Capítulo 18

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• - - - - - - - - - - - - • Judy • - - - - - - - - - - - - •


Deitada na cama, olhando para o teto, eu revivia cada detalhe do que aconteceu no lago comJaxon. O jeito que ele me olhou, o toque suave, o beijo que parecia ser o começo de algo... mas que terminou de forma tão confusa. Por que ele se afastou daquele jeito? O que ele estava pensando? Meu peito estava apertado, como se algo tivesse ficado inacabado.

De repente, ouvi um barulho na janela, e lá estava Maxie, entrando do mesmo jeito de sempre, com aquele sorriso curioso e pronta para arrancar respostas.

— Ei, como foi? — ela perguntou, animada, pulando no meu tapete como se fosse uma criança cheia de expectativas. Mas seu sorriso desapareceu quando viu minha expressão. — Judy... o que aconteceu?

Suspirei, me sentindo ainda mais confusa. Como eu ia explicar aquilo para Maxie, se nem eu conseguia entender? Mesmo assim, contei a ela o que aconteceu no lago: como nos beijamos e, logo depois, Jaxon se afastou, quase como se estivesse arrependido.

Maxie ficou boquiaberta por um segundo, claramente tentando processar tudo.

— Espera... ele beijou você e depois saiu dizendo que tinha que ir embora porque estava ficando tarde? — Ela parecia não acreditar. — Mas... por quê?

Eu balancei a cabeça, completamente perdida.

— Eu não sei, Max. Sério. Uma hora estávamos nos beijando e tudo parecia certo, e na outra, ele estava distante, quase... desconfortável. Não sei o que fiz de errado.

Maxie me olhou, franzindo a testa, claramente confusa e também preocupada.

— Isso não faz sentido, Judy. Quero dizer, ele parecia estar tão afim de você. E agora, age como se... sei lá. — Ela se jogou ao meu lado na cama, tentando encontrar alguma lógica na situação. — Você acha que tem a ver com algo que aconteceu com ele antes?

Fiquei em silêncio por um momento, pensando nisso. Talvez fosse exatamente isso. Ele havia mencionado, de forma vaga, que tinha passado por coisas que o faziam querer manter distância das pessoas. Mas não era justo ele me arrastar para essa confusão sem me explicar o que estava acontecendo.

— Eu... acho que posso estar me apaixonando por ele — confessei baixinho, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha ao admitir isso, até para Maxie. — E isso me assusta, porque eu nunca me apaixonei por ninguém antes. Nunca senti isso... essa confusão toda.

Maxie se virou para mim, surpresa, mas logo seu rosto suavizou, mostrando compreensão.

— Judy... não tem nada de errado em se apaixonar. Também não tem nada de errado em ter medo. — Ela fez uma pausa, me estudando com cuidado. — Mas você não pode se culpar pelo jeito que ele agiu no lago. Se ele tem problemas, ele precisa resolver isso. Nada disso é sua culpa.

Eu suspirei de novo, me sentindo um pouco mais leve com as palavras dela, mas ainda envergonhada.

— Eu nem sei como deixar isso pra lá, Maxie. Não sei... se deveria ter deixado aquilo acontecer no lago. Talvez tenha sido um erro, e agora tudo vai ficar estranho entre nós.

Ela se sentou, cruzando as pernas na cama e me encarando com seriedade.

— Olha, não importa o que aconteceu lá, você não pode deixar isso te definir. Jaxon é complicado, mas o jeito que ele te trata, o que ele disse... eu acho que ele está lutando contra algo, e isso não tem nada a ver com você. Se ele se afastou, é por causa dele, não porque você fez algo errado.

Eu sabia que Maxie tinha razão, mas ainda era difícil não me culpar. Aquele momento no lago foi especial para mim, e agora... tudo estava confuso.

— Eu só não quero que isso me machuque, sabe? — admiti. — Não sei como lidar com isso.

Maxie colocou a mão no meu ombro, sorrindo.

— Ei, você é a garota mais forte que eu conheço. Não vai ser fácil, mas você vai descobrir o que fazer, no seu tempo. E o Jaxon? Se ele realmente gosta de você, ele vai perceber que não pode continuar fugindo.

Eu a abracei, me sentindo grata por ela estar ali. Mesmo com todas as dúvidas e o medo que senti, suas palavras me deram um pouco de esperança. Talvez eu devesse dar um passo para trás e deixar Jaxon lidar com o que quer que fosse que o estivesse segurando.

Mas uma coisa era certa: algo tinha mudado, e não havia como voltar atrás.

Depois que Maxie saiu, fiquei sentada por um tempo, as palavras dela ecoando na minha cabeça. Eu precisava fazer alguma coisa para aliviar a confusão que sentia, então peguei o violino, como sempre faço quando estou sobrecarregada. Tocar música é minha fuga, o lugar onde meus pensamentos podem fluir sem me sufocar.

Comecei com uma melodia suave, mas, no meio da música, me perdi em meus próprios pensamentos. Jaxon. O beijo no lago. A confusão no olhar dele. O jeito que ele se afastou tão rápido. Cada nota que eu tocava se misturava com a inquietação dentro de mim, até que não aguentei mais. Parei, baixando o arco do violino, e suspirei profundamente.

Fui até a janela. Talvez o ar fresco pudesse clarear minha mente. Olhei para a casa ao lado, para a janela de Jaxon. A luz estava acesa. Ele estava lá, provavelmente também pensando em tudo que aconteceu. A minha vontade de ir até lá e perguntar o que estava acontecendo, entender o que ele estava sentindo, era enorme. Mas algo me segurava. Uma vergonha, uma insegurança. Como eu iria encará-lo agora, depois de tudo? Será que ele estava tão confuso quanto eu? Ou será que já havia decidido se afastar de vez?

Quando estava prestes a sair da janela, vi a figura de Jaxon surgir na janela. Ele estava sem camisa, exatamente como no lago. Meu coração deu um salto, e uma onda de calor subiu pelo meu corpo. A lembrança de como ele parecia à luz suave do pôr do sol, com a água escorrendo pelo seu corpo... Meus sentidos se acenderam, e eu me senti tão estranha, como se não me reconhecesse mais.

Fiquei paralisada, observando-o por alguns segundos, meu coração batendo descompassado. E foi nesse momento que percebi: eu não conseguia mais ignorar o que estava sentindo. Toda essa situação me pegou de surpresa, e agora eu estava aqui, dividida entre o medo de me machucar e o desejo de estar perto dele.

Antes que ele pudesse me ver olhando, me afastei da janela, sentindo meu rosto queimar. Me joguei na cama, tentando afastar as imagens dele da minha mente, mas era impossível. Como eu iria encará-lo amanhã no colégio, depois de tudo isso? Como eu poderia fingir que estava tudo bem quando nada parecia estar no lugar?

O Amor é feito de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora