Capítulo 14

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• - - - - - - ☆- - - - - - • Judy • - - - - - - ☆- - - - - - •

Saímos da aula de Química praticamente juntos, eu e Jaxon, sem planejar. Nossos passos estavam sincronizados, lado a lado, e por um momento, parecia que tudo entre nós estava em silêncio, mas de uma forma confortável, não tensa como antes. Jaxon ainda parecia desajeitado, como se quisesse continuar o assunto sobre música, mas as palavras pareciam presas. Eu olhei para ele de relance, tentando entender o que estava acontecendo na mente dele, mas ele manteve o olhar fixo no corredor à nossa frente, calado.

Eu estava prestes a dizer algo para quebrar o silêncio quando Michael, o novo aluno, passou por nós e acenou para mim. Ele parecia bem-humorado e simpático. 

— Oi, Judy! —ele disse, com um sorriso fácil, antes de seguir adiante com Henry, com quem ele parecia estar se dando bem. Eu os observei conversando, notando como Caleb parecia mais à vontade com ele. 

Hanry sempre foi tão reservado, especialmente depois de tudo o que ele passou por ser quem é.

Fiquei feliz ao ver aquilo. Henry tinha sofrido tanto com o bullying, especialmente por ser gay, e mesmo eu tentando ser sua amiga, sabia que ele precisava de alguém com quem realmente pudesse se identificar, alguém que o entendesse de uma maneira mais próxima. Ver Michael ali, já trocando piadas com Henry, me deu um pouco de esperança. Talvez ele tivesse encontrado um amigo de verdade, alguém que não o magoaria com piadas idiotas. 

Jaxon olhou brevemente na direção deles também, mas não comentou nada. De algum jeito, a presença de Michael pareceu incomodá-lo, ou talvez fosse só impressão minha. Ele parecia ter voltado para o seu silêncio habitual.

Enquanto caminhávamos, as vozes ao nosso redor no corredor pareciam distantes. Eu tentava entender por que Jaxon parecia tão quieto, tão distante, mesmo depois daquela pequena conexão que tivemos na aula de química. Talvez ele fosse assim, sempre hesitante em se abrir, ou talvez algo sobre a situação o estivesse incomodando. Ou ele era bipolar, vai saber. 

Eu queria quebrar o silêncio entre nós de novo, perguntar algo, mas ao mesmo tempo, não queria pressioná-lo. Era como se houvesse uma barreira invisível que ele havia erguido, e eu não sabia se tinha permissão para ultrapassá-la.

Quando chegamos ao fim do corredor, Jaxon finalmente olhou para mim, mas sua expressão era difícil de ler. 

— Bom... até mais tarde, Judy —  ele disse, a voz baixa e um tanto hesitante. 

Eu sorri, mesmo não sabendo ao certo o que dizer. 

— Até mais, Jaxon. 

Jaxon ia para o corredor oposto, onde eu sabia que ficava seu armário, mas eu o vi dando meia volta, indo em minha direção novamente, como se estivesse desistido de alguma coisa. 

— Quer saber, hoje estou a pé... — ele passa a mão pelos cabelos escuros e graciosamente bagunçados — Posso... te acompanhar? Tipo, moramos na mesma rua, na mesma calçada, sabe...

Seus olhos são de um azul claro, quase cinza, difícil de identificar, e eles olham diretamente nos meus. 

— hmmm... Claro, eu... posso ir com você... — respondi, com a voz falhando, me deixando vermelha pela minha falta de jeito com o gesto inesperado dele. — Eu... preciso avisar à Maxie... ela sempre vai comigo, mas acho que não será problema nenhum, já que parece gostar de você. 

Jaxon me olhou, parecendo confuso.

— Certo, e Maxie é legal. — ele respondeu, parecendo arrependido. 

O Amor é feito de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora