O Amor é feito de Estrelas

Capítulo 41

• - - - - - - ☆- - - - - - • Jaxon • - - - - - - ☆- - - - - - •

Eu não conseguia parar de pensar em Judy e Kaz juntos na entrada do colégio. Tentei ser indiferente, caminhar como se nada tivesse me afetado, mas a verdade é que ver os dois juntos mexeu comigo de um jeito que eu não esperava. O ciúme me atingiu como um soco no rosto, e isso era novo pra mim. Nunca senti ciúmes assim antes, nem quando estava com Blair. Ela sempre teve caras ao redor dela, flertando como se eu nem existisse, e eu nunca liguei muito. Isso só me faz pensar que eu talvez nunca tenha gostado tanto assim de Blair como achei que gostava.

Quando cheguei na sala, Jeremy me chamou. Ele tinha esse jeito tranquilo, sempre me observando como se tentasse entender o que se passava pela minha cabeça, mesmo quando eu estava quieto. Ele comentou sobre um jogo de basquete na cidade vizinha, sugerindo que eu fosse assistir.

— Não piso numa quadra de novo — respondi quase automaticamente, a voz mais firme que pude. 

Jeremy riu, como se já esperasse essa resposta.

— Você já me disse isso, mas achei que talvez tivesse mudado de ideia — ele disse, dando de ombros.

Eu olhei pra ele por um segundo, tentando entender se ele realmente estava me chamando só pra assistir ou se tinha alguma outra intenção por trás. Perguntei, meio desconfiado:

— Tá tentando me convencer a jogar de novo?

— Nah, não sou desses. Só tô te dando opções, cara — ele respondeu com aquela tranquilidade que sempre tinha, mas eu não estava tão convencido.

Eu hesitei por um momento, e antes de me dar conta, soltei:

— Talvez eu volte pro hóquei.

Jeremy parou e me olhou, visivelmente surpreso. Ele sabia que eu tinha parado de jogar por causa de algo que aconteceu na minha vida, e acho que ele não esperava que eu dissesse isso assim, do nada.

— Sério? — ele perguntou, com uma expressão mais curiosa. — Se é isso que você quer, eu te apoio, sabe disso.

Eu só assenti, e seguimos para a aula. A verdade é que o hóquei tinha sido uma grande parte da minha vida, uma parte que eu meio que abandonei quando as coisas começaram a dar errado. Mas agora, com tudo aparentemente mais calmo, comecei a pensar se talvez fosse o momento de voltar. Pelo menos isso me daria algo pra focar, uma forma de deixar meus pensamentos longe de Judy e de tudo o que aconteceu entre nós.

Mas claro, havia o outro lado disso — Blair. Eu só esperava que ela não aparecesse de novo pra bagunçar ainda mais a minha vida.

Depois da aula, enquanto caminhava em direção à moto, meus pensamentos ainda giravam em torno de tudo — Judy, o hóquei, a bagunça que a minha vida se tornou desde a chegada de Blair. Quando liguei a moto, pronto para voltar para casa e tentar desligar a mente, algo me chamou a atenção. Lá estava ela. Judy caminhava devagar, parecendo perdida em seus próprios pensamentos, e por um segundo, eu hesitei. Eu olhei ao redor, meio que esperando ver Kaz por perto, como se ele fosse aparecer a qualquer momento, mas ele não estava ali. Era só ela.

Tomei coragem e parei ao lado dela, tentando não parecer tão nervoso quanto eu estava.

— Quer uma carona? — perguntei, tentando soar casual.

Ela me olhou, forçando um sorriso que não chegava a seus olhos. Era surreal como a gente tinha se tornado dois estranhos depois de tudo o que aconteceu, depois de toda a conexão que tivemos. Ela parecia desconfortável, e isso me atingiu de um jeito que eu não previra. 

— Acho que vou caminhar um pouco. Preciso pensar em algumas coisas — disse ela, com a voz suave, mas distante.

Eu assenti, tentando não parecer desapontado.

— Desculpa por atrapalhar — murmurei, sentindo que aquele era o meu sinal para sair de cena.

Eu estava prestes a me afastar, quando, de repente, ela disse:

— Eu recebi uma carta da Julliard. Vou fazer uma audição em breve.

Isso me pegou de surpresa. Não porque eu não achasse que ela conseguiria — eu sabia que ela era talentosa o suficiente —, mas porque ela escolheu me contar. Depois de tanto silêncio entre nós, aquilo parecia... importante.

— Isso é incrível, Judy! Sabia que você ia conseguir. Você é muito talentosa. Vai chegar bem mais longe do que imagina — eu disse, e era sincero. Ela era brilhante, e todo mundo ao redor dela sabia disso.

— Obrigada, Jaxon. — Ela sorriu um pouco, dessa vez com um toque de sinceridade, mas logo seus olhos voltaram a um tom mais sério. — Eu... sinto muito por tudo o que aconteceu entre nós.

O pedido de desculpas dela me pegou de surpresa, mas ao mesmo tempo me fez perceber que as coisas não tinham terminado, pelo menos não de verdade. Eu sabia que precisava dizer algo, dar as explicações que ela merecia, e não deixá-la achando que tudo o que tínhamos compartilhado não tinha significado.

— Judy, eu devo uma explicação a você. Sobre tudo. E... vou te dar essa explicação, se você quiser me ouvir — eu disse, tentando soar calmo, embora por dentro eu estivesse apavorado. 

Ela me olhou por um segundo, como se estivesse considerando as palavras.

— Podemos conversar mais tarde, no lago? — sugeriu ela. — Acho que precisamos esclarecer tudo.

— Claro. Obrigado pela oportunidade — respondi, agradecido e um pouco aliviado, mas ao mesmo tempo preocupado com o que ela queria realmente ouvir de mim.

Ela assentiu, mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, completou:

— Seja o que for, Jaxon, eu só... precisei desse tempo. Precisava pensar.

Eu não sabia o que dizer de imediato, então só balancei a cabeça em compreensão. Parecia que ainda havia tanto por dizermos um ao outro, tanto que tinha ficado no ar, sem resolução.

— Bom... ainda não quer uma carona? — perguntei novamente, sem muita esperança.

Ela recusou com um sorriso leve.

— Não, obrigada. Quero caminhar um pouco, ficar sozinha por enquanto.

Aquele era meu sinal definitivo para sair dali, então apenas assenti.

— Nos vemos mais tarde, então — falei antes de me afastar, me sentindo um pouco mais leve por saber que teríamos essa conversa. Talvez, finalmente, eu pudesse dar a ela todas as respostas que ela precisava.