Cap.13 Conversa

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Jade saiu da casa em um impulso. O som da festa já não importava mais, e a raiva que sentira antes havia se transformado em uma confusão de emoções que ela não conseguia mais ignorar...

Ela precisava falar com PA precisava esclarecer o que estava sentindo. Caminhou rápido pelo quintal, o olhar atento buscando por ele no meio das pessoas...

Jade: Léo! — Ela chamou ao avistar o irmão, que estava conversando com um grupo de amigos.

Léo virou para ela, confuso com a urgência na voz da irmã...

Jade: Cadê o flamenguista? — perguntou, com a respiração acelerada.

Léo ergueu as sobrancelhas, surpreso com o tom dela...

Léos Ele já foi embora, maninha.

Jade sentiu um nó se formar em sua garganta. "Foi embora?", pensou...

Ela não podia deixar assim, não agora. Sem pensar duas vezes, ela correu em direção à sua moto, o coração batendo mais rápido a cada segundo...

Deu partida, acelerando pela favela como se estivesse fugindo de algo – ou, talvez, correndo em direção a algo que ela sabia que precisava enfrentar...

Chegando ao pé do morro, avistou PA caminhando sozinho. Ele estava com a cabeça baixa, mãos nos bolsos, claramente frustrado. Jade parou a moto bruscamente em frente a ele, fazendo-o olhar surpreso...

PA: Me deixa, Baronesa...Você é muito confusa, e eu já tô ficando louco com isso.

Jade respirou fundo, sentindo a culpa apertar seu peito. Mas ela não se moveu. Manteve-se firme, encarando-o com uma expressão decidida...

Jade: Sobe aí, Flamenguista. Precisamos conversar

Ele hesitou por um momento, claramente lutando contra o desejo de se afastar e a curiosidade de saber o que ela tinha a dizer. Depois de alguns segundos, soltou um suspiro pesado e, contra o próprio instinto, subiu na moto...

Sem dizer mais nada, Jade acelerou, subindo para o ponto mais alto da favela. O vento batia no rosto dos dois, e a tensão entre eles só crescia à medida que Jade os levava para longe de tudo que estava ao redor...

Chegaram ao "morinho", um dos pontos mais altos da favela, onde a vista da favela era deslumbrante. Jade desligou a moto e desceu, sem olhar diretamente para Paulo André, que também desceu e ficou parado por um momento, esperando que ela falasse...

Ela se sentou no muro, com os olhos fixos na vastidão da cidade abaixo. PA hesitou por alguns segundos, mas logo se sentou ao lado dela, sem quebrar o silêncio...

Depois de um tempo, Jade começou a falar, sua voz baixa, mas carregada de emoção...

Jade: Tá vendo tudo isso aqui? — Ela fez um gesto amplo, indicando a favela inteira à sua volta. — Isso tudo é meu. Eu comando isso tudo, Paulo André. Desde que eu tinha 18 anos, eu assumi tudo depois que meu pai morreu. Foi difícil, mas eu consegui. Tive que vestir uma capa... — Jade parou, engolindo em seco. — Tive que me transformar na Baronesa, a mulher que todos temem.

Ele ficou em silêncio, ouvindo cada palavra dela com atenção, sentindo que algo muito profundo estava sendo revelado naquele momento...

Jade nunca havia sido tão vulnerável na frente dele antes. Ele via o lado forte dela, o lado implacável, mas agora... agora era diferente...

Jade: Desde aquele dia — continuou ela — Eu não me permiti ser vulnerável de novo. Eu tinha que ser forte, tinha que comandar, tinha que sobreviver. Mas aí... — Ela parou por um segundo, tentando controlar as lágrimas que começavam a se formar. — Aí eu me apaixonei.

Jade: Me tornei noiva de um cara chamado Gabriel. Eu era muito apaixonada por ele. A gente era feliz, sabe? Até descobrirem nossa relação, e o cara de uma facção rival matou ele.

Jade respirou fundo, tentando manter o controle, mas a dor em sua voz era evidente. PA a observava em silêncio, sem saber o que dizer, mas sentindo o peso da história dela...

Jade: Eu sofri tanto... Tive que ouvir no enterro dele, da própria mãe dele, que eu fui a culpada pela morte dele. — As lágrimas finalmente começaram a cair, e Jade virou o rosto, tentando escondê-las.

Jade: Desde aquele dia, eu prometi pra mim mesma que nunca mais ia amar ninguém. Nunca mais ia deixar alguém entrar na minha vida louca. Não podia deixar isso acontecer de novo.

Ela parou, respirando fundo, tentando se recompor. PA estava em silêncio, seu coração apertado ao ver Jade daquele jeito. Ele nunca a imaginou tão frágil, tão humana...

A Baronesa que ele conhecia estava desaparecendo, e uma mulher diferente, mais real, estava tomando seu lugar...

Jade: Aí você apareceu — disse, finalmente olhando para ele — E você mexe comigo, Paulo André. Você mexe com tudo isso que eu tentei esconder por tanto tempo. Isso me assusta.

Jade: Eu não quero que nada de ruim aconteça com você. Não é que eu não goste de você. Eu gosto. Eu me sinto atraída por você. Mas eu simplesmente não posso...

Jade não conseguiu terminar a frase. As palavras estavam presas em sua garganta, e as lágrimas caíam livremente agora...

PA, completamente impressionado com tudo que estava ouvindo, sentiu um nó na garganta também. Ele nunca havia imaginado ver Jade tão vulnerável, tão aberta. E isso só o fez sentir ainda mais vontade de estar com ela...

Ele se aproximou um pouco mais, sua expressão suave, sem o tom de brincadeira de antes...

PA: A Jade Eu não sabia disso tudo — ele disse, com sinceridade. — Mas agora que sei, eu só consigo querer estar mais perto de você. Você acha que tá me afastando, mas tudo isso só me faz querer ficar do seu lado ainda mais.

Jade o olhou, surpresa com as palavras dele. Ela não sabia o que esperar, mas definitivamente não achou que ele responderia daquele jeito...

PA: Eu não sou como os outros caras,Baronesa. Eu não vou embora só porque você tem um passado complicado. Eu não tô aqui pra te julgar ou pra te cobrar nada. — estendeu a mão, limpando delicadamente uma lágrima que ainda escorria pelo rosto dela.

PA: Eu tô aqui porque eu quero você. A mulher que você é de verdade, por trás da Baronesa.

Jade sentiu seu coração acelerar. As palavras dele a atingiam de uma maneira que ela não sabia como lidar. Ela queria resistir, queria manter o controle, mas o olhar dele, a forma como ele a via... Era diferente de tudo que ela já tinha experimentado...

PA deu mais um passo em direção a ela, aproximando-se lentamente. Jade não recuou. Ela sentiu a respiração dele perto, o calor do corpo dele, e o coração dela disparou...

Pela primeira vez em muito tempo, ela estava disposta a abaixar a guarda...

PA: Eu tô aqui. E eu não vou a lugar nenhum, a não ser que você me mande embora de verdade.

Ela o encarou por alguns segundos, o silêncio entre eles carregado de emoção...

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Vem aí o beijo ❤️‍🔥...

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