Cap.30 A dor da verdade

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1 semana depois...

A semana que se seguiu ao tumulto emocional de Jade foi marcada por um silêncio ensurdecedor...

Ela não conseguia tirar da cabeça a imagem do pai de Paulo André, um homem que, para ela, era sinônimo de dor e vingança. A verdade revelada se transformou em uma sombra que pairava sobre seus sentimentos por ele, e a cada dia que passava, seu coração se tornava mais pesado...

O impulso de fugir dele parecia a única opção viável, mas a paixão que havia florescido entre eles não se apagava tão facilmente...

A insistência de PA em procurá-la tornou-se uma fonte de ansiedade. Ele aparecia na favela, esperava na entrada, e sempre que tentava subir, Lipe e Gaigher o afastavam a mando da Baronesa...

Mas a determinação de PA era como uma rocha inabalável, e, apesar de todas as barreiras que ela erguia, ele continuava a lutar pelo que acreditava ser o amor deles...

Depois de uma semana de ausência, Jade finalmente cedeu. A vontade de ver PA, mesmo que fosse para acabar com tudo de uma vez, se sobrepôs ao medo que sentia...

Com um misto de nervosismo e expectativa, ela permitiu que ele subisse à sua casa. Ao abri-la, viu PA parado ali...

PA: O que está acontecendo? — ele perguntou, sua voz baixa e cheia de apreensão. — Você sumiu, e eu não entendo por quê. Foi alguma coisa que minha mãe disse? Foi algo que eu fiz?

Jade sentiu seu coração disparar. Ela queria explicar, mas as palavras pareciam ficar presas em sua garganta...

Jade: PA, por favor, vai embora. Não dá pra gente ficar mais juntos — disse ela, tentando manter a firmeza, mas sua voz traiu sua fragilidade.

A expressão dele se endureceu, e ele deu um passo à frente, desafiando sua decisão...

PA: Não, eu não vou sair daqui até você me dizer o porquê.

O desafio em seu olhar a fez hesitar. O que era certo e o que era desejado pareciam se confundir em sua mente. Com um suspiro profundo, Jade decidiu que não podia mais se esconder...

Precisava encarar a verdade, mesmo que isso significasse partir seu próprio coração...

Jade: Eu não te conheço de hoje, PA. Eu te conheço desde quando você tinha 14 anos.

PA: Como assim? — ele disse, confuso - Você está delirando ???

Jade: Não estou delirando. Eu conheço a sua família há muito tempo. Seu pai era policial, não era? — O coração dela disparou ao lembrar da dor que aquele homem causou.

Ele acenou afirmativamente, seu semblante ainda mais confuso...

PA: Como você sabe disso se eu não te contei?

Jade: Eu sei porque foi o seu pai que matou meu pai, e fui eu quem o matou. Eu me vinguei do seu pai matando ele.

A revelação caiu sobre PA como um raio, atordoando-o. As palavras de Jade ecoaram em sua mente, cada sílaba uma facada...

Ele a olhou nos olhos, com o choque se transformando em dor. Durante anos, ele sentira uma raiva cega pela mulher que tirou a vida de seu pai, mas agora, de repente, ela estava ali, diante dele, o pior ele a ama, e é incapaz de fazer qualquer coisa com ela...

Jade: PA, você tem que entender...

PA: Entender? Como eu posso entender que a mulher que amo é a mesma que matou meu pai? — Ele estava ferido, e a cada palavra que dizia, a dor se tornava mais real. — Como posso amar alguém que fez isso?

O silêncio se instalou, pesado e angustiante. Jade percebeu que a raiva dele não era contra ela, mas contra a situação que os unia...

Ela se sentia em um abismo sem fundo, mergulhando em um mar de culpa e tristeza...

PA: Eu não tenho coragem de fazer com você o que você fez com meu pai, mesmo que tenha jurado pra ele no dia do seu enterro que faria— disse, a voz agora embargada. — Eu amo você, Jade. E Isso me corrói por dentro 😭

As lágrimas escorriam pelo rosto de Jade enquanto ela ouvia aquelas palavras. Ela sabia que a situação era insuportável, que o amor que um dia os unira agora os dividia de forma cruel...

Ele se virou, seu corpo tremia com a luta interna que travava, e, em um gesto de desespero, ele começou a pegar suas coisas...

Jade: Agora você entende por que não podemos ficar juntos, não é? — murmurou, a tristeza em sua voz refletindo a realidade brutal que estavam vivendo.

Ele confirmou com um gesto de cabeça, os olhos fixos no chão. O coração de Jade se despedaçou ao ver a expressão dele, uma mistura de dor e decepção...

PA:Eu preciso ir — ele disse finalmente, sua voz baixa e cheia de dor.

Enquanto ele saía, Jade sentiu um vazio se instalar em seu peito. A porta se fechou atrás dele, e o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ela não sabia como continuar...

O amor que sentia por ele ainda ardia, mas a realidade agora era um labirinto de dor e arrependimento...

Assim que a porta se fechou, Jade desabou em lágrimas. O peso da culpa a atingiu como um tsunami. Ela se sentia sozinha em uma casa que antes era cheia de risos e amor, agora transformada em um túmulo para o relacionamento que um dia tivera com PA...

Cada lágrima que escorria representava uma parte de seu coração que se despedaçava. A dor da perda era quase insuportável...

Agora, tudo o que restava era o silêncio e a certeza de que o amor deles, assim como o passado, não poderia ser esquecido, mas sempre seria lembrado com dor💔...

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