Capítulo 6: Sob os Lençóis

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O som suave da chuva ainda ressoava na janela quando Isabela abriu os olhos. A luz da manhã invadia o quarto em tons de cinza, filtrada pelas nuvens carregadas que ainda pairavam sobre o resort. O ar estava fresco, carregado com o cheiro da terra molhada e da tempestade que tinha assolado a noite anterior.

Ela piscou algumas vezes, sentindo o corpo pesado, como se os eventos das últimas horas tivessem deixado um impacto profundo. A memória do beijo de Rafael, tão recente e ao mesmo tempo tão distante, voltou à sua mente como uma onda, fazendo seu coração acelerar novamente.

A escolha que ela havia feito, a decisão de não recuar, de se permitir ser vulnerável diante dele, ainda a rondava. Isso realmente aconteceu? O calor do toque dele ainda estava em sua pele, e o gosto de seus lábios permanecia como uma sombra persistente. Isabela sabia que cruzara uma linha que, para todos os efeitos, não deveria ter cruzado. No entanto, o que mais a perturbava era a falta de arrependimento.

Ela se levantou da cama devagar, os pensamentos ainda confusos. Ao abrir a cortina da janela, deparou-se com a vista do mar revolto, as ondas se chocando violentamente contra as rochas. Parecia uma metáfora perfeita para o turbilhão de emoções que vivia dentro dela. Lá fora, o mundo continuava sua batalha contra os elementos. Aqui dentro, ela lutava contra si mesma.

Estava absorta em seus pensamentos quando o som de uma batida suave na porta a fez congelar. Seu coração pulou, imediatamente reconhecendo o que aquilo significava. Ela não esperava por outra visita, e a ideia de quem poderia estar do outro lado da porta a encheu de ansiedade.

Caminhando lentamente até a porta, Isabela hesitou por um momento, respirando fundo antes de abrir. E, como já esperava, lá estava Rafael, parado no corredor, com o cabelo ainda levemente úmido da chuva e um sorriso que fazia seu coração disparar novamente.

"Posso entrar?" ele perguntou, a voz grave, mas suave, sem a arrogância usual.

Isabela olhou para ele por um momento, lutando contra o impulso de convidá-lo para entrar. Sua mente gritava os avisos que ela já conhecia: Isso não vai acabar bem. No entanto, seu corpo, sua intuição, parecia já ter feito a escolha. Ela deu um passo para o lado, permitindo que ele entrasse no quarto.

Rafael entrou, e a proximidade entre eles logo preencheu o espaço, carregada de tensão não resolvida. Ela fechou a porta atrás de si, sentindo o coração bater descompassado. Havia algo no silêncio entre eles, na maneira como ele a olhava, que a deixava sem palavras.

"Eu não consegui parar de pensar em você," ele disse, quebrando o silêncio, seus olhos fixos nos dela, sem esconder nada.

Isabela sentiu uma mistura de emoções ao ouvir aquilo. Parte dela se sentia exposta, como se ele soubesse exatamente o que estava acontecendo em sua mente. Mas outra parte, aquela que ela havia tentado suprimir por tanto tempo, sentia uma onda de excitação ao perceber que ele estava tão envolvido quanto ela.

"Rafael..." ela começou, mas ele a interrompeu.

"Não diga que isso não pode acontecer," ele disse suavemente, mas com firmeza. "Você sabe tão bem quanto eu que, a essa altura, já estamos além de qualquer 'não pode'."

Ela sentiu o peso de suas palavras, cada uma delas ressoando profundamente em sua mente. Ele estava certo. O ponto de retorno já havia passado, e agora não era mais uma questão de proibir ou evitar. Era uma questão de aceitar o que estava diante deles.

Sem mais palavras, Rafael deu um passo em direção a ela, seus olhos nunca desviando dos dela. Isabela sentiu sua respiração acelerar quando ele a alcançou, o calor de seu corpo preenchendo o espaço entre eles. Seu coração batia descompassadamente, a expectativa crescendo com cada segundo que passava.

Quando ele finalmente a tocou, o toque foi suave, quase hesitante. Suas mãos pousaram na cintura dela, os dedos deslizando gentilmente pela pele sob a fina camada do robe que ela usava. Isabela fechou os olhos por um momento, sentindo cada movimento, cada gesto, como se fosse uma linguagem silenciosa entre eles.

Rafael inclinou a cabeça para perto dela, seus lábios roçando os dela de leve, como se estivesse esperando por algum tipo de permissão final. Isabela não resistiu. Ela avançou, encontrando os lábios dele com os seus, e o beijo que começou suave logo se tornou mais profundo, mais urgente.

Foi como se todas as emoções reprimidas, a tensão acumulada, finalmente tivessem encontrado uma saída. O beijo entre eles era cheio de desejo, mas também de algo mais – algo que Isabela ainda não conseguia identificar, mas que a puxava para mais perto dele, mais intensamente.

As mãos de Rafael exploravam seu corpo com uma delicadeza surpreendente, como se ele estivesse ciente de cada ponto sensível, de cada parte que ansiava por ser tocada. Isabela sentiu seu corpo reagir de forma instintiva, como se já soubesse o que fazer, como se cada movimento fosse natural.

Antes que percebesse, Rafael a guiou até a cama, os lençóis frios contrastando com o calor de seus corpos. Eles se deitaram juntos, e o mundo ao redor desapareceu. O som da chuva, o vento, até mesmo as preocupações e responsabilidades, tudo se dissolveu no momento que compartilhavam.

Rafael tirou o robe de Isabela com uma suavidade que a fez estremecer, seus dedos passando por sua pele como um toque leve de brisa. Seus olhares se encontraram mais uma vez, e naquele momento, não havia mais dúvidas, não havia mais hesitação. Ambos sabiam onde aquilo os levaria, e ambos estavam prontos para seguir em frente.

O contato entre eles foi como uma explosão de sensações. Cada toque, cada beijo, cada movimento trazia uma onda de prazer que parecia varrer todas as preocupações, todos os medos. Isabela se perdeu na intensidade do momento, seus sentidos tomados por Rafael, por suas mãos, seus lábios, sua presença esmagadora.

O tempo parecia parar enquanto eles se entregavam ao desejo, seus corpos se movendo em sincronia, como se fossem feitos um para o outro. A conexão entre eles era mais profunda do que qualquer coisa que Isabela já havia experimentado. Não era apenas física – havia algo mais, algo que os unia de uma forma que ela ainda não entendia completamente.

Quando finalmente se deitaram lado a lado, ofegantes, a respiração ainda pesada, Isabela sentiu uma calma inesperada tomar conta dela. O mundo lá fora ainda existia – os desafios, os problemas, a rivalidade entre suas empresas – mas naquele momento, nada disso importava. Havia apenas eles dois, sob os lençóis, envoltos na escuridão suave do quarto, enquanto a chuva continuava a cair lá fora.

Rafael virou-se de lado, puxando-a para mais perto de si, seus dedos traçando linhas suaves em seu braço. O silêncio entre eles era confortável, e Isabela não sentiu necessidade de falar. As palavras não eram necessárias. O que quer que fosse aquilo entre eles, o que quer que estivesse se formando, não precisava de explicações.

"Isso vai complicar tudo," ela disse finalmente, sua voz um sussurro no escuro.

Rafael sorriu contra sua pele, seus lábios roçando seu pescoço. "As melhores coisas da vida costumam ser complicadas."

Ela riu baixinho, sentindo a verdade nas palavras dele. Sim, aquilo seria complicado. Mas, de alguma forma, ela já estava preparada para lidar com isso. As consequências viriam, ela sabia disso. Mas, pela primeira vez, Isabela sentiu que estava disposta a enfrentar o que viesse.

Os dedos de Rafael continuaram a acariciar sua pele, e ela fechou os olhos, permitindo-se relaxar completamente. Pela primeira vez em muito tempo, ela não sentia a necessidade de controlar tudo, de prever cada movimento. Estava disposta a deixar que as coisas acontecessem naturalmente, mesmo que isso significasse perder o controle.

"Eu não vou desistir de nós," Rafael disse, sua voz baixa, mas firme, como uma promessa.

Isabela não respondeu, mas suas mãos entrelaçadas com as dele foram a única resposta que ele precisava. Ela sabia que, independentemente do que viesse a seguir, Rafael estava certo. Eles já estavam além de qualquer ponto de retorno. Não havia mais como voltar atrás.

A chuva continuava a cair lá fora, mas dentro do quarto, o mundo parecia tranquilo, sereno. Sob os lençóis, envolta nos braços de Rafael, Isabela sentiu uma paz que há muito tempo não experimentava. E, pela primeira vez, ela se permitiu acreditar que, talvez, complicar tudo não fosse o fim do mundo.

Os Lençóis da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora