A Dona da Favela

Cap.33 Conselho de mãe (PA)

No dia seguinte, Paulo André desceu as escadas de casa com os pensamentos ainda agitados pela noite anterior...

A festa de Léo havia terminado em confusão, e ele sabia que sua mãe, Mari, tinha ouvido tudo. Gabi, furiosa, havia ido embora, jogando palavras duras na direção dele...

Ela estava certa em estar irritada afinal, ele a beijou para esquecer Jade, mas quando Jade estava ali, perto demais para ignorar, não conseguiu evitar...

O beijo com Jade havia trazido à tona tudo o que ele tentou enterrar no último ano, todo o amor e a dor...

Ao chegar na cozinha, Mari estava sentada à mesa tomando seu café. Assim que PA entrou, ela o olhou com a preocupação de uma mãe que conhece bem o filho...

Mari: Filho, senta aqui...A gente precisa conversar.

Ele suspirou e se sentou. Sabia que essa conversa viria, mas não estava pronto para ela. Não sabia por onde começar, e, pela expressão de Mari, ela já sabia de tudo...

Mari: Eu ouvi quando você chegou ontem...E também ouvi a briga com a Gabi. Paulo, o que está acontecendo com você?

PA olhou para as mãos, sem saber como explicar. Ele sabia que a mãe merecia uma resposta, mas suas emoções estavam todas embaralhadas...

PA: Mãe... Eu não sei. Eu achei que estava tudo bem, que eu tinha superado a Jade... Mas quando eu a vi ontem, tudo voltou. E eu não consegui me controlar. Eu... Eu amo ela, mas eu não posso.

Mari colocou a mão sobre a de PA, apertando-a com carinho...

Mari: Filho, eu entendo que isso seja confuso pra você. A Jade... Ela não é uma mulher fácil de esquecer. E pelo que vi, vocês têm algo muito forte, não é? Mas me diz uma coisa, o que você realmente sente?

PA balançou a cabeça, lutando para encontrar as palavras...

PA: Eu sinto que quero muito ser feliz com ela, mãe. Mas como posso ficar com a mulher que matou o meu pai? Não seria uma traição com ele?

Mari suspirou profundamente. Sabia que essa era a verdadeira dor de PA, a barreira que ele não conseguia superar...

Mari: Eu sei que isso é difícil, meu filho, mas deixa eu te falar uma coisa. Seu pai... ele não era um santo. Ele fez muitos inimigos ao longo da vida, e eu sei que, no fundo, você sabe disso. O trabalho dele não foi fácil, ele precisou tomar decisões duras.

Mari: Mas você tem que entender que o que aconteceu entre a Jade e seu pai foi muito antes de você conhecer ela. E, sinceramente, você já parou pra pensar no que ele fez com a vida dela?

PA ficou quieto, olhando para o chão enquanto o peso das palavras de Mari afundava em sua mente. Tudo o que ele carregava no peito, a dor, a raiva, a culpa, começou a se reorganizar...

O que ele sentia por Jade nunca foi simples, e a morte de seu pai sempre foi uma sombra entre eles. Mas, ali, sentado à mesa, ele percebeu que sua mãe tinha razão...

Viver carregando esse rancor só estava destruindo a sua própria felicidade...

PA: Eu... eu acho que nunca consegui olhar pra isso assim, mãe - disse ele, finalmente erguendo os olhos

PA: Eu estava tão preso na dor da perda, que nunca consegui ver o que a Jade passou. E agora, só de pensar nela, de pensar em tudo que a gente poderia ter, meu coração dói. Mas, ao mesmo tempo, tem o peso de tudo isso.

Mari: Eu sei que é difícil, meu filho. Mas às vezes o amor pede sacrifícios, e o maior sacrifício que você pode fazer agora é deixar o passado ir.

Mari: Eu não estou pedindo pra você esquecer o seu pai, mas pra você aceitar que o que aconteceu foi fruto de uma série de circunstâncias difíceis.

PA respirou fundo, sentindo seu coração acelerar com a decisão que ele sabia que precisava tomar...

PA: Eu preciso falar com ela, mãe. Preciso... perdoar a Jade. Não posso continuar assim. Eu... Eu a amo. Sempre amei. E não importa o que aconteceu no passado, eu quero ela na minha vida.

Mari sorriu, com o olhar cheio de orgulho...

Mari: Eu sabia que você chegaria a essa conclusão, Paulo. Você tem o coração bom. Vá atrás dela. Faça o que tem que ser feito.

Ele assentiu, decidido...

PA: Obrigado, mãe. Por tudo.Te amo - abraçou Mari

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