Capítulo 23

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• - - - - - - - - - - - - • Jaxon • - - - - - - - - - - - - •

Eu estava tateando os corredores para ir à minha primeira aula, quando a vi indo para a sala de teatro, o que não era exatamente uma surpresa. Judy estava evitando me encontrar, e com razão. Mas algo em mim não conseguia ficar longe, então fui atrás. Entrei silenciosamente, tomando cuidado para que ela não me percebesse, e me escondi na sombra de uma parede próxima ao palco. 

Ela se aproximou do piano, sentou no banco e passeou com os dedos pelo instumento, como se quisesse reconhecer cada detalhe. Abriu a tampa e passou os dedos levemente pelo teclado, e quando menos se espera, ela estava tocando. Era como se ela estivesse em outra dimensão, as mãos dela voando sobre as teclas com uma habilidade que me deixou impressionado. O som, a maneira como ela se conectava com o instrumento, tudo fazia sentido de uma forma que eu ainda não compreendia completamente. Eu já sabia que Judy tinha essa profundidade, mas ver isso, ao vivo, era diferente. Mexeu comigo de um jeito estranho.

Então o professor de música apareceu, e eu, quase que por instinto, me escondi melhor em uma pequena sala ao lado. Ouvi a conversa dos dois. Ela tinha se afastado do piano por algum motivo, e era evidente que aquilo a afetava profundamente. O professor falou sobre escolhas, sobre a música ser uma parte dela. E vendo Judy ali, naquele momento, não havia como negar. O piano era praticamente uma parte profunda dela, como se ela estivesse negando essa parte de si mesma ao não tocar.

Quando ela finalmente saiu, após o toque do sinal, eu soltei um suspiro que nem sabia que estava segurando. Tudo o que eu tinha visto e ouvido mexia comigo. Judy era muito mais do que eu imaginava, e isso só tornava tudo mais complicado. Se ela não quer me ver, é melhor assim. Facilitarei para ela. Eu não mereço alguém como Judy, e agora... agora eu preciso garantir que ela fique longe.

Decidi que iria manter distância, por ela. Caminhei pelos corredores depois da aula, tomando cuidado para não esbarrar nela. Se ela não queria me ver, eu também não deixaria isso acontecer. Era o jeito certo, ou pelo menos o jeito menos doloroso para ela.

Quando estava saindo do colégio, eu a vi. Judy estava discutindo com Kaz. Algo nele parecia completamente fora de controle. Ele a segurava pelo braço com força, e Judy estava tentando se soltar, e claramente assustada.

— Kaz, me solta! — Ela insistia, mas ele não ouvia, não a soltava. 

— Por que não quer ir comigo? — Ele estava fora de si, o tom de voz tão agressivo quanto o aperto no braço dela. — É por causa do novato?

Meu sangue ferveu. Sem pensar, fui até eles.

— Kaz, deixa ela em paz. — Minha voz saiu firme, mas cheia de raiva.

Kaz me olhou como se estivesse esperando uma desculpa para explodir. E então aconteceu. Antes que eu pudesse me preparar, senti o impacto do soco dele no meu rosto, me derrubando no chão. A dor foi instantânea, mas eu não ia deixar isso passar. Levantei e devolvi o soco, derrubando Kaz no processo.

Foi então que um professor apareceu, separando a confusão. Ele nos deu uma bronca, claro, mas Kaz saiu do jeito dele, irritado, me lançando um olhar que prometia mais problemas.

— Isso ainda não acabou, novato. — Ele disse, enquanto se afastava e ia para o carro.

Judy se aproximou de mim, visivelmente envergonhada e um pouco nervosa. Seus olhos preocupados me fizeram esquecer a dor no meu rosto por um momento.

— Você está bem? — Ela perguntou, a voz dela suave, mas carregada de preocupação.

— Estou. E você? — Meu tom saiu mais preocupado do que eu planejava.

O Amor é feito de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora