Cap.5 Baronesa

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Quatro dias depois, sexta-feira...

O dia do baile chegou rápido, mais rápido do que eu imaginava. Durante toda a semana, eu estava com a cabeça no trabalho da faculdade, nos projetos de contabilidade que estavam acumulando, mas, no fundo, uma parte de mim estava ansiosa para essa festa...

Eu nunca tinha ido em um baile de favela antes. Na verdade, era o tipo de evento que eu provavelmente evitaria, mas o Léo tinha um jeito de te convencer a fazer as coisas, e eu me deixei levar...

Não era só o baile. Era a curiosidade. Eu queria ver como as coisas funcionavam por lá...

Na sexta-feira, depois de sair da aula, encontrei com o Léo no estacionamento da faculdade...

Léo:E aí, tá pronto?

PA: Nem sei, cara. Você me conhece, né? Não sou muito de festa assim.

Léo: Relaxa, mano. Você vai curtir. É uma vibe completamente diferente. É o melhor baile que você vai ver na vida. Te prometo.

PA: Vou confiar, hein? — eu ri, tentando esconder um pouco o nervosismo.

Combinei com ele que nos encontraríamos na entrada da favela. Eu voltei para casa, tomei um banho e me arrumei. Coloquei uma roupa mais casual, mas nada muito chamativo...

Minha mãe, como sempre, estava de olho...

Mary: Vai sair? — ela perguntou, observando cada detalhe enquanto eu amarrava os cadarços do tênis.

PA: Vou, mãe. Uma festa com o pessoal da faculdade.

Mary: Festa? Onde?

PA: Ah, em um lugar aí... coisa de faculdade. Não se preocupa, vou voltar cedo.

Eu sabia que, se dissesse a verdade, que estava indo para um baile de favela, ela nunca me deixaria ir....

Minha mãe  sempre foi superprotetora, ainda mais depois da morte do meu pai. Ela tinha um medo constante de que eu fosse me meter em alguma confusão, e, pra ser honesto, eu não podia culpá-la...

Ela tinha passado por muita coisa, e eu não queria dar mais motivos pra ela se preocupar...

Saí de casa e pedi uma moto Uber até a entrada da favela onde tinha combinado de encontrar o Léo. O trajeto foi rápido, mas cada quilômetro parecia aumentar minha ansiedade...

Quando cheguei, o Léo já estava lá, de braços cruzados e com aquele jeito despreocupado de sempre...

Léo/ Aí, finalmente! Bora? — ele disse, me dando um tapa nas costas.

Subimos pela rua estreita e íngreme. A favela era um labirinto de vielas, cada uma com sua própria vida...

As pessoas estavam nas portas de casa, algumas crianças correndo de um lado para o outro, e a música já começava a ecoar ao longe, misturada com as vozes animadas da galera...

Conforme subíamos, fomos parados por dois caras armados. O clima mudou na hora. Um deles, que tinha tatuagens nos braços e um olhar duro, me olhou de cima a baixo com desconfiança...

Poloni: Qual foi, Léo? Quem é esse? — o cara perguntou, com a mão ainda apoiada na arma na cintura.

Léo: Relaxa, mano. É meu amigo.— respondeu, sem perder a calma.

O outro cara, que parecia ser mais novo, talvez um pouco mais impulsivo, me encarou com uma risada de desdém...

Lipe: Tu é da onde, moleque? — ele perguntou, e eu tentei não parecer nervoso.

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