Cap.32 Reencontro

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O aniversário de Léo estava a todo vapor. A música alta e a energia da festa preenchiam a favela, e a noite estava apenas começando...

Depois de muita insistência de Léo, PA decidiu finalmente aparecer, embora relutante. Ele sabia que Jade estaria lá, e, depois de um ano de separação, a simples ideia de vê-la fazia seu estômago revirar...

No entanto, para não dar tanta importância à presença dela, ele decidiu levar Gabi, uma garota com quem ele andava saindo. Nada sério, mas o suficiente para manter a cabeça ocupada e o coração distraído, ou ao menos tentar...

Quando PA entrou na festa com Gabi ao seu lado, a presença dele foi imediatamente notada por Jade. Ela estava em um canto, cercada por alguns amigos, mas seus olhos não puderam evitar ir diretamente para ele...

A visão de PA de mãos dadas com outra mulher fez seu coração acelerar, mas ela manteve a expressão fria...

"Você não pode se importar", repetia a si mesma. Mas a verdade é que cada célula do seu corpo ardia de ciúme...

Do outro lado, PA tentava fingir normalidade. Ele cumprimentou algumas pessoas e conversava casualmente, mas, inevitavelmente, seus olhos a procuraram...

E lá estava ela, linda, imponente, exatamente como ele se lembrava. Só que dessa vez, Jade não estava sozinha. Ela também parecia estar se divertindo, próxima demais de um cara que ele nunca havia visto antes...

O peito de PA queimava ao ver aquele estranho tão perto dela. O ciúme crescia, como uma chama incontrolável, mas ele se forçava a manter a postura...

Jade, percebendo que PA a observava, decidiu revidar à altura. Se ele estava com outra, ela também poderia. Sem pensar muito, ela puxou o cara para mais perto e o beijou, não pelo desejo em si, mas como uma forma de mostrar a PA que ela também seguira em frente. Mas, por dentro, ela estava se corroendo...

PA viu a cena e sentiu o sangue ferver. Ele apertou a mão de Gabi, tentando não demonstrar o que sentia. Ele não tinha o direito de ficar com ciúmes, não depois de tudo o que aconteceu, mas ainda assim, lá estava ele, se corroendo por dentro...

Sem conseguir se conter, ele também puxou Gabi para mais perto e a beijou, talvez com mais intensidade do que sentia, só para que Jade visse que ele também podia...

E ela viu. E isso a machucou mais do que ela esperava. A tensão entre os dois era palpável. Era como se o ar ao redor deles estivesse carregado de uma energia pesada, inegável, e todos ao redor podiam sentir isso, inclusive Léo, que percebeu a troca de olhares entre os dois...

Depois de algumas horas de festa, Léo, cansado de ver os dois tentando se machucar mutuamente, decidiu intervir...

Ele se aproximou de PA enquanto Gabi foi no banheiro e deu um leve empurrão no amigo...

Léo: Você tem que resolver isso, cara - disse com firmeza. - Tá na cara que vocês ainda sentem alguma coisa um pelo outro.

PA: Não dá, Léo - respondeu PA, suspirando - Ela... as coisas entre a gente não podem ser consertadas.

Léo: Pode até ser, olha eu e você, nossa amizade, eu te perdoei pelo seu pai e você me perdoou pelo meu pai

PA: A situação com a Jade é diferente

Léo: Não, não é!... os dois só estão com ego ferido... Para de agir como se isso não te afetasse. Olha, ela tá ali, do outro lado da sala, fazendo a mesma coisa que você. Vocês estão tentando se machucar, mas no fundo só estão machucando a si mesmos.

PA olhou para o chão, tentando digerir as palavras de Léo. Ele sabia que o amigo estava certo. Então, depois de mais alguns minutos de indecisão, ele finalmente tomou coragem...

Se levantou e, sem dizer nada para Gabi, foi até Jade...

Jade sentiu a presença dele antes mesmo de se virar. Ela sabia que ele estava vindo em sua direção. Quando PA parou à sua frente, os dois ficaram em silêncio por um longo tempo, apenas se olhando...

O peso de um ano de distância, de mágoas e saudades, estava ali entre eles, como uma muralha invisível...

PA: Por que você tá fazendo isso?

Jade: Eu que te pergunto - respondeu firme

Jade: Você trouxe ela aqui, pra quê? Pra esfregar na minha cara que seguiu em frente?

PA: Eu não... Eu na verdade nem sei o que eu tô fazendo - ele admitiu, passando a mão pelo cabelo, nervoso

Jade sentiu o coração apertar. A raiva e o ciúme que ela vinha alimentando durante a festa começaram a desmoronar...

Jade: Eu também - ela murmurou, quase sem forças.

Jade: Mas não importa, Paulo André. A gente... A gente não pode ficar juntos. Não depois de tudo.

Aquelas palavras soaram como uma sentença final, mas, ao mesmo tempo, nenhum dos dois conseguiu se afastar...

O silêncio entre eles foi preenchido pela batida da música ao fundo, mas parecia que o mundo ao redor havia desaparecido...

Sem pensar, PA se aproximou mais, e antes que pudessem processar, os dois estavam se beijando. O beijo era urgente, desesperado, como se fosse a última chance de recuperar o que haviam perdido...

Jade tentou resistir por um segundo, mas logo se entregou. Toda a dor, o amor e o desejo reprimidos por tanto tempo vieram à tona naquele momento...

Mas quando o beijo terminou, a realidade voltou a bater. Eles sabiam que ainda havia muito a ser resolvido, muitas feridas abertas que não poderiam ser ignoradas...

Jade deu um passo para trás, respirando fundo...

Jade: Isso não muda nada - ela disse, embora sua voz traísse sua verdadeira vontade.

PA: Não muda nada mesmo

E com isso, ele se afastou. Eles estavam mais distantes do que nunca, mas ao mesmo tempo, a faísca entre eles nunca havia sido tão forte...

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