Os Lençóis da Tempestade

Capítulo 15: A Segunda Tempestade

A noite avançava devagar, com o vento começando a ganhar força lá fora, fazendo as árvores balançarem sob a luz fraca dos postes que iluminavam os jardins do resort. Isabela olhava pela janela de seu quarto, absorta em pensamentos, enquanto o som distante das ondas quebrando nas rochas ecoava ao fundo. O céu estava carregado de nuvens pesadas, prenunciando uma tempestade iminente. Uma tempestade. Ela suspirou, percebendo a coincidência. Era como se o clima refletisse exatamente o que ela sentia por dentro.

A proposta de Rafael não saía de sua cabeça. Ele não havia apenas sugerido uma parceria profissional. Havia algo muito maior em jogo, algo mais profundo. Rafael não estava apenas convidando-a para trabalhar ao seu lado; ele estava propondo uma aliança em todos os níveis, misturando negócios e vida pessoal de uma maneira que a deixava inquieta. Por mais que soubesse que trabalhar com ele poderia abrir portas inimagináveis, o risco era grande demais. O que aconteceria se as coisas não saíssem como planejado? E, mais importante, o que aconteceria com o que estavam construindo entre eles se os negócios interferissem?

Enquanto observava as primeiras gotas de chuva começarem a deslizar pela vidraça, Isabela sentiu um aperto no peito. A sensação de estar presa entre duas escolhas, igualmente tentadoras e igualmente perigosas, estava se tornando insuportável. Ela sabia que não poderia evitar a decisão por muito mais tempo. Rafael esperaria por uma resposta, e ela precisava estar pronta.

O som de uma batida suave na porta a tirou de seus devaneios. Isabela franziu a testa, surpresa com a visita inesperada àquela hora da noite. Ela caminhou até a porta, abrindo-a com cautela. E, como se estivesse previsto, lá estava ele.

Rafael estava parado no corredor, o cabelo ligeiramente bagunçado pelo vento que já soprava forte do lado de fora. Ele parecia ter caminhado rapidamente até ali, o olhar intenso e decidido. Seus olhos brilhavam sob a luz suave do corredor, mas havia algo diferente em sua postura. Ele estava mais sério, quase preocupado.

"Rafael," Isabela disse, a surpresa em sua voz evidente. "O que você está fazendo aqui?"

Ele deu um passo para dentro, sem esperar um convite formal. Fechou a porta atrás de si, agora protegido do vento que já começava a uivar lá fora. "Eu precisava falar com você," ele disse, sua voz grave e cheia de urgência. "Eu não podia deixar isso para amanhã."

Isabela recuou um pouco, sentindo a intensidade da presença dele preencher o quarto pequeno. Ela cruzou os braços, tentando criar uma barreira entre eles, embora soubesse que era inútil. "O que houve? Por que tanta urgência?"

Rafael passou a mão pelos cabelos, claramente lutando para encontrar as palavras certas. "Depois que te fiz a proposta, percebi que talvez eu tenha te pressionado demais. Eu pensei que poderia te dar tempo, que poderia esperar você processar tudo isso. Mas a verdade é que..." Ele hesitou por um momento, os olhos dela fixos nele, como se buscassem algum tipo de resposta. "A verdade é que eu não consigo esperar. Não com você."

Isabela sentiu o coração acelerar. Ele estava falando de mais do que negócios, e ela sabia disso. O desejo que os envolvia, a intensidade crescente entre eles, tudo isso estava prestes a se romper. E, de repente, a tempestade lá fora parecia minúscula em comparação com o que estava prestes a acontecer dentro daquele quarto.

"Rafael, eu..." Ela tentou falar, mas ele interrompeu, dando um passo mais perto.

"Não é só sobre a proposta, Isabela," ele disse, sua voz baixa, quase rouca. "Não é só sobre trabalho ou negócios. É sobre o que eu sinto por você. E eu sei que você sente também." Ele estendeu a mão, tocando o rosto dela suavemente, como se estivesse esperando para ver se ela o afastaria.

Isabela ficou paralisada por um momento, sentindo o toque dele e o calor que se espalhava por seu corpo. O que ele dizia era verdade. Ela sentia aquilo com a mesma intensidade, mas não sabia como lidar com isso. Havia tanto em jogo – sua carreira, sua reputação, e, principalmente, seu coração.

"Rafael, isso é complicado," ela murmurou, sua voz quase um sussurro. "Você sabe o que está pedindo. Está pedindo mais do que eu estou pronta para dar."

Ele não recuou. "Eu sei que é complicado," ele disse, os dedos deslizando pela linha do queixo dela, como se estivesse tentando memorizar cada detalhe. "Mas você tem que me dizer agora, Isabela. Você quer isso tanto quanto eu?"

A pergunta pairou no ar, carregada de significado. Você quer isso? Ela sabia que ele não estava falando apenas da proposta profissional. Ele estava perguntando sobre eles, sobre o que estavam construindo, sobre o desejo que crescia entre eles a cada momento. Isabela sentiu a tensão aumentar, o ar ao redor deles quase vibrando com a intensidade do momento.

Ela fechou os olhos por um segundo, tentando encontrar uma resposta. Mas a única coisa que conseguia sentir era o coração batendo forte, como se já soubesse o que queria, mesmo que sua mente resistisse.

"Sim," ela sussurrou finalmente, abrindo os olhos e encontrando os de Rafael. "Eu quero."

Isso foi tudo o que ele precisava ouvir. Em um movimento rápido, ele a puxou para perto, seus lábios encontrando os dela com uma urgência que fazia parecer que o mundo ao redor deles estava desmoronando. O beijo era intenso, cheio de desejo reprimido, de emoções que haviam sido contidas por tempo demais. E, naquele momento, nada mais importava.

As mãos de Rafael se moveram pelo corpo dela, segurando-a firme contra ele, como se temesse que ela pudesse mudar de ideia a qualquer momento. Mas Isabela não tinha intenção de recuar. Ela o desejava tanto quanto ele a desejava, e a certeza disso a preenchia com uma força incontrolável.

O som da chuva batendo contra as janelas parecia se intensificar, como se a tempestade lá fora estivesse ecoando a tempestade que acontecia dentro deles. Os dois se moveram até a cama, sem parar de se beijar, e quando finalmente caíram sobre os lençóis, Isabela sentiu que não havia mais espaço para dúvidas.

Rafael a olhou nos olhos, os corpos entrelaçados, e havia algo diferente em seu olhar agora. Não era apenas desejo; havia uma vulnerabilidade que ele raramente mostrava, um lado dele que poucas pessoas conheciam. "Eu não sei aonde isso vai nos levar," ele disse suavemente, sua voz rouca. "Mas eu estou disposto a descobrir, se você estiver."

Isabela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A intensidade do momento, a proximidade entre eles, tudo parecia estar acontecendo tão rápido, mas ao mesmo tempo, era exatamente o que ela queria. "Eu também estou disposta," ela respondeu, sua voz firme, mas ainda carregada de emoção.

O que seguiu foi um turbilhão de emoções e desejo. Cada toque, cada beijo, parecia incendiar algo dentro dela. O tempo pareceu parar enquanto eles se entregavam completamente um ao outro, como se toda a tensão acumulada finalmente tivesse encontrado uma válvula de escape.

Quando finalmente se deitaram lado a lado, ofegantes e exaustos, o som da chuva lá fora havia se tornado um ruído constante, quase reconfortante. A tempestade continuava a bater contra as janelas, mas dentro do quarto, havia uma calma estranha, uma sensação de completude.

Rafael virou-se para ela, seus olhos ainda brilhando sob a luz fraca do abajur. Ele sorriu, um sorriso que parecia carregar tanto alívio quanto desejo. "Agora, você entende por que eu não podia esperar?" ele perguntou, a voz suave.

Isabela riu baixinho, ainda sem fôlego. "Eu acho que sim."

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, apenas ouvindo o som da chuva e da respiração um do outro. Havia um entendimento entre eles agora, algo que ia além de palavras ou de qualquer proposta profissional. O que quer que fosse, era real. E, pela primeira vez, Isabela se permitiu acreditar que talvez, só talvez, isso pudesse dar certo.

"Agora, o que fazemos?" ela perguntou finalmente, sua voz baixa, mas sem o peso da preocupação que antes a assombrava.

Rafael sorriu, puxando-a para mais perto. "Agora, enfrentamos o que vier juntos."

E, enquanto a tempestade continuava a uivar do lado de fora, Isabela soube que, por mais desafios que enfrentassem a partir dali, eles fariam isso juntos. E, naquele momento, isso era tudo o que importava.