A lenda do fio vermelho

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Capítulo um

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Moon Yoonhee ~

       Mais uma vez, ele está aqui, parado, com os olhos fixos nas águas frias em baixo. O vento que sopra forte, bagunça seus cabelos negros enquanto permanece de pé na beira do viaduto. Nada parece está diferente comparado a noite anterior, seu corpo treme e o choro baixo e como contido ainda é capaz de ser escutado. Novamente eu presencio esse ciclo vicioso e mesmo prevendo o que acontecerá daqui pra frente, estou incerta, confusa demais com toda atmosfera pesada criada aqui. Observando o garoto pelas costas, eu não consigo me aproximar, apenas continuo parada atenta em cada movimento que ele faz.

Virando-se para me encarar, o rapaz mostra o tamanho do medo que tem através do olhar, medo esse que eu também sinto com muita intensidade assim que nossos olhares cruzam. E apesar de não saber os motivos que me faz ficar dessa maneira, eu não consigo conter todos os sentimentos intensos e confusos toda vez que me vejo nessa situação, e mesmo de já ter se tornado comum, ainda assim não me acostumei.

Um sorriso se formou nos lábios dele seguido de uma lágrima sutil descendo pelo seu rosto pálido. Esse seria o último sinal, eu sei o que vem depois.

- Pare! - imploro, não querendo assistir a cena outra vez - Não faça isso! 

Meu pedido foi em vão como das últimas vezes, ainda com um sorriso duvidoso e repleto de dor nos lábios, o garoto apenas se joga do viaduto como se não querece fazer aquilo, mas precisasse, deixando-me desesperada ao choro, me lamentando por não ter conseguido ajudá-lo outra vez.

Como se também estivesse me jogado desse precipício, sento um frio na barriga seguido de um forte impacto na água. O desespero toma conta do meu peito, meus olhos a partir desse momento só consegue enxergar a escuridão das águas e nada mais. Tento nadar, me debater, porém meus esforços não resolve a aflição, eu não estou mais em meu corpo, minhas roupas, meu cabelo, tudo o que vejo não faz parte de mim, e sim dele, o garoto que caiu do viaduto.

A luta parece em vão, tudo o que faço para tentar me livrar dessa situação não surte efeito, é como se algo me prendesse em baixo desse lago e me sufocasse a força. Chegando ao meu limite depois de segurar a respiração pelo tempo que pude, eu desisto, relaxando os pulmões fazendo com que involuntariamente respire, aspirando e engolindo grande quantidade de água.

Esse parece ser o fim...

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       Abro os olhos sentindo um aperto forte no peito acompanhado de uma grande pressão nos pulmões impedindo-me de respirar. Passo as mãos pelo rosto e poço sentir minha pele úmida, devido as lágrimas involuntárias e ao suor impregnado na minha pele, e mesmo chorosa, eu só consigo controlar a respiração depois de alguns minutos, ainda confusa e com medo.

Minhas pálpebras se fecham por alguns segundos e num pesado suspiro tento esquecer as cenas perturbadoras daquele sonho terrível. É bastante comum esses pesadelos, há anos que isso não é mais novidade, ocorre a mais ou menos duas semanas, e até hoje não consigo distinguir com clareza o que pode significar. Contudo, estou ficando cada vez pior, já faz uns dias que os sonhos estão me deixando em pânico, chegando ao ponto de prejudicar meu cotidiano.

Olho no relógio em cima da minha cabeceira e vejo que já passa das quatro da manhã. Em alguns instantes o dia irá amanhecer e eu terei que levantar e conseguir chegar a tempo para pegar o ônibus de viagem que levará toda a delegação de atletas do ginásio até a cidade vizinha para podermos participar das olimpíadas estaduais. Esperei muito para esses quatro dias de competições, me preparei o ano inteiro para poder ir bem nesse competição, mas faz um tempo que minha empolgação não é mais a mesma. Meu desempenho na natação olímpica caiu bastante depois que eu comecei a ter esses pesadelos, de certa forma, eu desenvolvi um certo medo da água quando pulava na piscina e não consigo impedir a sensação de estar me afogando, mesmo sendo expediente no nado.

O destino em meus olhos - Choi Beomgyu (TXT)Onde histórias criam vida. Descubra agora