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Eu tinha 18 anos quando assumi o morro. Não vou mentir e dizer que foi fácil, que tudo caiu no meu colo de bandeja só porque eu era a filha do Carlos Picon, o homem mais temido e respeitado daqui...
Não foi assim. Pelo contrário, levou dois anos inteiros até que todos entendessem de uma vez por todas que eu, Jade Picon, era a dona de tudo...
Não foi só o respeito que precisei conquistar; eu tive que arrancá-lo à força, me impor, mostrar que não era só a filha mimada que herdou tudo isso sem saber o que estava fazendo...
No início, eles achavam que podiam me testar. Todos. Alguns tentaram tomar o poder à força, outros se aproveitaram da minha dor, da minha perda, achando que eu estava frágil demais para reagir...
Afinal, eu era apenas uma garota de 18 anos, que acabara de perder o pai, o maior líder que essa favela já teve. Para eles, eu era só uma menina, alguém que poderia ser facilmente manipulada ou descartada...
Eu precisei provar, com sangue e bala, que as coisas não eram bem assim...
Logo nas primeiras semanas após a morte do meu pai, alguns dos antigos aliados começaram a mostrar suas verdadeiras intenções...
Disseram que me ajudariam, que estariam ao meu lado, mas bastou eu virar as costas para as traições começarem. Um dos primeiros foi o Jota, um cara que cresceu ao lado do meu pai, alguém que, teoricamente, deveria ser como um tio pra mim...
Ele foi o primeiro a tentar tomar meu lugar, reunindo uma galera para tentar me derrubar...
Jota: Você é só uma menina, Jade. Não tem a menor ideia de como funciona o jogo de verdade— ele me disse, na minha cara, numa reunião que fizemos para discutir o futuro da favela.
Eu olhei para ele e senti a raiva queimando dentro de mim. Minha vontade era de matar ali, naquele momento, mas eu sabia que precisava ser mais inteligente que isso...
Eu não podia parecer precipitada, então aguardei o momento certo...
Naquela noite, marquei um encontro com ele no galpão onde meu pai costumava resolver seus problemas. Eu sabia que Jota viria confiante, achando que estava no controle da situação. Mas eu estava pronta...
Quando ele chegou, os homens que ainda eram leais ao meu pai o cercaram, e eu mesma puxei a arma...
Jade: Você achou que ia ser fácil me derrubar, Jota?— perguntei, mantendo a calma que aprendi com meu pai. — Achou que porque eu sou mulher, nova, você ia me enganar e assumir tudo?
Jade: Eu cresci vendo como esse jogo funciona. Eu sei exatamente o que fazer. E você vai ser o exemplo para todos que pensarem em me subestimar.
