Cap.31 1 ano depois

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O ano que se passou desde a separação de Jade e PA foi marcado por um vazio angustiante para ambos...

Embora a vida tivesse seguido em frente de maneiras diferentes para cada um, o amor que um dia compartilhavam continuava preso dentro deles, sufocando-os a cada passo que davam...

A distância não diminuiu a dor, mas a tornou um fardo mais silencioso e corrosivo, um lembrete constante de que certas coisas são impossíveis de apagar...

Paulo André, agora formado em contabilidade e trabalhando em um bom emprego, tentava reconstruir sua vida, colocando toda a sua energia no trabalho e em novos contatos...

Ele conheceu outras mulheres nesse processo. Saía para festas e encontros, seus amigos o incentivavam a se divertir, a se livrar do passado e seguir em frente. Ele tentava, realmente tentava...

Algumas noites, até encontrava um pouco de paz nos braços de outra pessoa, mas ao final de cada encontro, sempre havia aquele sentimento de vazio...

Nenhuma mulher que conheceu era como Jade. Nenhuma o fazia sentir a eletricidade que Jade despertava em cada toque, em cada olhar. Ele não conseguia esquecer o brilho nos olhos dela, aquela intensidade que o arrastava para um abismo de emoções incontroláveis...

Ele se culpava por isso. Como ele ainda podia amar tanto uma mulher que havia tirado a vida de seu pai? Ele desejava poder apagá-la de sua mente, seguir em frente de verdade, mas Jade era como uma cicatriz permanente, uma marca que ele carregaria para sempre...

Enquanto Paulo André enfrentava sua luta interna, Jade mergulhava cada vez mais fundo em sua persona de "Baronesa"...

Ela se tornara ainda mais fria e impenetrável do que antes. A mulher que um dia havia se permitido amar, que havia se entregado de corpo e alma a Paulo André, agora parecia não mais existir...

Em vez disso, ela voltou a ser a chefe temida da favela, calculista, sempre três passos à frente de qualquer um...

Ela construía suas defesas emocionais como um castelo, reforçando as muralhas a cada dia. Ninguém se aproximava demais, ninguém a tocava de verdade...

As pessoas ao seu redor eram meros peões, ferramentas para serem usadas e descartadas sem qualquer hesitação. A Baronesa estava de volta, mais implacável do que nunca, e ela não tinha espaço em sua vida para sentimentos...

O amor a havia quebrado duas vezes, e ela não se permitiria ser machucada de novo...

No entanto, em meio ao caos de sua vida calculada, Jade ainda pensava em PA. A imagem dele aparecia em sua mente nos momentos mais inesperados, nos intervalos de silêncio, nas noites solitárias em que o peso do passado se tornava insuportável...

E Ela tentava afastar esses pensamentos, lembrando a si mesma de que o passado havia ficado para trás, de que ela não podia mais se permitir sentir. Mas a verdade era que ela sentia, e muito...

A ausência dele era como um buraco negro que sugava sua energia, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que não podia voltar...

Jade estava convencida de que o amor que sentia por PA era algo impossível de se sustentar. Eles eram de mundos diferentes, de realidades que se chocavam em uma tragédia que nenhum dos dois poderia desfazer...

Assim, ela seguia sozinha. Trancada em seu próprio mundo, Jade reinava sobre seu império de medo e respeito...

A Baronesa estava de volta, mais forte e mais temida do que nunca. Mas, por dentro, havia uma mulher quebrada, cujas cicatrizes ainda ardiam...

E enquanto ela mantinha sua máscara impenetrável, uma parte dela sempre seria de PA, mesmo que ela nunca admitisse isso para si mesma...

PA, por sua vez, mesmo tentando seguir em frente, não conseguia apagar Jade de seu coração. Por mais que ele desejasse que as coisas fossem diferentes, o amor que sentia por ela ainda pulsava dentro de si, lutando contra a raiva e a dor...

Ele sabia que, de alguma forma, ela sempre estaria com ele, como um fantasma que ele não podia ignorar...

Os dois estavam presos, como se suas almas estivessem entrelaçadas por fios invisíveis de amor e dor, e, mesmo separados, ainda estavam ligados...

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