Capítulo 5: Conversas Noturnas

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A tempestade continuava forte, sacudindo as árvores e fazendo a estrutura do resort ranger levemente sob a pressão do vento. Isabela não conseguia dormir. O som da chuva batendo com força nas janelas parecia refletir o tumulto em sua mente, e o silêncio do quarto só intensificava a inquietação que a consumia. Cada vez que fechava os olhos, o rosto de Rafael surgia em sua mente, seguido pelas palavras que ele dissera mais cedo: "Eu não sou um homem que desiste facilmente."

Ela se virou pela décima vez na cama, os lençóis já amassados ao redor do corpo. Seu coração ainda batia forte no peito, como se uma parte dela estivesse em constante estado de alerta. Aquele encontro no bar, o jogo de palavras e olhares, não tinha sido apenas uma troca casual. Tinha sido um confronto – um confronto entre o desejo e a razão, e Isabela não tinha certeza de quem estava vencendo.

Depois de várias tentativas fracassadas de se acalmar, ela desistiu de tentar dormir. Levantou-se, colocando um robe sobre o pijama de seda, e caminhou até a varanda do quarto. O ar frio e úmido da noite a envolveu assim que abriu a porta, trazendo consigo o cheiro fresco da chuva. A varanda estava protegida do pior da tempestade, mas ainda assim, algumas gotas esparsas de chuva atingiam seu rosto.

Lá fora, tudo estava escuro e molhado, as luzes do resort refletindo-se nas poças d'água que se acumulavam no chão. Isabela se apoiou no corrimão, tentando deixar que o som da tempestade a acalmasse, mas sua mente continuava trabalhando, buscando respostas para perguntas que ela ainda não conseguia formular completamente.

De repente, ela ouviu passos vindos da área comum do resort, logo abaixo de sua varanda. Curiosa, ela se inclinou levemente para frente, tentando identificar a figura que caminhava no meio da tempestade. Seu coração parou por um segundo quando reconheceu a silhueta alta e imponente de Rafael.

Ele estava sozinho, caminhando lentamente pela área externa, aparentemente alheio à tempestade ao seu redor. O vento sacudia seus cabelos e a chuva molhava sua camisa branca, que começava a colar ao corpo, mas ele não parecia se importar. Havia algo quase poético na imagem dele ali, caminhando no meio da tempestade como se fosse parte dela.

Sem pensar muito, Isabela desceu as escadas em direção ao saguão principal do resort. Algo a impulsionava a ir até ele. Não sabia se era a curiosidade, o desejo ou a necessidade de confrontar os sentimentos que Rafael despertava nela, mas antes que percebesse, já estava se aproximando dele.

Quando ela finalmente alcançou a área externa, sentiu a chuva fria atingir sua pele. Ela parou por um momento, hesitando, mas então ouviu a voz de Rafael, grave e rouca, chamando-a.

"Isabela?" Ele se virou para olhá-la, os olhos escuros brilhando sob a luz fraca dos postes do resort. O tom de surpresa em sua voz era evidente, mas havia também uma ponta de curiosidade, como se ele já estivesse esperando que ela viesse.

Ela deu alguns passos em sua direção, parando a uma distância segura. "O que você está fazendo aqui fora?" perguntou, sua voz quase sendo abafada pelo som da chuva e do vento.

Rafael sorriu, um sorriso suave que fez algo dentro dela estremecer. "Eu poderia te fazer a mesma pergunta."

"Eu... não conseguia dormir," ela admitiu, cruzando os braços na tentativa de se proteger do frio. "E você?"

Ele encolheu os ombros, como se a resposta fosse óbvia. "Gosto de pensar quando está chovendo."

"Pensar sobre o quê?" Ela não sabia por que havia feito essa pergunta, mas uma parte dela realmente queria entender o que se passava na mente de Rafael Ferraz.

Ele a olhou por um longo momento antes de responder, seu olhar intenso, mas sem a provocação habitual. "Sobre escolhas. Sobre o que importa, e o que não importa." Ele deu uma risada curta, sem humor. "E sobre como, às vezes, mesmo sabendo o que devemos fazer, fazemos o oposto."

Os Lençóis da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora