Narrado por Solano
Saí do banho enrolado na toalha e Júnior não estava no quarto. Me arrumei, passei um perfume e fui colocar a minha toalha na área de serviço, quando notei que ele não estava em lugar nenhum, chamei seu nome e nada. Pensei que ele estivesse se escondendo e peguei meu celular para ligar, mas vi a sua mensagem avisando que já tinha ido porque não queria me atrasar.
Eu sabia que sua ida foi por outro motivo, talvez ciúmes de eu sair com Josias ou não querer conversar sobre o que tínhamos feito. Júnior era novo, mas sabia bem o que queria. O que me assustava, era que ele não tinha muitos dos valores que Flaviano trouxe de nossa casa e não sofria nada com isso. A impressão que tinha, era que só aturava a sua família, mas assim que pudesse, iria embora sem olhar para trás.
Embora nosso pai seja um poço de rigidez e tenhamos sido educados a base do medo, ainda assim, eu tinha um sentimento de gratidão, minha mãe o amava e ele a fazia feliz. Tive uma infância cercada de segurança e afeto, principalmente dela e de Flaviano. De algum modo, também logo que pude, saí de casa para viver a minha vida, mas nunca os abandonei.
Josias me tira dos meus pensamentos quando envia uma mensagem avisando que já está na frente do meu prédio. Tranco o apartamento e desço para encontrá-lo.
— Fala, Solano, espero que esteja com sorte hoje, vamos ao Cassino — ele está sorridente e parece determinado. Penso que é um bom momento para contar sobre minha saída do Rio, mas meu telefone toca na mesma hora; é o meu irmão.
— Alô, Flaviano, aconteceu alguma coisa? — Fico nervoso.
— Oi, Solano, não, nada demais, só queria confirmar se o Júnior estava contigo mais cedo.
Engulo em seco, mil possibilidades passam pela minha cabeça. Tenho que dar uma resposta, mas não consigo raciocinar direito devido ao medo e aquela velha culpa.
— Aconteceu alguma coisa? — Quis sondar antes de falar alguma besteira.
— Ele disse que ia ao shopping com um amigo, mas saiu cedo de lá dizendo que estava com dor de cabeça e o amigo, que ficou preocupado, não conseguiu falar com ele e me ligou. Eu também estava tentando entrar em contato e ele me apareceu quase agora dizendo que saiu do shopping e foi para a sua casa.
Júnior é um ótimo mentiroso, ele tem uma boa lábia e me cabe confirmar a sua história, até porque dessa vez ele está falando a verdade.
— Sim, ele estava lá comigo, está falando a verdade — não quero acrescentar mais nada com medo de nossas histórias não baterem em algum ponto, mas sinto que tenho que dizer algo mais. — Desculpa não te avisar, não vi nenhum problema em sua visita, afinal ele já tem vinte e um anos.
Iria complementar dizendo que é um rapaz responsável, mas aí eu estaria mentindo, Júnior só é um dissimulado.
— Não tem problema, só fiquei preocupado, ele nunca fez nada parecido com isso, coisa de pai.
— Diz para o seu irmão parar de ser tão protetor — Josias fala ao meu lado, alto o suficiente para meu irmão escutar.
— É o Josias? Onde vocês estão?
— Estamos no seu carro, vamos dar umas voltas, talvez um barzinho — não posso dizer aonde vamos.
— Vou deixar vocês se divertirem, cuida bem do meu irmão — Flaviano fala mais alto para o nosso amigo ouvir.
— Pode deixar, está comigo está com Deus — Flaviano gargalha e encerramos a ligação.
— Teu irmão é muito rigoroso com os meninos, ainda bem que o Júnior é um garoto tranquilo, estudioso e responsável, não sei se o Lorenzo vai ser assim também.
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Um Bom Garoto
RomanceAtenção!!! O tema dessa história é um tabu, um relacionamento entre tio e sobrinho. Por favor, não leia se não estiver preparado ou não se sentir confortável. Júnior é um jovem de vinte e um anos que tem seus sonhos e suas metas, mas elas estão lon...