14. Como se realmente não me odiasse

197 38 53
                                    

— Então tente outra vez!

Felix suspirou — Eu estou ficando louco.

— Porra, por que foi quebrar a maçaneta? — ajeitou a postura com uma expressão dolorosa ao ficar tanto tempo agachado em frente ao grande vazio na porta.

— Porque talvez um imbecil se jogou para cima de mim e eu esbarrei nela? Me diz o que acha. — seus braços curtos tentavam alcançar a trava da janela enferrujada, respirando fundo quando uma fresta foi aberta. — Não é apenas você que está irritado, Hwang. Você também me irrita!

O maior chutou a porta num barulho alto, dobrando as mangas de sua camiseta nos ombros e se dando por vencido quando se cansou de mexer na pequena abertura com um pedaço de ferro encontrado em algum canto.

— Por que não continua gritando? Hm? — desceu da prateleira que se pendurou e o olhou com os olhos cansados e atordoados, tanto quanto enraivados.

Hyunjin o observou em silêncio, nada respondeu. Arrastou com seus pés uma das caixas do caminho, se sentando sobre o chão e sentindo a garganta seca, fechando os olhos cansados, os ouvidos tentando buscar o silêncio enquanto um Felix parecia resmungar com a janela.

— Discutir com a janela não vai te tirar daqui.

— Então por que não tenta o seu celular? — Hyunjin o respondeu virando do avesso os bolsos vazios.

— Merda, merda, merda. — bagunçou os cabelos claros e escorou as costas na parede, deixando seu cansaço tomar conta e seu corpo desabar no chão.

Hyunjin recostou sua cabeça na parede e o observou de frente, do outro lado da sala. Parecia tão menor agora encolhido, embora esse sempre fora a imagem que o maior tinha dele. Era diferente agora com ambos presos em um cômodo curto, a gritaria lá fora parecia ficar mais alta e ninguém deu falta dos trinta minutos que os garotos sumiram pelo colégio no meio da balbúrdia.

Felix corria os olhinhos pela sala como se tentasse passar o tempo ou como se apenas ignorasse a outra presença na sala, brincando com seus dedos ansiosos e enrolando mechas de seu cabelo nas juntas dos dedos pequenos. Seus pés se mexiam de vez em quando e o bico em seus lábios deixava claro a insatisfação com a situação.

Hyunjin, por fim, fechou os olhos.

No entanto, um, dois espirros o fizeram observar com os olhos semicerrados quando Felix coçou o rosto irritado e se levantou, caminhando lentamente e se sentando em silêncio ao lado de Hyunjin.

— Só estou aqui por causa do sol. — apontou para a janela que esquentava aquele ponto mesmo que Hyunjin estivesse de olhos fechados.

— Eu não disse nada.

— Eu só quero que saiba que eu ainda-

— Cala boca.

Felix rolou os olhos pela maneira áspera de falar tão familiar. Desistindo de qualquer diálogo que os deixassem mais desconfortáveis com a presença do outro naquele lugar apertado. O Lee, no entanto, não conseguiu ficar quieto. Contava as caixas das prateleiras, analisava as paredes escuras e notou as paredes terem sido pintadas mais de duas vezes, mas a tinta parecia insistir em descascar nas quinas.

Em dado momento, seu olhar caiu sobre Hyunjin ao seu lado, tão quieto. Era diferente da imagem que tinha dele no dia a dia, apesar de ser a mesma pessoa. Parecia tão fora de si apenas estar em silêncio, tão próximo de si sem o atacar ou então o empurrar para que tropeçasse em seus pés.

Ele estava ali, mas Felix não sentia isso.

— Você acha que já teve alguma chance com Karina alguma vez?

Sweet fantasy | hyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora