxe Daimen, e junto com ele, o caos disfarçado de tédio. Nunca pensei que o Ano Novo pudesse começar de maneira tão... exaustiva.

Conviver com Daimen nessas últimas semanas foi uma prova de resistência que eu não pedi. Ele tem o dom de transformar qualquer ambiente num campo de batalha. Desde que ele veio morar com a gente, a casa perdeu a paz. (Não que já tivesse paz antes) E eu... perdi a paciência. Não é que ele faça algo terrível - a falta de noção é o problema. Ele não parece entender os limites de ninguém. Como aquela vez que, sem aviso, entrou no meu quarto. Sem bater, sem nada. Só invadiu meu espaço como se tivesse o direito.

Eu estava lá, deitada, tentando ter um momento de paz, mas quando o vi encostado no batente da porta, foi como se o ar sumisse. Ele sorriu de canto, aquele sorriso que ele acha charmoso, mas que só me irrita. Perguntei o que ele queria, mas, claro, Daimen não responde perguntas simples. Prefere os jogos mentais. Disse que estava curioso para saber como era o meu "mundo". Meu mundo? Meu quarto? Esse tipo de invasão já seria estranho para qualquer pessoa, mas vindo dele? Intolerável. Não me contive. Discutimos - alto, para variar. Disse a ele para nunca mais entrar ali. Ele apenas riu, como se estivesse me fazendo um favor. Como se estivesse... brincando.

E como se isso não fosse suficiente, ele e meu padrasto, Vicent, também andam se estranhando. Eu finjo que não me importa, que não estou escutando quando os dois discutem, mas como ignorar? Eles têm sumido juntos com mais frequência, e sempre voltam estranhos. Sussurros entre eles que nunca chegam até mim. E eu, como sempre, sou a única que parece notar. Minha mãe não diz nada, e eu me pergunto se ela realmente não vê ou se prefere fingir que está tudo bem. Só sei que algo está fora do lugar, e o nome disso é Daimen.

E quando as coisas ficam insuportáveis demais, eu tento desabafar com a única pessoa que, em teoria, poderia me entender: minha prima Yoná. Mas adivinhem só? Mesmo que eu consiga finalmente arrancá-la das reuniões e sessões de fotos da agência de modelos, parece que a vida dela está sempre ocupada demais para lidar com meus dramas. O máximo que consigo é um "aham" distraído enquanto ela responde e-mails ou mexe no telefone.

Cada vez que tento contar o caos que tem sido viver com Daimen, ela me interrompe, dizendo que está cansada ou que precisa responder a um e-mail urgente. Claro, ela sempre me escuta, de certa forma. Só que agora, com a agenda dela apertada, sinto que não tem espaço para o meu drama familiar. Parece que ela mal tem energia para se preocupar com o que está acontecendo por aqui.

Mas, mesmo atolada de trabalho, ela não deixa de demonstrar o que pensa sobre Daimen quando o encontra pelos corredores. Vire e mexe, lá estão eles, cruzando os caminhos na casa, e sempre é um show de troca de farpas. Yoná nunca teve papas na língua, e com Daimen, ela parece gostar de provocar ainda mais. Chamá-lo de "projetinho de psicopata" e "desfavorecido de noção" virou uma rotina. E, claro, como tudo na vida dele, Daimen acha graça. Para ele, é como se cada insulto fosse um elogio. Ele simplesmente ri, aquele sorriso que me dá nos nervos, como se tivesse controle sobre a situação.

Às vezes, fico grata por Yoná estar por perto para, pelo menos, não deixar Daimen escapar ileso de todo o incômodo que causa. Mas mesmo com seus comentários afiados, ela nunca parece realmente se importar. Para ela, é só mais uma piada no meio do caminho até o próximo compromisso. Enquanto isso, eu fico aqui, tentando não perder a cabeça com esse "desfavorecido de noção" que não para de infernizar meu dia a dia.

Pelo menos todo o estresse se esvai quando me encontro com o meu namorado. Ah, é tão bom dizer isso: meu namorado, Choi Beomgyu. Só de falar, já soa como música. Desde que começamos a namorar, temos saído bastante, e o moreno não economiza esforços para me mimar e me surpreender, sempre com gestos simples, mas cheios de carinho. Por exemplo, ele pega qualquer florzinha bonitinha que encontra pelo caminho e me dá, o que é muito fofo. Além disso, ele sempre muda de lado na calçada, me protegendo da rua, como se fosse meu cavaleiro em armadura invisível. E aí tem o detalhe mais doce: todo encontro, sem falhar, ele me traz um pirulito colorido, só porque um dia eu mencionei que adorava. Agora estou quase ficando diabética, mas nem penso em pedir para ele parar, porque, sinceramente, eu adoro esse lado dele.

O destino em meus olhos - Choi Beomgyu (TXT)Onde histórias criam vida. Descubra agora