Depois do café da manhã, Jason permaneceu na mesa por mais tempo do que pretendia, mas, eventualmente, ele se levantou e foi em direção à cozinha. Seus passos ecoaram nos vastos corredores, um lembrete de quanta distância havia crescido entre ele e este lugar.
Era muito fácil se sentir um estranho ali, em uma casa que costumava guardar fragmentos de quem ele já foi.
Quando Jason entrou na cozinha, ele se afastou por um momento, sem saber por que estava ali. Ele se encostou na porta, observando Alfred limpar depois do café da manhã, o som de pratos sendo empilhados e enxaguados enchendo o espaço. Talvez ele só precisasse do conforto de ver alguém em quem confiasse, o conforto da rotina, ainda tão familiar quanto todos aqueles anos atrás que o atraíram para Alfred.
Alfred se movia com sua eficiência silenciosa de sempre, arrumando tudo depois do café da manhã. Jason percebeu o quão pouco havia mudado ali. Os movimentos de Alfred eram tão graciosos como sempre, embora Jason se sentisse a mundos de distância de quem ele era da última vez que estivera naquela casa. Observando Alfred agora, porém, havia um estranho conforto na precisão familiar do velho.
Alfred, sempre perceptivo, notou-o imediatamente. Sem tirar os olhos do trabalho, ele falou em seu tom calmo e firme de sempre. “Mestre Jason,” ele disse, sua voz tingida de preocupação silenciosa. “Imagino que seu lado ainda esteja lhe incomodando.”
Jason se mexeu desconfortavelmente, sua mão instintivamente roçando o ferimento inflamado ao seu lado.
“Está tudo bem”, ele murmurou, embora suas palavras não tivessem convicção.
Deixando de lado o último prato, Alfred secou as mãos em uma toalha e pegou um pequeno frasco de comprimidos no balcão. “Você está com o antibiótico atrasado”, ele disse, oferecendo o comprimido com um copo d’água. Seus olhos continham aquela preocupação silenciosa, do tipo que nunca precisava ser expressa em voz alta.
Jason tomou a pílula sem discutir, engolindo-a enquanto Alfred o observava atentamente. Havia um entendimento tácito entre eles — um que não precisava de palavras, mas que sempre estava lá. Alfred sempre foi capaz de ver através dele, mesmo quando ninguém mais conseguia.
“Você deveria descansar enquanto a casa está quieta,” Alfred sugeriu, sua voz carregando a mesma autoridade que sempre esteve ali — inalterada, mesmo depois de todos esses anos. Mas não havia força nela, apenas cuidado genuíno.
Jason se mexeu, esfregando a nuca desajeitadamente. "Eu não... eu realmente não quero ficar deitado na cama o dia todo." O pensamento de ficar preso no quarto desconhecido, olhando para o teto, o fez se sentir ainda mais deslocado.
Alfred parou por um momento, então ofereceu outra opção. “Talvez a biblioteca, então. É quieta e pacífica. Você pode achar mais agradável.”
A sugestão atingiu Jason mais forte do que ele esperava. A biblioteca. Era uma vez, seu santuário. Quando ele era apenas uma criança, de olhos arregalados e ansioso para aprender qualquer coisa que pudesse. O lugar onde ele escapava para os livros, onde o peso de Gotham não existia por um tempo. Mas isso parecia uma vida atrás, como se pertencesse a outra pessoa.
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Os pássaros canoros continuam cantando (eu te amo, eu te amo, eu te amo)
FanfictionJason pensou por um momento antes de responder. "Normal é superestimado. Além disso, quem precisa de normal quando você tem um capacete e uma reputação de fodão?" Sadie riu, balançando a cabeça. "Ponto justo. Mas ainda assim, deve ser difícil às vez...