Capítulo 32

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• - - - - - - - - - - - - • Judy • - - - - - - - - - - - - •

Quando Jaxon me deixou em casa depois do nosso passeio no lago, uma parte de mim estava flutuando de felicidade. O jeito como ele me abraçou, como falou que eu nunca mais estaria sozinha... era como se todas as minhas preocupações e medos se dissolvessem por um momento. Mas, assim que entrei em casa e a porta se fechou atrás de mim, a realidade do festival voltou com força total. Eu ainda não sabia o que fazer em relação ao violino quebrado. Pedir um emprestado à escola era uma opção, claro, mas o pensamento de tocar piano, como Jaxon sugeriu, começou a me balançar de um jeito que eu não esperava. Apesar da dor que o piano trazia pelas lembranças, havia algo ali, algo que me fazia considerar.

Ao passar pela sala, minha mãe me chamou, o que me fez parar no meio do caminho.

— Judy, você tem alguma coisa com aquele garoto, o novo vizinho? — Ela falou com aquela curiosidade disfarçada, tentando não parecer intrometida, mas falhando miseravelmente. — Ele parece ser... interessante. Mas vocês têm passado muito tempo juntos.

Eu respirei fundo, já imaginando onde isso ia dar.

— Ele é uma boa pessoa, mãe — respondi, sem me comprometer muito, porque sabia que qualquer palavra a mais seria um convite para mais perguntas.

Ela não se satisfez com a resposta.

— Só quero que você tenha cuidado, querida. Não sei se gosto muito dessa ideia de você estar tão próxima de um garoto que anda de moto. Você sabe como motos são perigosas.

Revirei os olhos internamente, mas tentei manter a calma. Era típico da minha mãe ser superprotetora, mas dessa vez parecia mais um preconceito do que preocupação genuína.

— Mãe, por favor, não seja preconceituosa. Você nem conhece o Jaxon como eu conheço — falei, um pouco mais defensiva do que planejava.

Ela pareceu tensa, como se tivesse percebido que estava entrando em um território sensível, e rapidamente mudou de assunto, provavelmente para evitar uma briga.

— Bom, você tem razão, querida. Só quero o melhor para você, sabe disso. Vamos deixar isso para lá — ela disse, mas o desconforto pairava no ar.

Eu fui para o meu quarto em silêncio, sem prolongar a conversa. Assim que me joguei na cama, minha mente foi direto para Jaxon. Fiquei pensando em como ele tem sido comigo desde que nos aproximamos. Ele era tão diferente de tudo que eu imaginava. Quando o vi pela primeira vez, achei que ele era apenas um garoto rebelde, que andava de moto, com uma postura de quem não se importava com nada. Mas, com o tempo, ele me mostrou que por trás daquela fachada havia alguém sensível, que se importava profundamente comigo. Ele esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis, sem me pressionar, sempre presente, mas respeitando meu espaço.

Me pergunto o que mudou nele. No começo, ele parecia distante, como se estivesse sempre fugindo de algo, ou talvez de alguém... Talvez até de si mesmo. Mas agora, é como se ele estivesse tentando encontrar um lugar onde se encaixe. E, de alguma forma, ele decidiu que esse lugar era ao meu lado. Isso me deixa feliz, claro. Mas também me faz pensar em como as coisas podem mudar de uma hora para outra. Será que essa mudança é permanente? Ou será que ele está só me protegendo, como sempre faz, sem saber se realmente quer se aproximar?

A verdade é que, quanto mais penso nele, mais sinto que ele se tornou uma parte essencial da minha vida. Mesmo que as dúvidas ainda existam, sei que Jaxon é importante para mim. E, de alguma forma, sinto que também sou importante para ele.

•––––––☆––––––•

Eu estava exausta. Tinha acabado de terminar as tarefas de álgebra, e meu cérebro estava meio lento de tanto forçar. Já era quase meia-noite, e eu me sentia sonolenta, mas minha mente insistia em vagar até Jaxon. Fiquei me perguntando se ele já estaria dormindo, se também pensava em mim como eu pensava nele. Levantei-me da cadeira e fui até a janela. A luz do quarto dele ainda estava acesa. Por um segundo, a lembrança de eu pulando da janela dele me fez sorrir, mesmo com o pé ainda um pouco dolorido daquele salto mal calculado.

Sem conseguir me conter, peguei o celular e enviei uma mensagem.

Você tá acordado?

A resposta veio imediatamente, o que me surpreendeu.

Tô, estava pensando em você.

Meu coração acelerou com a confissão simples, mas cheia de impacto. Fiquei ali, encarando a tela por alguns segundos, sem saber exatamente o que responder, até que escrevi:

Eu também penso muito em você.

Deitei na cama, abraçando o celular, e a conversa seguiu, fluida, como se o mundo inteiro se resumisse àquelas mensagens. Ele sempre sabia o que dizer, de um jeito que me deixava mais próxima dele a cada palavra. Ele sabia como fazer meu coração disparar como um louco no meu peito. 

De repente, ouvi um barulho suave vindo da janela. Quando olhei, quase deixei o celular cair. Era Jaxon, tentando se equilibrar enquanto se pendurava na beirada da janela. Soltei uma risada, cobrindo a boca com a mão, e corri para abrir a janela completamente.

— O que você tá fazendo? — perguntei, segurando o riso e gesticulando para ele fazer silêncio. — Meus pais estão na sala assistindo TV!

Jaxon sorriu daquele jeito despreocupado dele, enquanto eu o ajudava a entrar devagar. Ele ficou de pé, e logo me envolveu em um abraço que fez o meu coração bater mais rápido.

— Eu precisava te ver — sussurrou, com aquela voz grave que sempre me fazia estremecer.

Sorri, encostando a cabeça no peito dele. A cada batida do coração dele, parecia que o meu se ajustava no mesmo ritmo.

— Eu não sei mais como viver sem você — ele continuou, quase como se estivesse confessando um segredo profundo. — Tem ideia do efeito que causa em mim?

Aquilo me pegou de surpresa, mas ao mesmo tempo, foi exatamente o que eu precisava ouvir. Levantei o rosto para olhá-lo nos olhos e sorri suavemente.

— Você não precisa pensar nisso, Jaxon. Eu tô aqui. No mesmo lugar de sempre — murmurei, me aproximando ainda mais, como se quiséssemos fundir nossas existências naquele momento.

Ficamos assim, abraçados, sem pressa de dizer mais nada, como se só o fato de estarmos juntos fosse o suficiente.

O Amor é feito de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora